Produtos e suas Dimensões
Por: Carlos Eduardo Munhoz
08/12/2008
Os produtos possuem três dimensões distintas de atendimento à
demanda: uma dimensão estética, uma psicológica e uma funcional.
A Dimensão Estética consiste na relação que se dá entre um produto e
um usuário, em termos de processos sensoriais, isto é, de
experiência sinestésica com o objeto. Criar função estética para os
produtos é uma das principais tarefas dos designers na atualidade,
que precisam adequar os objetos às condições perceptivas do homem. O
uso sensorial de produtos industriais depende de dois fatores:
- experiências anteriores com as características estéticas, forma,
cor, textura, superfície, som etc.;
- percepção consciente dessas características;
Em certos casos, a escolha do consumidor entre produtos concorrentes
é baseada em aspectos estéticos, principalmente nas situações em que
as funções práticas dos produtos são parecidas. A Dimensão Estética
ou Design como vem sendo chamada atualmente é a expresso do belo e
do admirável, é percebida como totalidade, o que reduz a atenção
sobre os detalhes.
Para aumentar a competitividade, é necessário dar detalhes aos
produtos, achar formas de diferenciá-lo dos concorrentes, o que pode
ser feito através da Dimensão Estética.
A Estética ou Design tem um papel fundamental no momento de decisão
de compra, porque é percebida imediatamente pelo consumidor. Ela
também pode ser o deflagrador da compra, por possui uma
característica de decisão de compra sem envolver as funções práticas
que somente serão percebidas após a compra do produto.
Um bom exemplo de produto que vem com Dimensão Estética (Desing) é a
famosa lixeira Garbino, criado pelo Designer Karin Rashid, que é
marcada por curvas modernas, muitas cores e bom humor e até outubro
de 2008 haviam sido vendidas aproximadamente 4 milhões de unidade,
inclusive aqui no Brasil.
A Dimensão Psicológica dos produtos está em consonância com a
expectativa de satisfação que eles podem gerar para seus
consumidores.
O grau de expectativa dos consumidores com o uso dos produtos
envolve aspectos subjetivos e inconscientes.
Um produto tem função simbólica quando sua percepção gera, nos
consumidores, conexões com experiências e sensações vividas
anteriormente, isto é, a função simbólica dos produtos é determinada
pelos aspectos psíquicos e sociais do uso. Um símbolo é um signo que
representa algo, seu objeto, de maneira convencional. A função
simbólica dos produtos possibilita ao homem, por meio de sua
capacidade mental, fazer associações com experiências passadas. Essa
função deriva dos aspectos estéticos dos produtos e somente será
efetiva se for baseada na aparência percebida sensorialmente e na
capacidade mental humana de associação de idéias. Um exemplo de
produto que exercem uma grande expectativa de satisfação, são os
carros da marca Ferrari.
Outro exemplo de Dimensão Psicológica são as motas da marca
Harley-Davidson. Segundo Francisco Fernandes Filho, os executivos e
gerentes da Harley e uma grande parte dos 5500 empregados, têm uma
conexão visceral com a marca, não só porque fazem e vendem as
motocicletas, mas porque são clientes. Para eles a Harley é mais do
que uma simples motocicleta, é um estilo de vida, uma obra de arte,
um vínculo emocional com uma vasta e única comunidade. Os executivos
estudaram cuidadosamente o vínculo emocional entre os motoqueiros
das Harleys e o produto, e respeitaram parâmetros rígidos em todos
os aspectos do design, da fabricação, e do marketing das
motocicletas para acentuar a mística e fortalecer ainda mais o
vínculo.
A Dimensão Funcional está ligada à utilidade basicamente prevista
para um produto. Na compra de uma cadeira para o escritório, por
exemplo, a superfície do assento deve suportar o peso do corpo do
usuário; o arredondamento da borda frontal do assento deve evitar
deficiências de circulação nas pernas; o encosto deve servir de
apoio á coluna vertebral e relaxar os músculos das costas; a largura
e a profundidade do assento devem permitir liberdade de movimentos e
mudanças de posição.
Estes atributos que garantem a funcionalidade dos produtos não se
apresentam segmentados, mas formam um conjunto.
(*) Carlos Eduardo Munhoz é administrador de empresas, MBA pela FGV
e professor universitário.
Carlos Eduardo Munhoz, administrador de empresas, MBA pela Fundação
Getulio Vargas e professor universitário.