O Talento e a Crise
Por Paulo Araújo
08/12/2009
Conta a história que no ápice da crise de 1929, a quinta pessoa mais
rica da Alemanha cometeu suicídio ao se jogar na frente de um trem
porque perdeu mais de 1 bilhão de dólares com o crash. O fato que
interessa é que o suicida alemão tinha uma fortuna avaliada em mais
de 9 bilhões de dólares.
Na verdade em toda e qualquer tipo de crise existem os alarmistas
que se gabam por ter previsto que uma hora a bolha iria estourar, os
otimistas que dizem: - calma, que logo tudo passará!, os
prático-realistas que se preocupam em como sobreviver e quem sabe
tirar uma casquinha dessa confusão toda e os loucos por notícias que
ficam desesperados e perdem a noção da realidade tamanha a enchente
de péssimas informações. Esses são os primeiros a sucumbir.
O talento sabe que em toda crise há a oportunidade, mas não estou só
falando da oportunidade de novos negócios ou geração de receita,
quero discutir com você a oportunidade de se transformar e
amadurecer como pessoa, de ter uma visão mais sistêmica do seu
negócio e do mundo. Oportunidade para fortalecer parcerias e
relacionamentos com clientes, fornecedores e principalmente com os
seus funcionários. Agora, mais do que nunca, essa história de "nossa
empresa é uma grande família" irá ser testada.
Em caso dos negócios diminuírem fica a oportunidade para rever
processos, fazer mais com menos, reviver e fortalecer os grupos de
melhorias que estavam lá escondidinhos durante a bonança, de ouvir
mais e melhor o cliente ou quem sabe criar algo inesperado que
encante o mercado. E não perder a maior de todas as oportunidades: a
de reflexão e ação para mudança de postura profissional, de aprender
e reaprender com o que foi feito de errado e quem sabe uma forte
mudança no modelo de negócios da empresa.
Foi no ano da crise de 1929 que a Unilever chegou ao Brasil e
começou sua tão bonita história e que dia após dia continua a
fabricar produtos como o Omo, Rexona, Maizena, ou ainda, produtos da
marca Knorr e Kibon, entre tantas outras. Outro exemplo? Nesse ano a
Lojas Americanas completam 80 anos de história. E que história! De
quase falida para um dos ícones do comércio eletrônico brasileiro.
Para finalizar temos a fábrica de tecidos Tatuapé que hoje é
conhecida como Santista Têxtil. Todas viveram suas crises, todas se
transformaram e todas saíram mais fortes.
Mas o que espero de verdade é que o Mundo e seus grandes líderes não
percam a oportunidade de mudar o que precisa ser mudado, que
cooperem entre si, que evitem um protecionismo infundado, que deixem
de acreditar que existe prosperidade ad eternum e que entendam de
uma vez por todas que será só unindo forças que tudo irá melhorar.
É exatamente assim que a sua empresa deve fazer para sofrer menos em
épocas de crise.
Paulo Araújo - palestrante e escritor. Autor de Motivação - Hoje e
Sempre (editora Qualitymark), entre outros livros. Site:
www.pauloaraujo.com.br