Vending ou Buying Machines?
Por Paulo Angelim
14/11/2008
Direto ao assunto: o mestre Peter
Drucker disse que “a função do marketing
é tornar as vendas dispensáveis”. Eu sei
que é polêmica esta declaração sobre a
ferramenta de Vendas, mas é fato que as
vending machines acabam por justificá-la
e até servem como exemplo. O ponto é
simples. Apesar das vending machines
cumprirem a função de mais um canal de
vendas para a indústria, principalmente
de bens de consumo mais susceptíveis ao
impulso, como bebidas e alimentos, na
minha opinião elas são uma das mais
fortes esperanças dos profissionais de
marketing que defendem a necessidade de
contínuos investimentos em branding
(gerenciamento de marca). Na verdade,
penso que os “branders” deveriam criar
uma medalha de honra ao mérito às
vending machines (VM) pelo papel que
elas cumprem em defesa das marcas. Vou
explicar melhor.
Você pode dizer que uma das variáveis
mais importantes na venda de produtos de
consumo através das VM é a localização
adequada das mesmas, em pontos de alto
fluxo e com visibilidade. Sim, isso é
importante. Mas de que adiantaria o
correto posicionamento das mesmas, se a
força da marca não fizesse o seu papel
de levar o consumidor a desejar o
produto que está sendo ofertado? De que
adiantaria colocar, em pleno corredor do
Shopping Iguatemi, uma VM com produtos
de marcas não trabalhadas, ou seja,
produtos de marcas de baixa percepção
junto ao seu público alvo? Ora, as VM
fazem seu papel logístico de levar os
produtos até onde o cliente está, é
claro. Mas Marketing e Vendas não são
uma questão só de logística física, mas
prioritariamente de percepção mental. É
aí que a marca forte faz sua festa.
Existem várias razões para alguém
comprar um produto de consumo.
Teoricamente, consideramos no marketing
que o impulso para consumir é sempre
determinado por uma necessidade não
satisfeita. Embasamo-nos nas teorias do
psicólogo norte-americano Abraham
Maslow, que defende a existência de 5
necessidades essenciais na natureza
humana – fisiológica, segurança, social,
estima e auto-realização. Considerando o
fato que a imensa maioria das VM são
canais de venda de bebidas e alimentos,
concluímos então que estão envolvidas no
ato de consumo de produtos em VM duas
necessidades fisiológicas básicas: fome
e sede. Alguém também pode consumir uma
bebida ou alimento para suprir a
necessidade de estima, ou seja, consome
para sentir o prazer de deliciar (enjoy)
o produto. Ou ainda para aplacar a
carência da necessidade social! Explico:
a turma da qual o garoto faz parte está
consumindo o produto, então o garoto
acaba por comprar também, para não se
sentir marginal, um “de fora”. Mas é
quase impossível imaginar que por trás
disso tudo não esteja a marca, fazendo
sua parte de aflorar a necessidade. Caso
contrário, qual seria então a razão da
existência de fotos tão estimulantes
decorando essas maquininhas? É lógico
que as fotos ali estão para comunicar e
reforçar os atributos da marca. Assim,
não é porque você está com sede, ou com
fome, que terá que se sujeitar à
primeira vending machine que lhe surgir
à frente. Antes de consumir, você
ponderará, mesmo que em milésimos de
segundo, se a marca ofertada atende ou
não à sua necessidade.
Conclusão: não basta usar a VM para
aumentar suas vendas. O empresário tem
que investir na construção de uma
percepção positiva de sua marca, ao
ponto dela não precisar de alguém para
vender o produto. Ou seja, a marca tem
que ser forte o suficiente para gerar no
cliente a vontade de comprá-lo. Que é
exatamente o que a vending machine faz.
Permite que o cliente compre algo,
tornando desnecessário alguém para
vendê-lo. Também não precisamos chegar
ao cúmulo de propor que as maquininhas
passem a se chamar buying machines. Isso
seria demais. Você só precisa entender o
conceito de que o branding não pode ser
ignorado.
E então, comprou a idéia?