Planejamento Estratégico como Diferencial Competitivo - o caso da
Empresa Liga Leve
Rafael Cezar Souza Reis e Saulo Ribeiro dos Santos
05/12/2008
RESUMO
A sobrevivência em um mundo de grande competição tem se consolidado
como o desafio das empresas da atualidade. As inovações e rupturas
presentes no ambiente apontam para um novo perfil de organizações,
que valorizem o conhecimento e a visão de futuro. Este estudo visa
contribuir para a discussão do assunto e tem como objetivo analisar
o desenvolvimento da empresa metalúrgica Mesquita Ind. Com. e
Serviços Ltda. (Liga Leve) como fornecedora de grandes empresas do
Maranhão como Alumar e Vale, e sua atitude quanto ao futuro,
verificando seu horizonte estratégico. A pesquisa é exploratória,
qualitativa e faz um estudo de caso no desenvolvimento da empresa.
Os resultados revelaram evidências de uma postura que varia de
reativa a proativa, onde prevalece uma visão de curto prazo que
parece balizar as ações da empresa. Conclui-se que um planejamento
estratégico adequado faz a diferença entre as empresas que dominam o
mercado, a partir de um crescimento sólido e planejado de forma que
elas possam atingir seus objetivos e metas e serem cada vez mais
competitivas.
Palavras-chave: Planejamento. Estratégia. Liga Leve
1 INTRODUÇÃO
O cenário empresarial se caracteriza como competitivo e instável,
visto que as empresas se mostram voltadas ao atendimento e à
satisfação das necessidades dos clientes. E estes, devido ao
conhecimento crescente estão, a cada momento, mais exigentes,
conhecedores de suas necessidades e desejos reais. Portanto, o
planejamento estratégico se apresenta como importante ferramenta
para que a empresa entenda melhor os seus clientes. Pois, os mesmos,
se tornou o foco de atenção da alta administração das empresas, por
estar voltado as medidas positivas que uma empresa poderá tomar no
enfrentamento de ameaças, tornando-se capaz de aproveitar as
oportunidades encontradas em seu ambiente. Empresas de todos os
tipos estão chegando à conclusão de que essa atenção sistemática à
estratégia é uma atividade muito proveitosa.
As razões dessa atenção crescente à estratégia empresarial são
muitas, algumas mais evidentes que outras e, dentre as causas mais
importantes do crescimento recente do planejamento estratégico,
pode-se citar que os ambientes de praticamente quase todas as
empresas mudam com surpreendente rapidez. Essas mudanças ocorrem
principalmente, nos ambientes: econômico, social, tecnológico e
político. É necessário, portanto, que ajustes sejam realizados com
inteligência.
Compreendendo a relevância que o planejamento estratégico possui
para as organizações, objetiva-se neste trabalho analisar a
importância do planejamento estratégico como ferramenta para a
competitividade da empresa Liga Leve, situada no Distrito Industrial
da cidade de São Luís (Maranhão).
A metodologia utilizada neste trabalho caracteriza-se por pesquisa
descritiva e explicativa quanto aos fins e; quanto aos meios,
pesquisa documental e bibliográfica, realizando-se também um estudo
de caso.
Espera-se que a pesquisa evidencie não só para a Empresa Liga Leve,
mas também para várias organizações a necessidade do planejamento
estratégico. Pois, compreende-se que esta ferramenta é fundamental
para o alcance dos objetivos pretendidos e para o crescimento da
organização num todo.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Conceitos de planejamento estratégico
O planejamento estratégico surgiu da necessidade militar de melhorar
as táticas de guerra, assim sendo, as organizações o adaptaram para
uso no dia-a-dia das organizações, a fim de buscar capacidade para
responder às constantes mudanças do mercado, proporcionando assim,
maior desenvolvimento do ambiente onde atuam.
O planejamento estratégico faz com que as organizações encurtem o
caminho para a efetividade organizacional, buscando melhor
desempenho e atitude, aspectos essenciais ao sucesso empresarial.
Complementantando, Croco et al (2006, p. 12) afirmam que “[...] a
necessidade de existir um planejamento está em fornecer rumo,
consistência e convergência às atividades rotineiras, bem como em
manter homogêneas as competências necessárias ao bom desempenho da
organização”.
Na composição de um planejamento estratégico, deve-se trabalhar por
partes, iniciando com o diagnóstico estratégico, que basicamente
consiste em determinar como a empresa está, e que, segundo Oliveira
(2004, p. 69) “[...] esta fase é realizada através de pessoas
representativas das várias informações, que analisam e verificam
todos os aspectos inerentes à realidade externa e interna da
empresa”.
Uma dessas etapas consiste em identificar a visão da empresa onde os
desejos e expectativas da alta administração são consideradas, pois
proporcionam as linhas que devem ser seguidas pela empresa (KOTLER,
2005). O planejamento estratégico pode ser conceituado como um
método de ordenação de atividades, com vistas a alcançar os
objetivos propostos e, portanto, atingir um futuro desejado.
Planejamento, pois, é um processo maior, mais abrangente, porque
planejar significa estabelecer um conjunto de providências que as
empresas devem tomar, devido ao fato de que, em um cenário altamente
globalizado, o futuro da organização está totalmente comprometido,
sendo imprescindível um planejamento para que se possa identificar e
agir contra variáveis indesejadas, no momento imediato em que elas
se tornarem ameaças.
Acrescentando, Oliveira (2004, p. 35) compreende que “[...]
planejamento é um processo desenvolvido para alcance de uma situação
desejada de um modo mais eficiente, eficaz e efetivo, com a maior
concentração de esforços e recursos pela empresa”.
Diante do exposto, entende-se que o planejamento deve ser totalmente
integrado com todos os departamentos da empresa em busca de coesão,
controle e interatividade entre todos os departamentos para que seja
eficiente, eficaz e efetivo.
O planejamento tem que ser um processo contínuo exercido pela
empresa, pois o mercado está oscilante, as mudanças ocorrem
rapidamente e as organizações devem estar totalmente ligadas neste
cenário altamente instável. Ou seja, o processo de planejar envolve
um modo de pensar, devendo toda essa atividade na empresa, levar em
consideração, o impacto que a organização terá no futuro, o que
proporcionará ganhos ou perdas, caso o planejamento seja mal
elaborado.
2.2 Tipos de planejamento
De acordo com Kotler e Keller (2006) há três tipos de planejamento
que em conjunto formam um todo dentro da empresa, assim satisfazendo
todos os interessados (stalkholders), conforme quadros 1, 2 e 3.
Diferença entre Planejamento estratégico e Planejamento Tático |
||
Discriminação |
Planejamento estratégico |
Planejamento Tático |
Prazo |
Mais longo |
Mais curto |
Amplitude |
Mais ampla |
Mais restrita |
Risco |
Maiores |
Menores |
Atividades |
Fins e meios |
Meios |
Flexibilidade |
menor |
Maior |
Quadro 1 – Diferença entre Planejamento estratégico e
Planejamento Tático
Fonte: Kotler e Keller (2006)
Diferença entre Planejamento Tático e Planejamento Operacional |
||
Discriminação |
Planejamento Tático |
Planejamento Operacional |
Prazo |
Mais longo |
Mais curto |
Amplitude |
Mais ampla |
Mais restrita |
Risco |
Maiores |
Menores |
Atividades |
Meios |
Meios |
Flexibilidade |
Menor |
Maior |
Quadro 2 – Diferença entre Planejamento Tático e Planejamento
Operacional
Fonte: Kotler e Keller (2006)
A partir desses quadros, identifica-se que o planejamento
estratégico, em relação ao planejamento tático e operacional é menos
flexível, pois direciona ações e estratégias que afetam a empresa
como um todo. Já o planejamento tático e operacional afeta somente
parte da empresa. Isto não quer dizer que um seja mais importante
que o outro dentro da organização, onde todos terão a mesma
importância, se trabalhados em conjunto, alcançando mesma sintonia e
mesmo objetivo.
Entende-se então, que o Planejamento estratégico é o processo capaz
de estabelecer a melhor direção que a empresa deve seguir, com total
interação com o ambiente para atuar de forma inovadora e
diferenciada.
O planejamento tático tem por objetivo atingir determinada área da
empresa; e não, a organização como um todo, pois trabalha com as
decomposições dos objetivos e estratégias estabelecidas pelo
Planejamento estratégico.
O planejamento operacional se encontra relacionado com a parte
documental escrita, com o desenvolvimento e a implantação
estabelecidos. Somente assim, estes ajudarão no processo de
elaboração do Planejamento estratégico.
2.3 Processo de elaboração do planejamento estratégico
O fator mais importante na elaboração do planejamento estratégico
não é, propriamente, a escolha de um modelo formalmente estruturado.
O mais importante é que haja aceitação e credibilidade na sua
elaboração, que ele conte com o apoio de todas as lideranças da
empresa, enquanto mecanismo capaz de nortear as suas ações durante
os próximos anos. De acordo com Certo et al (2005, p. 8),
“planejamento estratégico é um processo ou uma série de etapas.”
Assim, as questões de método, concepção e organização do plano devem
ser adequadas à realidade da empresa, tanto no sentido de respeitar
e incorporar processos de decisão e formas de estruturação já
existentes quanto de atuar sobre estes mesmos pontos.
O intenso aumento do nível da concorrência entre as empresas,
provocado, principalmente, pela globalização e pela forte evolução
tecnológica e, o crescimento das exigências dos consumidores têm
levado as empresas a implementar o planejamento estratégico.
Moldar todas as decisões e ações da empresa em um mesmo padrão
coerente é o maior desafio da implementação da estratégia, essa
responsabilidade não se restringe somente aos executivos da
organização, porque todas as principais unidades organizacionais têm
um papel de apoio na elaboração do planejamento estratégico. O
processo de elaboração deste deve ser desenvolvido de forma
interativa e participativa, envolvendo os participantes desde a
identificação do problema. Para Oliveira (2004) há duas maneiras de
desenvolver um Planejamento estratégico nas empresas:
a) primeiramente, define-se “aonde se quer chegar”, e;
b) como a empresa está para chegar na situação desejada.
Cada uma dessas possibilidades tem sua vantagem. Na primeira, há uma
maior possibilidade de criatividade no processo. Já a segunda
apresenta uma grande oportunidade, a capacidade de conscientizar o
executivo com relação à certeza de suas tomadas de decisão.
Umas das características fundamentais, que marca o processo de
planejamento estratégico é a maior ênfase aplicada aos aspectos
estratégicos em detrimento de questões formais. Desta forma, deve-se
preocupar menos com a decomposição de políticas e objetivos em
burocráticos planos operacionais, que por sua vez se decompõem em
arranjados orçamentos. O enfoque deve ser maior com a preocupação de
quais movimentos estratégicos devem ser tomados, de forma a alcançar
os objetivos desejados e, como obter vantagens comparativas em
relação à concorrência.
O papel central do planejamento estratégico é satisfazer todos os
interessados no processo na organização (stakeholders), que são os
clientes, acionistas, colaboradores e fornecedores. Todas as
empresas, atualmente, dizem-se voltadas em foco total para o
cliente, encontrando-se, cada vez mais, em fase de aperfeiçoamento
para que possam atender, de forma eficiente, às freqüentes
transformações das necessidades de sua clientela.
De um modo geral, após avaliar os ensinamentos dos doutrinadores na
área de planejamento, torna-se possível distinguir quatro etapas
principais: a) diagnóstico estratégico; b) diretrizes estratégicas;
c) implementação estratégica; d) controle estratégico.
2.4 Diagnóstico estratégico
O diagnóstico estratégico ou análise da situação estratégica é o
primeiro passo do processo de planejamento. Através dele,
determina-se como a empresa está administrativamente. Também é
através dele, que a organização se abastecerá das informações que
definirão o seu direcionamento estratégico, necessidade de se
antecipar às mudanças e ate de se preparar para agir em seus
ambientes internos e externos, ou seja “[...] é o ponto de partida
para a elaboração do plano estratégico de uma organização”.
(MAXIMIANO, 2000, p. 204).
Na análise interna, verificam-se os pontos fortes e fracos da
organização. Na análise externa, realiza-se a análise de
oportunidades e ameaças no ambiente da organização, além de
verificar as melhores maneiras de evitar ou usufruir dessas
situações. O aspecto mais importante do diagnóstico estratégico é
que as sugestões devem ser tratadas, de tal forma, que prevaleçam as
idéias da organização; e não, as individuais.
2.4.1 Análise interna: forças e fraquezas
Os objetivos definidos pela organização apresentam-se em
conformidade com a sua real situação.
Para enfatizar este quesito, Oliveira (2004, p. 64) menciona que o
ponto forte “[...] é a diferenciação conseguida pela empresa –
variável controlável – que lhe proporciona uma vantagem operacional
no ambiente empresarial”. Além disso, as forças ou pontos fortes de
uma organização são as vantagens positivas que esta apresenta. As
competências controláveis que melhor serão utilizadas na guerra com
os concorrentes, ou ainda, é o que de melhor a empresa pode oferecer
ao mercado.
Já os pontos fracos são definidos por Oliveira (2004, p. 64) como
“[...] uma situação inadequada da empresa – variável controlável –
que lhe proporciona uma desvantagem operacional no ambiente
empresarial”. Reafirmando sua posição, ele define o ponto fraco como
“[...] as variáveis internas e controláveis que provocam uma
situação desfavorável para a empresa, em relação ao seu
ambiente”(OLIVEIRA, 2004, p. 89).
Entende-se então, que as fraquezas de uma organização são as
desvantagens negativas que esta apresenta, constituindo-se em falhas
controláveis que podem gerar uma situação desfavorável para a
empresa, criando sérios problemas.
2.4.2 Análise externa: oportunidades e ameaças
Em Oliveira (2004, p. 64) encontra-se definição para oportunidade
como sendo “[...] a força ambiental incontrolável pela empresa, que
pode favorecer sua ação estratégica, desde que conhecida e
aproveitada, satisfatoriamente, enquanto perdura”. Maximiano (2000)
não conceitua oportunidades, contudo ressalva a importância de seu
entendimento para o sucesso do planejamento estratégico, quando
afirma que compreender o ambiente, suas necessidades, desafios e
oportunidades é uma habilidade para quem administra organizações.
Nesse contexto, as empresas devem procurar aproveitar as
oportunidades, bem como procurar amortecer ou absorver as ameaças
ou, simplesmente, adaptar-se a elas.
Entende-se por ameaças os fatores externos que não podem sofrer
influência direta da empresa, mas que criam cenários desfavoráveis
para a mesma. Então, as empresas devem prever ameaças para tentar
neutralizá-las, de um modo que não prejudiquem os objetivos da
organização.
2.5 Diretrizes estratégicas
A segunda etapa do processo de formulação do planejamento
estratégico é o estabelecimento das diretrizes estratégicas, que
são:
1. Visão: no entendimento de Senge (2003, p. 235), a visão
estabelece uma meta abrangente, segundo ele “[...] com uma visão
compartilhada, estamos mais propensos a expor nossas idéias,
desistir de posições extremamente arraigadas e reconhecer
dificuldades pessoais e organizacionais”. Assim, a visão indica o
caminho a seguir, a direção para a qual o negócio está se dirigindo,
para que todos os que vão implementá-la saibam para onde estão indo;
2. Missão: é a razão de ser da empresa. Oliveira (2007, p. 50)
entende que “[...] a missão é a determinação do motivo central da
existência da empresa, ou seja, a determinação de quem a empresa
atende”. Missão é a diretriz de ordem superior que permite o alcance
de Visão de futuro, caracterizando o compromisso do nível
estratégico da organização com a qualidade almejada;
3. Objetivos: segundo Tachizawa e Resende (2000), os objetivos
organizacionais podem ser definidos como alvo ou situação que a
organização deve atingir, determinando para onde deve dirigir seus
esforços, traduzindo de forma mais concreta o foco de sua atuação.
Então, os objetivos organizacionais são os alvos que se pretende
alcançar, de acordo com prazo previamente definido. Quando o
objetivo é geral atinge toda a organização, quando é especifico o
interesse será de um determinado setor (recursos humanos, serviços
gerais, marketing, financeiro, vendas, etc.);
4. Estratégias: entende-se estratégias como o processo utilizado
para o estabelecimento de objetivos alinhados com as políticas,
metas e princípios, bem como, com os fatores de relevância ao
meio-ambiente organizacional, levando-se em conta o meio externo.
Baseado neste contexto, “[...] o conceito de estratégia nasceu da
necessidade de realizar objetivos em situações complexas”
(MAXIMIANO, 2000, p. 203), pois nas situações mais difíceis, uma boa
estratégia se constitui fator de vital importância para a superação
dos momentos complexos.
2.6 Implementação estratégica
A implementação é o processo que transforma as estratégias e os
planos em ações, para que os objetivos estratégicos sejam atingidos.
As ações ou estratégias que as organizações implementam devem ser
direcionadas à construção de pontos fortes em áreas que satisfaçam
às necessidades e aos desejos dos consumidores. Portanto:
O planejamento estratégico exige ações em três áreas-chaves. A
primeira consiste em gerenciar os negócios da empresa como uma
carteira de investimentos. A segunda área-chave envolve a avaliação
dos pontos fortes de cada negócio, considerando a taxa de
crescimento do mercado e a posição da empresa nesse mercado. A
terceira área-chave implica o estabelecimento de uma estratégia para
cada negócio, como uma tática para atingir os objetivos a longo
prazo (KOTLER, 2005, p. 68).
As empresas podem obter vantagem sobre seus concorrentes, através de
uma implementação eficaz. A implementação bem sucedida depende de
vários elementos chaves. Como primeiro elemento tem-se, um programa
de ação que reúna todas as pessoas e atividades. Esse programa de
ação mostra o que deve ser feito, quem o fará e como as ações e
decisões serão coordenadas para que a empresa atinja seus objetivos,
segundo a estrutura organizacional formal da empresa, que desempenha
um papel importante na implementação da estratégia.
2.7 Controle estratégico
O controle estratégico tem a finalidade de realimentar os tomadores
de decisões, de forma que possam corrigir ou reforçar o desempenho
ou mesmo interferir em funções dos processos administrativos,
assegurando assim que os resultados satisfaçam às metas, aos
desafios e aos objetivos estabelecidos. Oliveira (2001) afirma que o
controle pode ser definido como uma função do processo
administrativo que, mediante a comparação com padrões previamente
estabelecidos, procura medir e avaliar o desempenho e o resultado
das ações, oferecendo aos executivos, a melhor forma de padrões para
que o processo obtenha as finalidades desejadas.
3 METODOLOGIA
O tipo de pesquisa adotado é bibliográfica e empírica. De acordo com
Vergara (2004), quanto aos fins é descritiva e explicativa. O
universo da pesquisa foi a Empresa Liga Leve e a amostra,
realizou-se entrevista com a Gerente da Empresa Liga Leve. A coleta
de dados foi obtida com a aplicação de entrevista estruturada com
perguntas abertas, destinada à Gerente da Empresa participante da
amostra. A mesma foi aplicada durante as visitas realizadas na
empresa durante o mês de Outubro de 2007, sendo também consultados
livros, revistas especializadas, dissertações e sites, contemplando
a dimensão teórica sobre o tema. A documentação analisada foi
constituída por documentos internos da Empresa Liga Leve.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS DA EMPRESA LIGA LEVE
4.1 Caracterização da empresa
A Liga Leve, Empresa de sociedade de cotas de responsabilidade
limitada, cuja razão social é Mesquita Indústria Comércio e Serviços
Ltda., atua no mercado de prestação de serviços de metalurgia,
utilizando processos especiais de corte e soldagem em aços e metais
não ferrosos, conforme a solicitação do cliente.
Funcionando desde 1996, em instalação própria, localizada na Vila
Nova República, Bairro Maracanã, em São Luís (MA), a Liga Leve
iniciou suas atividades produzindo peças em alumínio para aplicação
em montagem de bicicletas, como guidões, canotes, aros e suportes
para garfos.
Em 1998, aproveitando uma oportunidade para a fabricação de peças
usinadas para reposição de estoques no setor de manutenção do
departamento de Eletrodos do Consórcio de Alumínio do Maranhão
(ALUMAR), a empresa adquiriu os equipamentos necessários, passando a
trabalhar também com usinagem.
A Liga Leve foi cadastrada, em 1999, como fornecedora qualificada
autorizada a fornecer para toda a ALUMAR. Sendo recertificada nos
anos de 2000 e 2002, sendo que nessa época a empresa passou, também,
a prestar serviços de caldeiraria em aço.
Atualmente, a empresa conta com 40 funcionários e o processo
produtivo trabalha com dois setores distintos (caldeiraria e
usinagem):
Seus principais clientes são: ALUMAR; VALE; Cem; ROF; Montisol; WO
Anticorrosão; Eletronorte; Plamonte etc. E seus principais
concorrentes são: São Marcos, H & B, Vetor, Designer, EP Engenharia,
Santa Clara Engenharia etc.
ALUMAR e VALE passaram a utilizar a certificação do PROCEM como
garantia de qualidade de seus fornecedores, e assim, a Liga Leve foi
certificada pelo PROCEM IV em 2007, dando-se o processo de
certificação ao longo de 2006.
4.2 Diagnóstico estratégico
Ao analisar o ambiente interno da Empresa Liga Leve foram
identificadas as seguintes forças: a) empresa qualificada como
fornecedora da ALUMAR e VALE; b) especialidade em soldagens
especiais de metais não ferrosos; c) equipamentos modernos e
atualizados na área de soldagem; d) comprometimento com prazo de
entrega e qualidade no atendimento.
Também foram identificadas as seguintes fraquezas: a) deficiência na
qualificação de pessoal; b) o maquinário é eficiente, porém não é
eficaz na área de usinagem; c) inexistência de sistema
administrativo informatizado integrado; d) localização da sede da
empresa em área residencial; e) capacidade de produção da área da
caldeiraria é ineficiente; f) deficiência no sistema de transporte
para entrega de material; g) deficiência dos recursos humanos no
desenvolvimento de pessoal; h) inexistência de programa de controle
de manutenção de equipamentos e ferramentas.
Ao analisar o ambiente externo foram encontradas as seguintes
oportunidades: a) o mercado necessita de serviços especializados em
soldas especiais de metais não ferrosos (em alumino, aço inox etc.);
b) o processo de expansão do parque fabril das empresas-clientes da
região; c)bmercado carente de empresa para fabricação de peças de
equipamentos esportivos (windcar, quadros de bicicleta, mastros de
embarcações etc.).
Foram identificadas as seguintes ameaças: a) deficiência na
qualidade da assistência técnica dos equipamentos de soldagem; b)
negócios restritos a dois clientes principais; c) entrada de novas
empresas concorrentes no mesmo ramo; d)nfalta de capacidade externa
para calibração de instrumentos de medição; e) falta de capacidade
para a formação de profissionais na área de soldagem, no Município
de São Luís.
4.3 Diretrizes estratégicas
A visão da Empresa Liga Leve é “ser até 31 de dezembro de 2009, a
melhor empresa no estado do Maranhão em serviços de caldeiraria,
soldagens especiais em metais não ferrosos e fabricação de peças
usinadas de precisão (EMPRESA LIGA LEVE, 2005)”.
Em relação à missão, considera-se “oferecer ao mercado maranhense
soluções em serviços de caldeiraria, soldagens especiais em metais
não ferrosos e fabricação de peças usinadas, primando pela
qualidade, ética, segurança e meio ambiente, responsabilidade
sócio-ambiental, respeito aos clientes e o compromisso entre os
empregados e a empresa (EMPRESA LIGA LEVE, 2005)”.
Já os objetivos são: a) objetivo 1 – ser empresa certificada pelo
PROCEM IV; b) objetivo 2 – modernizar o Sistema de Administração; c)
objetivo 3 - atender às necessidades dos clientes; d) objetivo 4 -
desenvolver programa de prevenção de acidentes ambientais; e)
objetivo 5 - otimizar a produtividade do setor da usinagem; f)
objetivo 6 - aumentar a capacidade de produção da caldeiraria; g)
objetivo 7 - ser empresa certificada ISO 9001.
4.5 Controle estratégico
O controle da Liga Leve é feito através do acompanhamento das ações
planejadas, com reuniões semanais de análise de processo e
bimestrais de análise critica, onde são realizadas atualizações dos
follow-ups de pendência.
4.6 Análise dos resultados
Na entrevista realizada na Empresa Liga Leve, com a Gerente da Liga
Leve, no dia 26 de outubro de 2007, foram identificados as vantagens
do planejamento estratégico e as suas limitações, logo,
estabelecendo seus objetivos e conhecendo suas potencialidades para
definir estratégias de economia dos recursos e redução de
desperdícios.
O primeiro momento da entrevista buscou identificar, se houve
aumento da produtividade após a implementação do planejamento
estratégico, além de verificar com a análise, que a empresa ainda
não definiu critérios para mensurar a produtividade, não tem um
maior controle das atividades e ainda precisa definir o indicador de
produtividade.
No segundo momento, a pesquisa tentou verificar como a empresa
avalia o desempenho, sendo identificado que a empresa se preocupa em
analisar e avaliar o desempenho através de freqüentes reuniões para
analisar os indicadores de desempenho estabelecidos pela matriz de
indicadores.
No terceiro momento, a pesquisa visou identificar, se com a
implantação do Planejamento estratégico a empresa atingiu os
resultados esperados, verificando-se que a empresa não implantou
todas as ações sugeridas e, por intermédio de um estudo comparativo
interno da empresa, identificou que houve melhoria, mas que a
empresa não dispõe de dados concretos, ou seja, documentos que
possam comprovar essas melhorias.
No quarto momento, a pesquisa objetivou identificar, se as
estratégias propostas ajudaram a aumentar a competitividade da
empresa, verificando-se que as propostas implantadas ajudaram a
empresa no processo de aquisição de novos equipamentos e na melhoria
do processo de produção. A entrevista mostrou ainda, a necessidade
de implantação de novas metodologias de trabalho, que alinhadas às
estratégias implantadas possibilitarão à empresa, reduzir custos e
aumentar a competitividade da empresa.
Por último, a pesquisa possibilitou analisar, se o planejamento
estratégico contribui para o aumento do poder competitivo da
empresa. Com os dados analisados o planejamento estratégico teve
grande influência no poder competitivo da Liga Leve, embora esta não
disponha de nenhum dado concreto para afirmar a eficácia do mesmo.
5 CONCLUSÃO
O planejamento no mundo globalizado torna-se ferramenta
imprescindível para a sobrevivência das organizações, criação de
valores, manutenção e crescimento no mercado. Para responder esta
questão realizou uma pesquisa na Empresa Liga Leve, visando à
análise de seu planejamento estratégico e suas pretensões para o
futuro.
Após o estudo dos pontos descritos na entrevista, identificou-se que
há a pré-disposição para a implantação do planejamento estratégico
como um todo na empresa. Apesar da implantação ainda não ter
acontecido totalmente, as etapas iniciais, como levantamento dos
pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças já foram realizadas.
Os objetivos já foram traçados e as estratégias foram estabelecidas.
Após análise da entrevista, evidenciou-se que o planejamento
estratégico é importante para a competitividade da Empresa Liga
Leve, principalmente no que concerne à economia de recursos e
redução de desperdícios.
Mediante este estudo, detectou-se que a empresa compreende o
processo de planejamento, mas que ela ainda não implantou um método
para mensurar as vantagens obtidas pelo planejamento estratégico,
sendo positivo o fato de que a empresa reconhece ter obtido
melhorias, embora não possa comprová-las mediante documentos
oficiais. Também fora identificado, que a empresa não conseguiu
implantar todas as ações sugeridas pelo Planejamento estratégico,
todavia reconhecendo que as medidas implantadas ajudaram na
adequação das decisões empresarias. Ressalta-se que a falta de
comprometimento para implantar o planejamento estratégico como um
todo pode trazer várias conseqüências para a organização, como por
exemplo, a não otimização dos processos gerando também a falta de
competitividade empresarial e assim não atendendo aos objetivos e
estratégias desenvolvidas pela organização.
Percebe-se, pois, que a Liga Leve vem implantando o planejamento de
uma forma lenta, ainda não conseguindo implantá-lo como um todo, o
que é essencial. A citada empresa também, deve desenvolver um método
para identificação de melhorias a partir do planejamento
estratégico, para que a mesma obtenha dados concretos, estabelecendo
se o planejamento trouxe melhorias ou não, pois em um mercado
altamente competitivo e instável, um erro cometido por uma
organização poderá ser fatal. Diante do que fora estudado por esta
pesquisa, certifica-se que o planejamento estratégico ajuda as
empresas a se manterem em padrões competitivos, fazendo uma previsão
de pequeno, médio e longo prazos. Assim, as empresas que implementam
o planejamento estratégico podem prever os riscos e se antecipar a
estes, buscando neutralizá-los ou superá-los de forma eficaz.
REFERÊNCIAS
CERTO, S. C. et al. Administração estratégica-planejamento e
implantação da estratégia. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2005.
CROCO, Luciano et al. Marketing aplicado: o planejamento de
marketing. São Paulo: Saraiva, 2006.
EMPRESA LIGA LEVE. Planejamento estratégico da Liga Leve. São Luís,
2005.
KOTLER, Philip. Marketing essencial. São Paulo: Tearfon Print Hall,
2005.
KOTLER, Philip; KELLER, Kevin lane. Administração de marketing. São
Paulo: Tearfon Print Hall, 2006.
MAXIMIANO, Antônio César Amaro. Introdução à administração. 5. ed.
rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2000.
OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Estratégia empresarial e
vantagem competitiva. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2001.
______. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e práticas.
20. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
______. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e práticas.
24. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
SENGE, Peter M. A quinta disciplina, arte e pratica da organização
que aprende. 15. ed. rev. amp. São Paulo: Best Seller, 2003.
TACHIZAWA, Takeshy; REZENDE, Wilson. Estratégia empresarial:
tendências e desafios o enfoque na realidade brasileira. São Paulo:
Makron Books, 2000.
VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em
administração. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
RAFAEL CEZAR SOUZA REIS
Bacharel em Administração / Faculdade Atenas Maranhense (FAMA)
E-mail: rafacsreis@hotmail.com / Celular: 98 – 88590673
SAULO RIBEIRO DOS SANTOS
Mestre em Administração e Desenvolvimento Empresarial / Faculdade
Atenas Maranhense (FAMA)
E-mail: saulosantosma@uol.com.br / Celular: 8138-8148