10 Dicas para Preparar Equipes de Vendas
Por Luís Sérgio Lico
25/04/2008
Nossa percepção não nos dá,
necessariamente, o conhecimento. No
entanto, realidade pode ser aproximada à
percepção! Percebemos, mas podemos não
conhecer. Por isso, precisamos de uma
segunda etapa, reflexiva, para nos
situarmos em nossa ação no mundo: os
sentidos são facilmente enganáveis e,
com eles, nossa razão. Isto ocorre,
porque a inteligência é um instrumento,
um seletor de opções. O que esteja fora
de nosso alcance utilitário não será
objeto de nossa atenção, deixando,
portanto, automaticamente de existir.
Resumo: O que é real é aquilo com que
nos relacionamos.
Não sentimos que a Terra gira sob nossos
pés. Além da gravidade e da imensa
massa, o movimento de rotação demora 24
horas para se completar. Portanto
ignoramos este fenômeno em nossa vida
diária. Outras situações também podem
enganar nossa percepção, como dirigirmos
um confortável automóvel com tração
automática. Quase não sentimos a
aceleração ou a troca das marchas e
mesmo a nossa visão, tão sensível, está
concentrada no panorama à frente.
Portanto, pouco se percebe da grande
distorção lateral das imagens causada
pelo deslocamento do veículo.
Em outras palavras: o que nos é claro e
distinto está apenas no foco de nossa
atenção, o entorno se perde, subsumido
pelas prioridades. Pela lentidão dos
grandes processos, quase imperceptíveis,
ou pela urgência com que ocorrem
situações pontuais, deixamos de perceber
os detalhes. E eles fazem toda a
diferença quando se trata de tomar
decisões.
Levando estas constatações para a
atividade profissional, identificamos
que nas chamadas relações com a
realidade “de mercado”, nossos
instrumentos e decisões podem ser também
influenciados pelas mesmas situações.
Deixar-se amortecer pela rotina e seus
processos ou sentir-se desnorteado pela
velocidade das mudanças em volta é mais
comum que se pensa! As transformações
atingem todos os setores, principalmente
o varejo. É preciso treinar para agir
rápido e decidir melhor!
Com produtos oferecidos ao mercado cada
vez mais parecidos, discursos
semelhantes, estratégias aproximadas e
grande concorrência, a competência para
criar diferenciais competitivos - a
partir de ações de venda consultiva -,
passa a ser um imperativo. Ter uma área
comercial capaz de interpretar e
traduzir corretamente as demandas do
mercado é hoje uma condição fundamental
para aumentar o índice de aproveitamento
de oportunidades.
A venda - neste panorama entendida em
uma visão sistêmica - deve permitir aos
profissionais que a operam se voltarem a
construir estratégias em seu
relacionamento com os clientes. O ato de
vender não deve ser mais considerado
sinônimo de convencer a comprar: É
preciso que todos os membros da equipe
se posicionem junto aos clientes como
solucionadores. Também não se trata do
velho e batido discurso do encantamento,
mas sim, de uma postura de Gestão
Comercial. Como? Exatamente: Toda a
equipe deve gerir as vendas e não
somente o cara da sala envidraçada.
O vendedor-solucionador é aquele que se
convenceu que está um passo adiante de
todos os demais. Sabe o que faz, porque
faz e quais as vantagens que terá ao
agir assim. Seu sucesso não depende
apenas de seus esforços e seu
conhecimento, mas de sua integração à
missão da empresa, por isso é capaz de
superar obstáculos e bater metas: ele
gerencia sua atividade com o suporte
oferecido.
Mas, para isso é preciso exercer uma
liderança participativa e contar, às
vezes com uma assessoria. Baseado em
nossa experiência, relacionamos algumas
das providências básicas a ser tomadas
pelo gestor das equipes de vendas, para
preparar a formação de equipes com este
tipo de diferencial:
1 – Mapear o Conhecimento do Mercado e
seu Entorno:
Conhecer as necessidades dos Clientes,
suas atividades e problemas. Conhecer os
fatores que influenciam nas vendas, as
formas de atuação, como ele chega até
você, quais as políticas de vendas da
concorrência.. Conhecer também a
linguagem apropriada para o
corpo-a-corpo e persuasão.
2 – Desenvolver o Conhecimento Total
sobre o Produto:
Conhecer profundamente sua linha de
produtos/serviços e as da concorrência:
os benefícios que oferecem para a
solução dos problemas dos Clientes, as
vantagens e características técnicas de
cada produto/serviço. Conhecer as
aplicações, limitações técnicas e
funcionais de seus produtos. Equipes
devem ser testadas nestes quesitos de
forma agradável e que favoreça o
crescimento.
3 – Planejar a Rotina de Trabalho:
Organizar o trabalho distribuindo o
tempo e preparando uma agenda e
cronogramas. Planejar as rotinas,
abordagens, apresentações, promoções.
Estabelecer objetivos de longo prazo e
cumpri-los. Faça reuniões rápidas de
manhã. Estabeleça metas inteligentes e
mantenha a motivação em alta: Se o Líder
não conseguir comunicar o que quer dizer
Vencer, nada irá dar certo com a equipe.
4 – Enfrentar Desafios:
Identificar as atividades dos Clientes.
Orientar os Clientes quanto ao
produto/serviço necessário. Desenvolver
uma visão racional do processo. Conhecer
o perfil do público que vai à sua loja
ou empresa. Observar e interagir
positivamente: Preço, Funcionalidade ou
Design? Isto significa também, enfrentar
as fraquezas da corporação.
5 – Assessorar Clientes:
Satisfazer os desejos de seus clientes
oferecendo o que é adequado à sua
necessidade. Ensine a equipe a observar
as normas e políticas de vendas da
empresa ao finalizar a operação.
Desenvolva uma relação sólida e
duradoura entre a empresa e o Cliente.
Nada adianta vender se ele é maltratado
quando reclama garantia ou quando vem
apenas perguntar o preço. Encantar não é
peça de romance – como pregam muitos
gurus de auto-ajuda corporativa – mas
sim realidade objetiva.
6 – Gostar de Gente:
Atender sua clientela pressupõe gostar
de pessoas, interessar-se pelo lado
humano. Isto envolve psicologia,
estratégia e sensibilidade também. Uma
loja vazia ou com rodinhas de vendedores
e prateleiras desarrumadas afugentam os
Clientes. Excesso de cortesia também
afasta. Saiba manter uma distância
confortável e esteja pronto a ajudar ao
menor sinal dado pelo cliente. Insista
nisto!
7 – Evitar Frases Feitas e Táticas
Desgastadas
Além de saber detalhes sobre móveis e
noções de decoração, deve ser
estratégico e sempre estar reciclando
suas posições e discursos. Nada pior
para as vendas que frases batidas e
velhas táticas:
Vai por Mim! Pedir por confiança cria
resistência psicológica para se fechar a
venda. Você iria?
Ninguém Vende mais Barato do que Nós.
Ninguém? No seu planeta não tem
Internet?
Está na Promoção: Venda sempre
Benefícios e não Preço. O Cliente sabe o
que é caro para ele.
Não há Nada Melhor! Esta frase aciona o
desconfiômetro do cliente, fazendo-o
desistir da compra.
Nunca e Sempre: Soam como exagero, como
ações de esticar, esconder ou encolher a
verdade.
8 – Preparar-se para o Futuro:
Não haverá futuro longe da educação
continuada e melhor qualificação.
Imagine o quanto é horrível ser atendido
ou liderado por alguém que não fala
corretamente o português, erra
especificações ou confunde conceitos
básicos sobre o segmento onde atua. Crie
um perfil de competências correto na
hora de contratar sua equipe e exija o
cumprimento com base em um diálogo e não
em ameaças.
9 – O Cliente nem Sempre têm Razão:
É preciso desfazer este mito: O Cliente
nem sempre sabe o que quer ou tem 100%
razão em seu relacionamento conosco.
Nosso trabalho é justamente orienta-lo
para a melhor compra e dar o
direcionamento correto. Atender dentro
de um alto padrão de qualidade,
compromisso e respeito.
10 – Venda sem Esforço: Venda
Inteligentemente.
Há muitos detalhes que fazem diferença
para suas operações. Você os conhece?
Sua experiência de vida está sendo
utilizada? E a sua intuição? Esteja
atento para seus fluxos e índices.
Criatividade é fundamental para o
sucesso. Não abra trincheiras, construa
pontes. Reflita, Previna e Solucione!
Luís Sérgio Lico é Palestrante e
Conselheiro Organizacional. Mestre em
Filosofia e Especialista em Gestão do
Comportamento. Autor dos Livros: O
Profissional Invisível e Fator Humano.
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