Seja Criativo!
Por Raúl Candeloro
14/01/2009
Não é o bastante dizer que liderança é uma arte. E uma pesquisa
mostrou que gerentes podem ser melhores líderes se eles literalmente
pegarem seu lápis de artista e sua caneta de poeta, e aprender como
usar suas habilidades criativas que freqüentemente são esquecidas.
O mundo dos negócios, cheio de problemas complexos sem respostas
fáceis, precisa de uma liderança que seja criativa e contagiante,
capaz de inspirar e sustentar criatividade por toda a empresa. E é
essencial expandir as competências de um gerente (constantemente e
em todas as áreas da organização) para um pensamento criativo e
inovador.
Uma forma que está sendo utilizada por alguns gerentes é descobrir a
intuição, o sentimento e a imaginação através de métodos artísticos,
como o desenho, a pintura, a dança, a poesia, a música. Não é
preciso saber desenhar, o importante é imaginar e criar.
O objetivo desse tipo de atividade é ajudar (os gerentes e suas
equipes) a desenvolver uma maneira de pensar mais intuitiva,
imaginativa e sensitiva. Com o passar do tempo, acabamos usando mais
o lado racional do cérebro: somos mais analíticos, usamos mais
números, criamos métodos. E o lado emocional fica em segundo plano,
mesmo sendo a peça chave do nosso desenvolvimento.
É engraçado, e talvez um pouco triste, o que o tempo faz com a
gente: ficamos “quadrados”, pensamos demais, queremos analisar tudo.
Mas se nossa natureza é sensitiva, porque é que tentamos gerenciar
nossa equipe de maneira racional e fria?
Estava assistindo certa vez um programa que passa nos Estados Unidos
de “reallity show” que se chama “O Aprendiz” (inclusive há uma
versão brasileira desse programa). Para ser rápido: esse programa
basicamente é uma competição entre profissionais que querem uma vaga
em uma das empresas do empresário Donald Trump. Esses profissionais
são reunidos em grupos e uma curiosidade dessa edição é que foram
inicialmente recrutados profissionais que são formados (fizeram
faculdade) e profissionais que não são formados.
Foram feitos dois grupos: os “BookSmarts” (espertos do livro) e os
“StreetSmarts” (espertos da rua). O esperado era que os
profissionais formados ganhassem nas tarefas dadas, mas o contrário
foi acontecendo semana após semana.
A diferença entre os grupos é muito clara: enquanto os formados
sentam para votar em quem será o líder e fazer todos os cálculos e
análises “necessárias”, os não formados colocam a mão na massa, de
maneira criativa!
Se os formados não tivessem enterrado sua criatividade e soubessem
imaginar (se fossem sensitivos), teriam uma imensa vantagem sobre os
não formados. Mas o fato é que isso normalmente não acontece,
infelizmente. E quem tem a atitude correta vence quem tem a
habilidade correta.
A maioria dos profissionais concorda que a criatividade é a força
impulsora para as empresas não somente criarem novos produtos e
serviços, mas também para resolver problemas e desafios diários.
Muitos ainda acreditam que a criatividade não pode ser ensinada, mas
que deve ser encorajada.
Ser criativo é pensar diferente. É pensar de mais de uma maneira e
olhar com vários outros olhos. E para isso, é necessário que você
esteja disposto a quebrar velhos hábitos e repassar isso pra equipe
de uma maneira saudável.
E encorajar essa criatividade é na verdade aceitar também o fato de
que, infelizmente, você verá algumas pessoas pegarem o caminho
errado, tentando se aproveitar da situação. Para evitar isso, você
como gestor deverá se certificar de que a energia criativa está
sendo usada para o benefício da empresa. Não parece, e não, é fácil:
pois você terá que constantemente direcionar a “liberdade” criativa
dos funcionários para os objetivos estratégicos e operacionais da
organização.
Eu sinceramente acho que todas as pessoas são criativas, a sua
maneira. O que nos diferencia são as barreiras que temos para essa
criatividade. Por isso, a melhor forma de começar a incentivar a
criatividade (para você e para a sua equipe) é conhecer as barreiras
de cada um e ajudá-los a arriscar enquanto se divertem. Criatividade
e diversão estão diretamente relacionadas!
Há várias maneiras de encorajar a criatividade no trabalho. Pense em
todas as coisas que estimulam o lado direito do cérebro, como as já
citadas nesse artigo: faça um concurso de desenho, de música, de
pintura. Peça para que cada funcionário traga o “seu” brinquedo
predileto. E ao invés de fazer a próxima reunião na sala de sempre,
porque não ir a um museu, a um parque, a uma pizzaria?
Seja criativo! Deixe a imaginação fluir e não tenha medo de errar,
de achar que as pessoas não vão gostar. Para terminar, lembre-se que
parte de ser criativo em qualquer campo é ter a coragem de comunicar
e vender suas idéias, mesmo quando outras pessoas a criticarem. É
sempre mais fácil dizer “não” do que “sim”. Nem todas as suas idéias
serão aceitas, mas lutar por elas também faz parte do processo
criativo.
Raúl Candeloro (raul@vendamais.com.br) é palestrante e editor das
revistas VendaMais®, Motivação® e Liderança®, além de autor dos
livros Venda Mais, Correndo Pro Abraço e Criatividade em Vendas.
Formado em Administração de Empresas e mestre em empreendedorismo
pelo Babson College, é responsável pelo portal www.vendamais.com.br.