Treinar a Gestão de Vendas: Toda a Equipe Participa!
Por Luís Sérgio Lico
02/05/2008
Com produtos oferecidos ao mercado cada vez mais parecidos,
discursos semelhantes, estratégias aproximadas e grande
concorrência, a competência para criar diferenciais competitivos - a
partir de ações de venda consultiva -, passa a ser um imperativo
categórico. Ter uma área comercial capaz de interpretar e traduzir
corretamente as demandas do mercado é hoje uma condição fundamental
para aumentar o índice de aproveitamento de oportunidades.
A venda - neste panorama entendida em uma visão sistêmica - deve
permitir aos profissionais que a operam se voltarem a construir
estratégias em seu relacionamento com os clientes. O ato de vender
não deve ser mais considerado sinônimo de convencer o cliente a
comprar: É preciso que todos os membros da equipe se posicionem
junto aos clientes como solucionadores. Também não se trata do velho
e batido discurso do “encantamento”, mas sim, de uma postura de
Gestão Comercial. Como? Exatamente: Toda a equipe deve gerir as
vendas e não somente o cara da sala envidraçada.
Para isso é necessário formar o espírito de equipe. O treinamento
comercial tem que, necessariamente, contribuir para que os
resultados qualitativos da equipe sejam aprimorados, não somente
metas e quantidade. Além disso, as ações de treinamento devem
permitir que sejam mensuráveis em termos de sua capacidade de
influenciar atitudes e comportamentos, criando e reforçando valores,
principalmente, junto aos profissionais que operacionalizam o
dia-a-dia da atividade comercial. Planejar é essencial, aprender é o
básico, treinar é condição de possibilidade para qualquer
realização. Mas cuidado: Fuja dos chamados “cursos de prateleira” e
nem pense que uma volta pelo Google pode dispensar a contratação de
um consultor experiente.
Deste modo, o que se postula aqui é a possibilidade do
aproveitamento das potencialidades e competências das equipes de
venda, em um projeto que contemple o desenvolvimento destas
capacidades, de acordo com as demandas regionais ou situacionais.
Isto significa não apresentar uma proposta fechada, mas, ao
contrário, uma sistemática de atuação em vendas, com foco em
objetivos definidos e, naturalmente considerados de alta prioridade.
Isto somente é possível a partir de um levantamento situacional
minucioso.
Assim, trata-se de uma abordagem que procura fazer frente aos
desafios do complexo mercado moderno de varejo, com especificidade
para o mix de produtos em pauta e quais as vantagens que podem ser
auferidas com a adoção destas posturas. Paralelamente, trata-se de
um sistema de treinamento contínuo que possibilita, além da mera
transmissão de conhecimentos, agregar valores e maiores
possibilidades, quando não, ampliando as estruturas já existentes e
dando-lhe um maior sentido. Neste leque de abrangência, se cuidará
de uma transformação qualitativa: Capacitar Vendedores e se tornarem
Consultores. Ou seja: Solucionadores e facilitadores ao consumidor
final, B2B, varejo ou outra modalidade.
Mas, como formar e obter profissionais de vendas e não simples
vendedores? Como obter a este nível? Acreditamos que esta trajetória
tenha relação de necessidade com uma premissa básica: Integrar o
treinamento na função exercida por todos os profissionais de vendas,
transformando-o em vetor de modificações. O treinamento precisa
estar inserido na rotina das atividades de todos: Todo o tempo. Isto
quer dizer: diariamente. Mas sem os exageros e anglicismos:
mentoring, coaching, counseling, accompaniment e outros bichos. Não
precisamos complicar as coisas. Vamos direto ao ponto: trata-se de
formação, acompanhamento, esclarecimento e relação de proximidade.
Ao implantar-se esta condição, as devolutivas, ferramentas e
processos passam a fazer parte das expectativas funcionais.
Portanto, estabelecer os objetivos de treinamento e do que deve ser
retido como conteúdo essencial deve ser prioritário.
O movimento pela qualidade define os indicadores como parâmetros a
serem perseguidos para melhorar o desempenho, em vários aspectos de
uma área. Um programa de treinamento deve ainda estabelecer seus
próprios indicadores, para avaliar o pretendido x real, pois leva
sempre algum tempo para uma equipe assumir novas atitudes.
Treinamento não pode mais ser visto como atividade secundária,
somente acionada em caso de queda nas vendas, novas equipes ou
enfrentamento da concorrência. Deve ser contínuo, de formas variadas
e sempre com ênfase construtivista. Valorizar estas iniciativas,
equiparando-as em estrutura com áreas de alto poder persuasivo (como
ações de marketing e a própria propaganda, por exemplo), permite
atingir altos patamares de excelência. Estas condições são
determinantes para o sucesso de qualquer equipe. Desde que – é claro
– corretamente alocada em suas competências.
Mas, lembre-se sempre: nenhum “perfil perfeito” de contratação
substitui a formação e a integração de uma equipe. Temos que
desmontar o mito corporativo de que a contratação “perfeita” exime a
empresa de treinar e integrar seus colaboradores. Vale mais
contratar quem tem potencial para ser treinado posteriormente do que
um PHd ou candidatos com excesso de competitividade. Conforme
ilustra nossa vivência, normalmente eles se tornam líderes
negativos, pois um julga saber tudo e o outro não tem medidas para
sua ambição.
Luís Sérgio Lico é Filósofo e Consultor. Desenvolve Treinamentos e
Palestras em Excelência Profissional. Autor dos Livros: O
Profissional Invisível e O Fator Humano. Visite o site:
www.consultivelabs.com.br