O Valor da Marca
Por Frederico Rafael Vargas Rocha
05/11/2008
Marca é uma palavra germânica,
originária da Suábia, região da Europa
no séc. XVI. Seu significado pode ser
obtido através do verbete a seguir, de
acordo com Ferreira (1975, p. 887).
Marca. [Do suevo *marka, ou dev. De
marcar.] S.f. […] 2. Sinal que se faz
num objeto para reconhecê-lo: Pôs uma
marca nos embrulhos. 3. Desenho ou
etiqueta de produtos industriais:A marca
desta seda são três estrelas. 4.
Categoria, espécie, tipo: esta é a marca
preferida de café pelo mercado externo.
[…] De marca. 1. De qualidade; de
importância; marcante; personalidade de
marca.
Através de seu verbete podem ser
extraídas características e funções
relevantes da marca como a consciência
cultural de propriedade e
comercialização de produtos, além da
associação da marca com o valor, através
do termo cultural de marca.
Alguns dos significados de marca
encontrados no verbete anteriormente
citado são abordados por autores, como
Kotler (2000). A marca, segundo ele,
pode ser nome, termo, símbolo, desenho,
ou mesmo a combinação desses elementos
que têm a importante função de
identificar bens ou serviços de uma
empresa com o objetivo de diferenciá-los
da concorrência. Em conformidade, Aaker
(1998) afirma que
uma marca é um nome diferenciado e/ou
símbolo (tal como um logotipo, marca
registrada, ou desenho de embalagem)
destinado a identificar os bens ou
serviços de um vendedor ou de um grupo
de vendedores e a diferenciar esses bens
e serviços daqueles dos concorrentes.
Assim, uma marca sinaliza ao consumidor
a origem do produto e protege, tanto o
consumidor quanto o fabricante, dos
concorrentes que oferecem produtos que
pareçam idênticos (AAKER,1998, p. 7).
A marca, portanto, está atrelada,
principalmente, às funções de
identificar e diferenciar produtos e
serviços dos concorrentes, com o
objetivo de resguardar seus valores
intrínsecos.
Na Antigüidade, as mercadorias eram
distinguidas por sinetes, selos, siglas
e símbolos. Na Grécia, as cargas de
interesse especial eram anunciadas a
viva voz por arautos. Os romanos
escreviam mensagens com endereços de
pontos-de-venda de calçados e vinhos, e
a pintura auxiliava aos analfabetos a
identificarem os comerciantes e o que
eles vendiam. Na Idade Média, as
corporações e ofícios de mercadores
adotaram o uso de marcar como
procedimento para controlar a quantidade
e a qualidade do que era produzido.
Com a adoção das trademarks foram
adotadas medidas para o ajuste da
produção com a demanda do mercado. No
século XI, as marcas individuais
tornaram-se obrigatórias, adquirindo
sentido comercial (PINHO, 1996). No
começo do século XVI, os barris de
madeira, transportados pelas
destilarias, traziam gravado a fogo o
nome do produtor, evitando a
substituição por produto mais barato
(AAKER, 2000).
No início do século XX, devido ao
sucesso de marcas lançadas pelas
indústrias e divulgadas intensamente
pela publicidade comercial,
cooperativas, organismos oficiais e
grupos econômicos estimularam-se a
criarem e divulgarem suas marcas. A
crise de 1929 deslocou a publicidade de
produtos e marcas para uma forte
concorrência de preços. Após a Segunda
Guerra Mundial, surgiu uma nova era do
marketing na qual as marcas
estabeleceram expressões da economia
moderna por meio do uso de instrumentos
da comunicação mercadológica (PINHO,
1996).
O marketing moderno enfoca a criação de
marcas diferenciadas, lembrando que hoje
a construção de marcas é mais difícil do
que no passado, devido ao custo da
propaganda e à competitividade pela
multiplicação do número dessas marcas.
Só nos supermercados, por exemplo, são
lançadas três mil marcas todos os anos
(AAKER, 1998).
Ries e Trout (2002) retratam um problema
cujas conseqüências acabam por afetar
marcas de forma generalizada: o excesso
de comunicação na sociedade. São
veículos, meios de comunicação, ações de
marketing e propaganda crescendo em
volume, enquanto a capacidade do homem
em absorver tais informações continua
limitada. Esse cenário maniqueísta
resulta na progressiva ineficácia destas
ações, ou mesmo no exagero crescente da
utilização da propaganda para expor
grande volume de informações.