Qualidades de uma Empresa Eficaz
Por Michael Jullier Gama Alves
27/092007
No mundo em que vivemos, mundo em constante transformação, um mundo
onde as inovações tecnológicas e científicas de hoje se tornam
automaticamente obsoletas amanhã, onde as mudanças são constantes,
ocorrem a todo instante, é necessário também que as corporações se
tornem cada vez mais adaptáveis, transformadoras e inovadoras, ou
seja, organizações que rompem com paradigmas, com os modelos
antigos.
Enquanto pensarmos nos modelos antigos como exemplos para resolver
os problemas atuais, também nós, seres humanos, nos tornaremos
obsoletos. Isso quer dizer que quando alguém diz "no meu tempo se
fazia assim", seu pensamento se mostra retrógrado, olha somente para
trás e ainda não tem vislumbre do futuro.
O capital humano é o principal ativo de uma empresa, mas, ainda
hoje, há muitas organizações que se preocupam apenas em administrar
os processos, ou seja, o modo de fazer as coisas, sem se preocuparem
muito em administrar pessoas, esquecendo-se de que quem realiza os
processos são justamente as pessoas e não as máquinas.
É por este motivo que existe a necessidade de as empresas investirem
nas pessoas para, através delas, atingirem o máximo na realização de
seus processos, superar as metas, otimizar recursos, crescer e
manter sua participação no mercado.
O investimento no capital humano começa com a escolha de lideranças
eficazes que assumam a responsabilidade por suas equipes, que
trabalhem de forma a liderar pela influência pessoal e não através
do poder, pois o poder é uma função delegada por um superior, mas
liderança é um traço de nobreza de caráter, onde o líder convence as
pessoas a fazerem as coisas apenas por sua influência pessoal sem o
uso da coerção.
Assim, os líderes devem criar o ambiente necessário para a
realização das atividades, motivar as pessoas, de maneira que tenham
satisfação no desempenho de suas funções, acompanhar os processos,
saber o momento certo e o jeito certo para estabelecer objetivos,
repreender e elogiar os membros da equipe.
É importante também que os líderes saibam que há um jeito certo e um
momento certo para resolver problemas em cada situação, pois, por
exemplo, repreender funcionários na frente dos outros, em tom de voz
elevado, ofendendo a dignidade e os valores pessoais são métodos
contraproducentes, porque criam ambientes críticos e
insatisfacientes, gerando desgastes nas relações e desmotivação
entre os membros da equipe.
Além disso, também é importante entender que trabalhar em grupo é
diferente de trabalhar em equipe. Grupos existem em todos lugares e
em todos momentos, mas equipes são mais profundas, pois todos os
membros, inclusive e principalmente os líderes, têm objetivos em
comum, atuam de modo a compartilhar suas atividades, apoiando um ao
outro e até mesmo realizando as atividades uns dos outros,
dependendo da situação. Isso quer dizer que o papel do líder não é
apenas ser chefe, delegar tarefas, dar ordens e exigir, mas também
de ir adiante, assumir os riscos, assumir a responsabilidade por
toda a equipe, onde se um erra, todos erram, e se um acerta, todos
acertam.
Atualmente se fala muito em downsizing e empowerment, o que gera
enriquecimento do cargo e cada colaborador pode se aproximar mais
dos objetivos da empresa, se comprometer mais, assumir mais
responsabilidades e riscos, se sentir parte integrante da empresa e
não apenas um funcionário que faz o que tem de fazer.
Outro aspecto importante para a liderança é o desenvolvimento e o
uso da inteligência emocional, que envolve tanto a inteligência
intrapessoal quanto a interpessoal. Inteligência emocional é o uso
inteligente das emoções, de maneira a perceber sentimentos,
controlá-los e utilizá-los para resolver problemas. Isso envolve
inteligência intrapessoal, no sentido de cada pessoa se conhecer, e
também inteligência interpessoal, isto é, a capacidade de conhecer
os outros, de maneira a utilizar as emoções, próprias e alheias, de
maneira inteligente para se chegar à solução de problemas.
A eficácia de uma empresa começa com a realização de um recrutamento
de forma inteligente, baseado num desenho do cargo que determine, de
forma coerente, as qualidades e o perfil necessário, e as atividades
que serão desempenhadas. Dessa forma, é possível selecionar os
profissionais com diferencial competitivo, capazes de oferecer além
do feijão com arroz.
O próximo passo consiste em treinar os novos profissionais, de
maneira a habituá-los aos métodos, à cultura e ao clima
organizacionais. Treinamentos periódicos são de profunda importância
para reciclagem e aprendizado constante, principalmente num mundo
altamente mutável como o mundo contemporâneo.
Planos de desenvolvimento de carreiras que envolvem sistemas de
coaching e mentoring, onde os colaboradores são acompanhados de
forma mais profunda e até mesmo de forma mais individual, promovem
as condições para o crescimento profissional individual e,
consequentemente, da própria empresa.
Reuniões periódicas para a realização de feedback e avaliação de
desempenho são o caminho ideal para contribuir para o crescimento de
cada colaborador, inclusive dos próprios superiores, que também
podem se auto-avaliar e receber o feedback necessário de seus
subordinados. Atualmente se fala muito em Avaliação 360º, onde todos
os envolvidos avaliam cada colaborador, e também Avaliação de Baixo
para Cima, onde os subordinados avaliam seus superiores e lhes
fornecem feedback sobre seu desempenho e comportamentos.
É importante também entender que o feedback tem como objetivo o
crescimento constante, então se um líder não cresce, ele não tem
condições de contribuir para o crescimento de alguém. O líder deve
ser o primeiro a ler e indicar bons livros e artigos, deve ser o
primeiro a assistir e indicar bons filmes e vídeos institucionais,
deve ser o primeiro a participar de cursos, treinamentos e palestras
e indicá-los, deve ser o primeiro a se graduar e estimular seus
colaboradores a seguir seus passos. O apóstolo Paulo disse aos
Coríntios "sede meus imitadores como eu sou de Cristo". Isto
significa que o líder sempre deve ser o primeiro a fazer e a dar o
exemplo, deve ser um modelo a ser seguido pelos demais.
A humildade deve ser um traço peculiar no líder, pois ele deve estar
sempre preparado para aprender com seus subordinados, tanto quanto
orientar e ensinar seus colaboradores de nível hierárquico mais
baixo.
Ao assumir uma nova equipe, o líder deve se preocupar em se
apresentar à coletividade, se impondo com autoridade, mas não com
arrogância. O líder deve se comportar como headhunter e olhar para
cada membro da equipe com o intuito de encontrar o potencial
individual e descobrir a melhor maneira de desenvolvê-lo. Isso quer
dizer que o líder precisa conhecer os talentos individuais e criar
situações em que cada membro da equipe possa desenvolver suas
habilidades e eliminar suas fraquezas.
Dessa forma, investindo no capital humano, é possível explorar as
potencialidades de cada colaborador e eliminar suas debilidades, de
maneira que as organizações venham a atingir o máximo em seus
resultados. O psicólogo americano Abraham Maslow estabeleceu que as
pessoas têm necessidades a serem satisfeitas numa hierarquia que
varia de acordo com o grau em que cada tipo de necessidade é
satisfeita. O grau mais alto dessa hierarquia é a necessidade de
auto-realização, onde as pessoas se satisfazem ao desenvolver seu
potencial ao máximo, usar sua criatividade, sua iniciativa e ter
seus esforços sendo reconhecidos e recompensados.
O mundo corporativo de hoje é marcado pela chamada gestão por
competências, onde o colaborador é remunerado não apenas pelo
salário que o cargo lhe confere, mas também pelos resultados que
atinge, ou seja, suas metas não permanecem apenas no nível do cargo,
pois existe a possibilidade de cada colaborador encontrar a
satisfação pessoal no desempenho de suas atividades profissionais.
É claro que não se pode esquecer das demais funções da empresa como
a financeira, compras, vendas, marketing, logística, OSM, auditoria,
tecnologia da informação, atendimento ao cliente e outras, mas é
necessário entender que são as pessoas que desempenham as atividades
relativas a essas funções e quanto mais capacitadas, melhores serão
os resultados.
Tudo isso significa que o potencial humano das organizações deve ser
desenvolvido constantemente, principalmente suas lideranças, que
devem assumir um papel preponderante no crescimento de cada
colaborador, de cada equipe, em seu próprio crescimento e no
crescimento, inclusive, dos superiores. Reuniões periódicas para
realizar feedback e avaliação de desempenho são importantes para
desenvolver as potencialidades e eliminar os pontos débeis. Dessa
forma, as lideranças se fundamentam sobre a influência pessoal e não
sobre o status do poder que o cargo confere, produzindo ambientes
propícios à execução das tarefas, oferecendo incentivos que levem as
pessoas à motivação e à plena satisfação pessoal e profissional.