Quando Falta Marketing
Por Rafael Mauricio Menshhein
13/10/2006
Quando empresas resolvem expandir seus mercados, entrar em outros
países, vizinhos ou não, devem realmente compreender o que irão
encontrar lá, não existe a mesma cultura, o mesmo pensamento, os
mesmos gostos e o jeito para lidar com o consumidor é completamente
diferente, deixando bem claro que os fatores culturais pesam, e
muito, na hora em que a decisão de entrar em mercados diferentes é
resultado de muitos estudos.
Existem inúmeros exemplos onde uma empresa quis ditar as regras do
outros país, praticamente empurrando seus produtos e causando
desconforto e até mesmo perdendo uma grande oportunidade de conhecer
melhor um mercado, estudar como ele funciona e a maneira correta de
atingir o público desejado.
Não basta apenas montar um escritório, coletar muitos dados ou
enviar alguém para observar o mercado, dedicar-se aos estudos mais
aprofundados do novo mercado é apenas um dos pontos que pesam e
trazem resultados, deve haver uma interação entre o que a empresa
deseja e o que o consumidor quer, e em alguns casos o primeiro susto
é um alerta de que o planejamento foi mal elaborado, não forma
feitas as coletas de dados necessárias ou então as informações
geradas foram distorcidas ou mal interpretadas.
É comum que alguns nomes de produtos tenham que ser substituídos em
muitos países, para isso existem departamentos que buscam
informações constantemente e avaliam a viabilidade de um produto dar
certo ou não no mercado escolhido.
Nomes ou Marcas são trocadas com a intenção de captar mais
consumidores e não causar certos constrangimentos, piadas motivadas
pelo nome e até mesmo que o produto não venda como o esperado, logo
será lançado no Brasil um novo utilitário chinês, seu nome já é
motivo para piadas e brincadeiras, pois a empresa não fez seu dever
de casa corretamente e preferiu deixar o nome original do carro.
A minivan Chana, primeiro utilitário chinês a ser comercializado no
Brasil, estará no Salão do Automóvel, em São Paulo (de 19 a 29 de
outubro). Importada pela Districar, que já distribui a marca
SsangYong no mercado nacional, a família será apresentada em três
versões. Além de minivan, batizada de Family, haverá a picape
(Cargo) e a furgão (Utility), que se destacam, de acordo com o
importador, pela simplicidade de suas linhas e pela “racionalidade
mecânica”, baseada em uma única plataforma. Traz motor de 970 cm³ de
cilindrada, injeção eletrônica e potência de 53 cv (cavalos). A
capacidade de carga é de 650 kg. A minivan transporta até sete
pessoas e já vem equipada com ar-condicionado. O preço estimado
deverá ficar entre R$ 25 mil e R$ 30 mil. O utilitário é fabricado
pela Changan, uma das maiores montadoras chinesas, que produz por
ano mais de 500 mil veículos, incluindo automóveis, ônibus e
caminhões, em cinco fábricas.
Fonte: http://www2.uol.com.br/interpressmotor/noticias/item15109.shl
Como pode-se notar, a maior vítima de todo este processo de entrada
em um novo mercado, é o Marketing, ou melhor dizendo, a falta do
Marketing, porquê para alguns empresários não há necessidade de
investimentos nesta área, principalmente quando seu país é
transformado de repente em um centro global de produção, não
importando-se em estar atento a detalhes como um simples nome,
visando apenas produzir muito mais barato e que será vendido para
todo o mercado global, como tantos outros já o fizeram e obtiveram
sucesso mudando suas estratégias de Marketing, as Marcas usadas,
aplicando em Pesquisa e Desenvolvimento e promovendo crescimento da
organização em todas as áreas.
Uma grande organização não é feita apenas por um departamento, mas
sim por toda a equipe envolvida, crescendo e desenvolvendo projetos
que tragam resultados e não sejam alvos de acontecimentos, talvez
não percebidos, mas que geram um desconforto com o consumidor, já
que os estudos sobre os mercados devem ser feitos de maneira
coerente, aplicada e trazer o conhecimento mínimo para evitar
confusões, pois estas acontecem até mesmo dentro de um único país,
como exemplo o próprio Brasil, onde existem culturas locais que
tratam certas palavras do vocabulário de forma diferente e que exige
um estudo imenso na hora de lançar um produto em nível nacional.
Quando houver uma oportunidade de entrar em um mercado “estranho”,
deve-se estar atento aos detalhes que mais podem definir o sucesso
ou não do produto a ser lançado, talvez seja por isso que em alguns
casos quem sofre seriamente na organização é o Marketing e seus
conceitos, pois sempre há o que descobrir dentro de um país, região,
estado, cidade e no mundo, e abandonar o próprio ego é algo que
muitas organizações devem aprender a fazer para colher bons frutos e
criar uma imagem positiva na mente dos consumidores.
Na falta de criatividade, pesquisas e compreensão, o bom senso pode
falar mais alto e dar o tom de certas ações, mesmo quando todo o
estudo feito para divulgar e gravar a Marca no mercado tenha que ser
refeito pelo Marketing, que não deve abalar-se com isso, mas sim
provar que no Marketing existem mentes brilhantes que trabalham em
conjunto com todos os departamentos e faz valer muito mais toda e
qualquer informação armazenada na empresa.
O Marketing busca a perfeição, em certos casos aproxima-se de tal
referência, mas deixar que apenas um dos ativos de um produto, a
Marca, acabe com tudo é abandonar todos os conceitos.