E-Commerce e a baixa renda
Por Sandra Turchi
07/06/2010
O E-Commerce cresce no Brasil de forma consistente,
apresentando índices de faturamento superiores a 20%
ao ano, nos últimos anos, o que se mantiveram
inclusive em 2009, considerado um ano de crise
econômica mundial. Tivemos mais de dez bilhões de
reais em vendas pela web nesse ano.
Temos mais de setenta milhões de usuários de
internet, ou seja, aproximadamente 40% da população,
esse número é superior à população total de muitos
países, tais como França, Itália e Espanha. Hoje,
existem quase quinze milhões de e-consumidores
brasileiros, que cada vez mais estão perdendo o
receio de fazer transações financeiras e de comprar
pela internet.
A cada dado verificado torna-se clara a necessidade
do varejo estar presente nesse universo. Há o
fortalecimento de grandes operações como é o caso da
Casas Bahia e Ponto Frio, do Grupo Pão de Açúcar,
que ameaçará a hegemonia do grupo B2W, detentor das
marcas Americanas.com e Submarino. Além disso, o
WalMart investiu R$ 25 milhões no seu portal de
comércio eletrônico. Muitas pequenas e médias
empresas também estão se ajustando para divulgar
suas campanhas on-line e para estabelecer seu
próprio negócio virtual.
Há muitos casos de companhias nacionais que criaram
blogs para dialogar de perto com seus clientes, além
de empresas, como as montadoras de veículos e as
construtoras de imóveis, que têm investido muito
nesse canal de venda, pois detectaram que quase
todas as transações realizadas passaram antes por
uma pesquisa na web para coleta de mais informações,
para ver indicações, enfim, a pré-venda está sendo
feita por caminhos digitais.
Observando pelo lado dos consumidores, as classes de
baixa renda têm sido as grandes responsáveis pelo
crescimento contínuo das vendas. Segundo pesquisa
elaborada pelo instituto Data Popular para a
Associação Comercial de SP, junto aos paulistanos,
da classe C, por exemplo, aproximadamente 25% já
compraram on-line e nas classes DE já ultrapassa os
7%. Mais de 26% do público citou ter interesse em
comprar presentes no último natal pela internet.
Outro ponto importante levantado pela pesquisa é que
28% do público sempre lêem as propagandas enviadas
por email e aproximadamente 50% às vezes lêem.
O medo com relação à segurança ainda é muito
presente junto às classes DE, pois mais de 50%
manifestaram que acham a internet insegura para
compras. Embora hoje no Brasil grande parte do
acesso à internet seja feito fora de casa (aprox.
50%), utilizando computador de terceiros, trabalho
ou mesmo as lan-houses, esse público manifesta
abertamente seu interesse por um melhor acesso, via
banda larga, pois quase 60% do público pretendem
adquirir um computador ligado à rede e com banda
larga!
Sendo assim, é de suma importância que as empresas
se adequem urgentemente se quiserem ampliar suas
vendas via web e vender a esse perfil de público.
Deverão adaptar seus sites, tornando-os mais
práticos, com melhor usabilidade, bem como suas
operações de E-Commerce, permitindo acesso rápido e
fácil aos produtos desejados e adequando sua
linguagem aos diferentes públicos, como por exemplo
o feminino, o infantil, entre outros.
Torna-se imprescindível evitar termos técnicos,
muitos passos e clicks até chegar ao final, e acima
de tudo, oferecer segurança, através de
certificações que comprovem que o site é de uma
empresa idônea e que o consumidor poderá comprar sem
medo de não receber o produto ou de ter seu cartão
de crédito clonado.
Sandra Turchi é graduada pela FEA-USP, pós-graduada
pela FGV-EAESP e MBA pela Business School São Paulo
com especialização pela Toronto University e em
empreendedorismo pelo Babson College em Boston. É
superintendente de Marketing da Associação Comercial
de São Paulo (ACSP) instituição que administra o
SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito). Site:
www.sandraturchi.com.br - Twitter:
http://twitter.com/SandraTurchi