A Preparação das empresas para a prática do Marketing de
Relacionamento
Por Herbert Lopes da Silva e Rogério Tobias
17/11/2008
TEMA: MARKETING DE RELACIONAMENTO
RESUMO
A prática do Marketing de Relacionamento exige capacitação e
treinamento dentro da organização. Muitas empresas têm buscado a
aplicação do Marketing de Relacionamento sem a devida preparação não
gerando os resultados esperados. Apesar das várias maneiras de se
preparar para o processo de aproximação dos clientes, várias
empresas não
obtêm resultados por desconhecerem os caminhos necessários. Acima de
tudo, o foco no relacionamento com os clientes passa por todos os
setores de uma empresa. A cultura voltada para o cliente é
fundamental para se obter resultados satisfatórios. Toda estratégia
pode ser perdida pelo não comprometimento de um único setor. Logo,
sinergia é fundamental. Esse artigo desenvolve um estudo sobre esse
tema e analisa casos reais que ocorrem em algumas empresas.
PALAVRAS-CHAVE: consumidores; satisfação; atendimento;
relacionamento; marketing.
1 INTRODUÇÃO
Desde o início do século XX, as organizações passam por um processo
de desenvolvimento e mudança de mentalidade. O Marketing funciona
como causa e consequência desse processo evolutivo, desde a visão
voltada para produção, depois para o produto e logo após para
vendas. Diversas organizações já adotaram a filosofia de Marketing
que dá grande ênfase à satisfação dos clientes.
Não importa o tamanho das empresas. O Marketing de Relacionamento se
tornou fundamental para a diferenciação de atendimento. Ele vem se
mostrando como uma estratégia basilar para o sucesso das
organizações. Muitas dessas, porém, têm buscado utilizar essa
estratégia sem conseguir os resultados esperados.
Apesar da possibilidade de se aproximar cada vez mais do consumidor,
a profissionalização do ambiente deve ser plena. Estar preparado e
consciente de onde e como se deva chegar é essencial para as
empresas. A qualidade do atendimento acontece de dentro para fora.
Esse trabalho faz uma análise do processo de desenvolvimento do
marketing com foco especial no Marketing de Relacionamento,
particularmente no problema da falta de preparação dos profissionais
para o desempenho desse relacionamento.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 O que é Marketing
A conceituação de marketing é necessária onde se estude qualquer
assunto ligado à área. É importante no sentido de desmistificar o
marketing apenas como ferramenta de convencimento do consumidor.
O desafio dos administradores de Marketing consiste em entender o
consumidor, no sentido de conhecer as suas expectativas antes,
durante e após a compra e identificar tanto suas necessidades e
desejos como também as satisfações ou insatisfações contraídas pelo
consumo dos produtos ou dos serviços vendidos. O marketing deve ser
ajustado às alterações ambientais. Como o meio ambiente brasileiro é
muito turbulento, exigem-se constantemente adaptações de atividades
mercadológicas. (LAS CASAS, 2006, p.15)
Segundo Kotler (2000) Marketing é a obtenção daquilo que os clientes
desejam ou necessitam e isso se dá em um processo social de livre
negociação de produtos e serviços de valor. Esse mecanismo tem o
objetivo de conhecer melhor seus clientes atuais e potenciais a fim
de atender seus desejos e necessidades.
Além disso, Kotler ainda enfatiza a necessidade do trabalho em
conjunto com o fim de atender aos interesses dos consumidores,
definindo como marketing integrado. Todo o ambiente da administração
de marketing deve estar amparado pela atitude de todos os
envolvidos. Para que as várias etapas sejam positivas, os
colaboradores, fornecedores e distribuidores devem estar cientes de
que toda participação e envolvimento são fundamentais.
Para Las Casas (2006) um dos principais elementos do Marketing é sua
orientação para os consumidores. Essa orientação mercadológica é
fundamental para o sucesso para qualquer empreendimento. O autor
ainda ressalta a importância do marketing mix ou composto de
marketing, representado por produto, preço, praça e promoção. Esses
itens são as principais etapas em todos os tipos de comercialização.
Para Kotler (1998) as empresas deixaram de atender um mercado para
concentrar os esforços em segmentos desse mercado. De acordo com o
autor, o marketing de massa está morrendo, dando lugar ao
micromarketing ou marketing de segmento. Esse posicionamento poderá
ser mais específico passando para o marketing individual, situação
em que a empresa atende a demandas individuais.
Ainda segundo Kotler, o atendimento a segmentos específicos ou
demandas individuais está relacionado com o ciclo de vida da demanda
referência para a administração do ciclo de vida do produto.
3 DESENVOLVIMENTO
3.1 Um estudo do marketing de relacionamento
Iniciado na década de 70, o estudo do Marketing de Relacionamento
surgiu com a percepção da importância em se melhorar as transações
comerciais entre empresas e clientes. O Marketing de Relacionamento
se tornou fundamental para a interação bem-sucedida e de longo prazo
na relação de troca comercial de produtos e serviços. Para o sucesso
dessa interação, um longo e árduo caminho se desenvolve e necessita
da participação de todos os colaboradores envolvidos, independente
da hierarquia. (MCKENNA, 1993).
O desafio do marketing é decodificar o modo de pensar, de
compreender e lidar com a realidade, oferecendo as informações
necessárias para que os executivos possam tomar decisões, com base
no conhecimento do ponto de vista do cliente. O diálogo e a
construção de relacionamentos estáveis e duradouros com os clientes
surgem como resposta ao desafio imposto ao marketing pelas mudanças
no ambiente competitivo, no comportamento do consumidor e,
principalmente, pela expectativa de como deseja ser atendido Kotler
(1998, p. 19),
Gonçalves (2002) define o Marketing de Relacionamento como uma
ferramenta que tem o objetivo de aprimorar as relações entre os
diversos públicos das organizações. O aprimoramento desse
relacionamento visa o aprendizado organizacional em relação à forma
da decisão de consumo, viabilizando o planejamento, posicionamento e
execução de soluções.
Segundo Ferreira & Sganzerlla (2000), a diferença fundamental entre
a interatividade no marketing tradicional e no de relacionamento é
que a primeira serve de intermediária entre a produção e o consumo;
e a segunda, de realizadora entre a produção e o consumo. Estar
atento a essas peculiaridades é acertar o alvo. Conquistar uma
fidelização sólida, mesmo que, certamente, baseada na conveniência
comercial, é estar com um diferencial competitivo difícil de ser
alcançado.
Peppers, Rogers (1997) aponta como resultado final do Marketing
Relacionamento a construção de uma Rede de Relacionamentos com todas
as partes envolvidas no negócio da empresa entre clientes,
fornecedores e intermediários. O marketing de relacionamento tem
como finalidade buscar o maior contato com o consumidor a fim de
identificar suas demandas, reclamações e sugestões, tornando o
ambiente de consumo mais rentável e duradouro.
Ferreira & Sganzerlla (2000) ainda destacam que o Marketing de
Relacionamento se apóia na interação existente em todos os serviços
prestados aos clientes. Um meio de relacionamento entre a produção e
o consumo deve promover a interação, para que, após a entrega de um
produto ou serviço, novas vendas sejam viabilizadas. Daí a
importância da interatividade da empresa com o cliente.
O serviço está presente na prestação isolada de um serviço ou no
serviço prestado na entrega de um produto. O fato é que o serviço
faz parte de toda relação entre empresa e consumidor. Onde há
produtos, há serviços e, naturalmente, relacionamento.
Las Casas (2006) define bem essa situação considerando o serviço
como a parte intangível presente em qualquer relação de troca.
Segundo o autor, serviço é a parte vivenciada, a experiência vivida,
o desempenho. Portanto, em toda a atividade, com ou sem a entrega de
bens tangíveis, em que haja a prestação de serviços é necessária a
adaptação do mix de marketing.
Ainda segundo Las Casas (2006), ao administrador de serviços, não
basta apenas definir características, tais como: qualidade, marcas,
embalagens, etc. Ele deverá considerar e definir como o serviço
deverá ser desempenhado na sua oferta ao mercado. Para isso, o autor
ainda ressalta a necessidade de administração dos quatro P's dos
seviços: perfil, processos, procedimentos e pessoas.
As empresas prestadoras de serviços necessitam muito estar atentas
às demandas dos clientes, de como esses percebem os serviços
prestados, a relação dos funcionários no atendimento interno e
externo, além da qualidade da participação de fornecedores e
terceiros. Sendo assim, o serviço direto ou vinculado a entrega de
um produto é o próprio canal de relacionamento entre empresa e
cliente.
Kotler (1998) afirma que uma das principais maneiras das empresas de
serviços se diferenciarem é prestar serviços de alta qualidade. A
chave do sucesso da prestação de serviços é atender e exceder as
expectativas dos consumidores-alvos. Todo o histórico de
experiências vividas pelo consumidor compõe as expectativas futuras.
É o relacionamento vinculado à qualidade dos serviços.
Além do serviço, o marketing de relacionamento dispõe de várias
ferramentas com o objetivo de instrumentalizar e monitorar toda essa
interação e suas variáveis. Banco de dados, pesquisa, promoção,
assistência técnica.
3.2 Objetivos do marketing de relacionamento
Para McKenna (1993) o Marketing de Relacionamento tornou-se
fundamental para desenvolvimento e manutenção da liderança das
empresas através da fidelização de seus clientes. O autor ainda
enfatiza que em mercados a cada dia mais competitivos, a fidelização
se torna indispensável.
Segundo Kotler (2006, p.155) "Marketing é a ciência e a arte de
conquistar e manter clientes e desenvolver relacionamentos
lucrativos com eles". Para o autor, o objetivo do Marketing de
Relacionamento é a manutenção de uma base de clientes rentáveis.
Porém, esse objetivo se contrapõe ao comportamento de algumas
empresas que insistem em prospectar clientes indefinidamente a fim
de suprir outros que já não mais consomem seus produtos e serviços
por falha no relacionamento.
Gonçalves (2002) elege a fidelização de clientes como um dos
principais objetivos do Marketing de Relacionamento. Para ele, isso
torna os clientes parceiros permanentes, além de defensores da
marca. Todo ambiente em que haja relacionamentos comerciais
duradouros propicia o desenvolvimento e manutenção das vendas,
possibilitando o aumento da escala de produção, aperfeiçoamento do
produto e redução de custos.
Las Casas (2006), por sua vez, enfatiza os altos custos dispensados
pelas empresas para se conquistar cada cliente. Além disso, outras
empresas concorrentes também se empenham em conquistá-los. Assim, o
autor completa que além dos gastos em conquista e fidelização de
clientes, a perda de clientes implica na perda de vendas imediatas e
futuras. O Marketing de relacionamento aumenta a rentabilidade e
diminui os custos com a redução das prospecções.
Kotler (1998) ainda destaca sobre a necessidade de se manter contato
constante com os clientes a fim de monitorar suas experiências de
consumo. O mapeamento dessas impressões através dos relatos dos
próprios clientes é o caminho mais rápido para se melhorar o
desempenho da empresa. Estar atento às demandas e respostas dos
clientes aos produtos e serviços oferecidos ao mercado é fundamental
para se desenvolver um relacionamento sólido e duradouro que possa
ser convertido em aumento de ticket médio dos consumidores.
3.3 Estratégias e intrumentos do marketing de relacionamento
3.3.1 Planejamento e posicionamento
Gordon (2000) define bem esse processo contínuo de monitoramento e
criação de valores ao cliente. Entre longos textos, o autor resume
em uma palavra o caminho para que o planejamento resulte em ações
positivas e rentáveis, sinergia. O alinhamento organizacional é
premissa básica para a obtenção de resultados buscados através do
planejamento em busca de um relacionamento eficaz.
Gordon (1999) afirma que Marketing de Relacionamento é um composto
direcionado e de longo prazo. O autor conclui que o relacionamento
com o cliente deve ser planejado como uma ação duradoura, trazendo
rentabilidade, exclusividade e fidelização. O que se busca na
estratégia de relacionamento é a obtenção da atenção máxima do
cliente aos serviços e produtos da empresa. A repetição da compra, o
aumento do ticket médio são resultados importantes do relacionamento
bem planejado e implementado para dificultar a participação dos
novos entrantes no mercado.
Para Kotler (2003) a estratégia de relacionamento se torna invejável
quando o posicionamento de mercado se torna vantajoso e inimitável
pela concorrência. A blindagem de mercado é a resultado de um bom
planejamento estratégico em que ações bem elaboradas estão prontas
para serem implementadas.
Gonçalves (2002) afirma que toda ação de relacionamento com o
cliente, implementada e executada pelas empresas reflete, sua
estrutura e organização. A sinergia entre os diversos setores deve
estar estabelecida. Fundamental para a satisfação do cliente que
está na ponta de todo o processo é a participação consciente e
determinada de todos os colaboradores e intermediários.
Ainda segundo Gonçalves (2002) toda estratégia elaborada deverá ser
imlementada através de planos estratégicos, operacionais e táticos.
O autor ainda reforça a necessidade de conexão entre os setores da
empresa, afim de que se haja sintonia para a obtenção de resultados
positivos.
3.3.2 Endomarketig
Parte fundamental de todo processo corporativo, o colaborador deve
ser profundo conhecedor dos objetivos da empresa, além de estimulado
a participar e sugerir melhorias, devido seu contato direto nas
diversas operações. Numa empresa todos servem a alguém; se o
funcionário não tem contato direto com o cliente, está servindo
outro funcionário que tem esse contato, portanto todos trabalham
para o cliente. (Ferreira & Sganzerlla, 2000)
Outro ponto importante, baseado em clima de sinergia e cooperação
interna, é que todos os processos e informações coletados através da
pesquisa passam a ser mais confiáveis. Captação de informações,
cruzamento de dados, planejamento, feedback, adaptação, incentivos,
comunicação interna, várias etapas são necessárias para a obtenção
de resultados expressivos no Marketing de Relacionamento. (MCKEAN,
2003).
O relacionamento com os clientes é um processo de aprendizado. Os
colaboradores estarão recebendo respostas de experiências de
consumo. Eles devem dar suporte para aos demais setores para o
aperfeiçoamento de produtos e serviços. Esse aprendizado se torna
subsídio de liderança, possibilitando ações mais rápidas e
objetivas. (PEPPERS e ROGERS, 1997)
Não basta, porém ter todo o planejamento em mãos. O empenho, o
conhecimento e a participação dos colaboradores, internos e
externos, é fundamental para a execução e mensuração de todas as
ações a serem implementadas. Fundamental citar a importância do
empenho e engajamento do pessoal dentro das organizações. (MCKEAN,
2003).
3.3.3 Tecnologia da informação
Para Cobra (2003) as informações estão passando por um processo
rápido de transformação. Com a diminuição dos custos de acesso à
tecnologia, as empresas passam a dispor de ferramentas fundamentais
para administração e tomada de decisões no relacionamento com os
clientes. Além disso, o grande volume de informações, antes
considerado primordial e estratégico, passa por uma mudança de
paradigma. Atualmente, o principal é a forma como se administra esse
volume de informações e não a sua extensão.
O autor também alerta para a necessidade específica de cada empresa.
O excesso de padronização dos softwares para redução dos custos de
aquisição reduz consideravelmente os benefícios obtidos. Os
softwares são necessários, mas com adaptações para cada tipo de
necessidade e posicionamento de mercado, específicos de cada
empresa.
Segundo Gonçalves (2002, p. 96),
Cabe ressaltar que o mito do "ter muita informação é fundamental"
deve ser derrubado. O importante é ter a informação com a qual de
possa fazer algo de útil. Na verdade, o que se conta são pequenos
contratos ou combinações de ações que as pessoas fazem consigo
próprias e com outros.
Todas as informações relativas aos clientes e ao mercado devem ser
trabalhadas de modo a desenvolver um planejamento estratégico não só
com o objetivo de fidelização de clientes, mas de aumentar a
competitividade através da padronização e direcionamento dos
procedimentos a ser tomados. Prospecção e retenção de clientes são
conseqüências da execução de um bom planejamento de marketing.
Gonçalves (2002).
Além dos softwares, o fluxo de informações deve ser bem administrado
pelos colaboradores a fim de direcioná-las ao departamento de
marketing para avaliação. Para isso, segundo o autor, além de
softwares específicos, os registros internos são fundamentais.
Relatórios sobre pedidos, vendas, preços, estoque, entre outros
dados são fundamentais para a tomada de decisão. Kotler (1998)
3.3.4 Comunicação
Segundo Kotler (1998) com Marketing Direto se atinge clientes certos
na hora certa. Através do monitoramento possível através dessa
ferramenta de comunicação, chegou-se à conclusão que essa
personalização promove maior índice de leitura. De acordo com o
autor, o Marketing Direto é uma ferramenta capaz de personalizar
todo o conteúdo da comunicação. Baseado em todas as premissas
básicas para se planejar uma comunicação eficiente, o Marketing
direto promove a interatividade cliente a cliente.
Kotler (2000, p. 202) cita que "as empresas normalmente se queixam
de que suas concorrentes estão se tornando cada vez mais semelhantes
e que é difícil manter a diferenciação". Nesse ambiente, a interação
com os clientes através das várias formas de comunicação se torna
fundamental.
Segundo Gonçalves (2002, p.23),
As organizações precisam de um sistema de Informação que tenha a
capacidade de funcionar com controle e eficácia, detectar com
rapidez as emergências e nos dê a capacidade de tomar decisões
rápidas e interagir com o cliente. Além disso, o Sistema de
Informação deve permitir a uma organização perceber seu ambiente,
detectar desafios e necessidades e as riquezas de informações.
Segundo Las Casas (2006), os canais de comunicação entre empresa e
cliente são importantes no sentido de promover a agilidade na coleta
de informações. Essa rapidez é fundamental para um planejamento de
marketing eficaz e capaz de se adaptar à velocidade do mercado.
Desde a idealização de uma empresa, a pesquisa ou coleta de dados é
fundamental durante para a existência de uma empresa por delimitar e
corrigir estratégias.
Ainda segundo o autor, quando as informações são coletadas no
decorrer das ações cotidianas das empresas, ela deve ser executada
como meio de se mensurar o posicionamento atual e mudanças
necessárias a partir de um planejamento específico.
Para Gonçalves (2002), a pesquisa detecta a necessidade de um
produto no mercado e prevê o final do seu ciclo de vida.
Las Casas (2006) ainda cita a comunicação como item fundamental na
definição de estratégias através da coleta de dados. Todas as
informações coletadas devem ser analisadas e cruzadas com variáveis
internas e externas.
3.3.5 Marketing individualizado
Para Gonçalves (2002), O Marketing 1TO1 ou "um para um" busca o
relacionamento individual com o consumidor, cujas características já
foram ou ainda serão detectadas através de ações promocionais ou de
pesquisa. Essas informações coletadas servirão de base para a
efetivação de oferta de produtos e/ou serviços bastante
direcionados.
Ainda segundo Gonçalves (2002, p.94),
Atualmente é necessária uma mudança básica de pensamento no tocante
aos processos de marketing. Não nos concentremos mais na habilidade
de a mensagem publicitária "vender o produto", mas no tipo de
relacionamento individual que queremos ter com "prospects" (como são
chamados os potenciais clientes que estão sendo trabalhados para se
tornarem clientes definitivos) e os já clientes.
3.3.6 Marketing direto
Segundo Kotler (1998), o Marketing direto é a melhor resposta ao
Marketing Individualizado. "As empresas que conhecem seus clientes
podem adaptar produtos, ofertas, mensagens, sistemas de entrega e
métodos de pagamento para maximizar o resultado de suas campanhas."
Ainda de acordo com o autor, os principais objetivos para a
utilização do banco de dados são: identificação de clientes
potenciais, decisão sobre que clientes devem receber uma oferta
específica além da busca pelo aprofundamento da lealdade do cliente.
Para Gonçalves (2002), o Marketing Direto ou DataBase Marketing tem
o objetivo de alinhar todas as informações coletadas com o
atendimento e relacionamento duradouro entre empresas e clientes.
O autor conclui que:
A fidelização de clientes torna-se uma realidade, permitindo a
implantação de modelo de negócios de médio-longo prazo que garanta o
máximo de retorno para futuras ações de oferta e aperfeiçoamento de
produtos e serviços, atingindo assim o principal objetivo do
marketing, que é o da montagem de estratégias efetivas de ganho,
recuperação e definição de clientes. (Gonçalves 2002, p.125).
3.3.7 Força de vendas
De acordo com Kotler (1998), o vendedor é o elo de ligação entre
empresa e cliente. Vários clientes consideram o vendedor como seu
próprio fornecedor, fazendo dele um canal de comunicação valioso.
Portanto, a força de vendas deve ser planejada antecipadamente,
considerando-se objetivos, estratégias, estrutura e remuneração.
Já para Gordon (2000, p 15),
Os relacionamentos são os únicos verdadeiros bens da empresa, visto
que são eles que garantem à organização rendimentos em longo prazo,
além da oportunidade de aumentar receitas e lucros empresariais. O
vendedor como profissional de marketing individualizado, estará
lidando não apenas com qualidade de produto, mas, sobretudo, com
qualidade de relacionamento.
3.3.8 Serviço de atendimento ao cliente - SAC
Para Las Casas (2006), o trabalho focado na satisfação das
necessidades dos clientes é essencial para manutenção dos mesmos na
base de clientes ativos. Estar atento às demandas dos clientes evita
o alto custo despendido no esforço para a recuperação ou até mesmo
se evitar as prospecções emergenciais de novos clientes por
desgastes no relacionamento ineficiente e desatualizado.
Ainda segundo o autor:
Um cliente satisfeito com o prestador de serviços estará percebendo
um serviço como de qualidade. E isso acontece em qualquer situação
em que possa ocorrer essa satisfação, como a solução de um problema,
o atendimento de uma necessidade ou de qualquer outra expectativa.
(LAS CASAS, 2006, p. 89)
Estar atento às demandas e respostas desses clientes em relação ao
consumo de bens e serviços ofertados é estar promovendo adaptações
necessárias às estratégias de marketing de relacionamento. Deve-se
lembrar da importância de um canal de comunicação que proporcione a
interação entre clientes, fornecedores e distribuidores.
Segundo Gonçalves (2002, p. 96)
Complementando o fornecimento do produto ou serviço propriamente
dito, perfazendo um ambiente propício para que o cliente perceba um
composto de marketing de relacionamento. Seria criado um canal de
comunicação efetivo cliente-distribuidor-fornecedor no intuito de
perceber os movimentos econômicos e as alterações no humor dos
clientes sobre o produto.
4 CASOS REAIS DE MARKETING DE RELACIONAMENTO
SEGUIMENTO: TRANSPORTE INTERESTADUAL DE CARGA
MATRIZ: CONTAGEM
REGIÃO DE ATUAÇÃO: BH / SP / RJ
4.1 Empresa 1*
De acordo com o gerente comercial de vendas externas da empresa 1, o
relacionamento com os clientes é fundamental para o faturamento da
empresa e aprimoramento dos serviços prestados. Os clientes criam um
laço de confiança tão forte que, na maioria dos casos, só negociam
com o respectivo vendedor. Preferem ter o custo da ligação por
celular.
Apesar disso, com um departamento formado por cinco vendedores
externos, o gerente informa que a equipe comercial é constantemente
cobrada por desempenho, através metas de vendas progressivas.
Questionado sobre a contradição entre a importância da fidelização e
as metas progressivas de vendas, o gerente comercial informou isso
que faz parte cultura da empresa.
Saindo um pouco do setor comercial e questionado sobre outras ações
de fidelização, o gerente informou que o setor de atendimento
passivo e a área operacional ainda não demonstraram uma maturidade
no sentido de considerar o cliente como patrimônio da empresa.
Sendo assim, a conclusão que ele chega é que a rotatividade de
clientes, apesar da qualidade da equipe de vendas, se deve à falta
de sinergia entre os setores. "Não existe um plano de negócio.
Estamos no mercado para transportar mercadorias à um preço
lucrativo".
4.2 Empresa 2*
Para o gerente comercial de vendas externas da empresa 2, o
relacionamento com clientes é fundamental para a definição de
estratégias de fidelização. Outro ponto importante é o
acompanhamento da performance de cada cliente. Isso define qual
cliente está se tornando rentável, sendo motivo de atenção especial.
O gerente apresenta uma visão diferente da empresa citada
anteriormente. Ele acredita na prospecção de grandes contas e no
relacionamento para fidelização. Prefere se dedicar a contas
rentáveis à uma grande carteira de pequenos clientes.
Apesar dessa visão mais direcionada, o gerente reclama da falta de
sinergia entre os setores da empresa.
Segundo ele, o cliente ainda é visto como um estranho dentro da
empresa. Nunca há reuniões com todos os setores, para demonstrar a
necessidade de se trabalhar com foco no cliente e em sinergia. Elas
são sempre em nível de diretoria e não se determinam como os
assuntos discutidos serão direcionados aos demais níveis
hierárquicos.
*As 2 empresas e seus gerentes não autorizaram a divulgação do nome.
5 CONCLUSÃO
Pelo exposto, muito além de preços e ofertas, os consumidores estão
em busca de soluções e atenção às suas demandas. Cada detalhe na
interação entre empresa a clientes é fundamental.
Por mais que programas de fidelização sejam importantes na
construção de relacionamentos entre empresas e clientes, eles não
são suficientes para superar um atendimento desorganizado, sem
garantias e sem qualidade. Apesar de toda informação relativa ao
Marketing e Relacionamento, as empresas erram nos pequenos detalhes.
Pode-se concluir com o exemplo das duas empresas concorrentes que
ambas têm as mesmas dificuldades, principalmente no setor
administrativo e operacional. A conclusão imediata que pode-se
chegar é que não há sinergia entre os departamentos. A sensação que
o relato dos dois gerentes nos passa é que para cada setor das duas
empresas, existem metas distintas. O setor comercial sabe da
importância da manutenção do relacionamento, porém não consegue
difundir essa cultura na empresa. Isso leva que todos os setores
continuem trabalhando desordenadamente e sem sinergia.
Pode-se concluir que, de acordo com os autores, o Marketing de
Relacionamento não se consolida isoladamente. Todas as etapas do
planejamento culminam em uma estratégia de relacionamento bem
executada.
A manutenção e retenção dos clientes relacionam-se com a satisfação
entre produto com ou sem entrega de serviço e seus atributos. A
percepção de valor do cliente em relação empresa é o fator decisivo.
Para isso, é essencial atender às necessidades, desejos e valores.
Cada capítulo apresentado tem o objetivo comum de tornar a
experiência do consumidor positiva. Na maioria dos casos conclui-se
que o valor que se entrega ao cliente está no atendimento, na
confiança passada desde o primeiro contato com a empresa.
O Marketing de relacionamento é fundamental para se estreitar a
interação entre clientes, fornecedores e empresas, uma vez que a
experiência acontece em todos os instantes. O que diferencia as
empresas é justamente a sinergia com que todo o ambiente empresarial
e seus serviços oferecidos acontecem.
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