As 7 Leis da Liderança Eficaz
Por Luís Sérgio Lico
02/02/2010
Dizem que existe um mistério no mundo e
ele se reflete na causalidade, ou seja,
na forma pela qual as coisas acontecem
deste ou daquele modo. Nas organizações
não poderia ser diferente, só que é mais
simples de analisar que o mundo em suas
complexas inter relações, pelo menos é
um ambiente restrito. E neste ambiente,
nada mais importante que saber fazer as
coisas acontecerem em suas programações
esperadas, ou seja liderar. Mas o que é
importante mesmo para um líder?
Basta dar uma busca pela internet e ver
o resultado quando o tema é liderança.
Centenas de pessoas falam sobre
liderança, suas vantagens e
necessidades. A maioria chove no
molhado, ao dizer que o líder é isso, o
líder deve fazer aquilo, repisando os
velhos modelões de gestores
autocráticos, liberais, situacionais e
por aí vai. Enfim, é preciso ter
estômago para fugir da obviedade que se
instalou neste segmento, principalmente
quando meditamos sobre como o mundo
virtual acaba empobrecendo, e não
enriquecendo, a soma do conhecimento
humano. Tornar mais fácil achar
determinado assunto, não significa que
ele é de qualidade, que digam isto os
artigos que vemos pela web e que não
passam de Ctrl C + Ctrl V dos que
escreveram antes, num mix alienígena,
personalista ou hiperconvencional.
Também é verdade que não se pode, neste
ponto da história humana pretender ser
original, mas sim, saber perguntar.
Pensando nisto, e revendo aquilo que a
experiência ensinou, aliado à informação
que nos chega aos montes por diversos
canais de comunicação, podemos operar
sínteses, ou seja postular que aquilo de
mais importante para uma liderança pode
ser expresso em poucos e determinados
comportamentos decisivos. Na verdade,
estamos falando de empenho e eficácia na
gestão. Quais são estes comportamentos?
Vejamos um pequeno resumo abaixo, destes
principais itens, deixando para um
próximo artigo descrever as suas
dimensões:
1 – A liderança não é um ato isolado ou
sinfonia metafórica de atitudes
personalistas que no final da carreira
gera um livro e transforma alguém em
guru de consultores e Ceos carentes.
Mas, sim um processo de atuação. Se
pararmos de ser líderes por um instante,
a linha pára e nada mais se produz. Há
um caráter sistemático e motivacional em
estar-se sempre atuando como líder.
2 – Não trabalhe muito. Isto não basta.
É preciso trabalhar muito e trabalhar
bem. Os líderes devem, obrigatoriamente,
mostrar a camisa suada e as mangas
arregaçadas, todo o tempo. Devem ser
humildes o suficiente para dizer por
todos os poros à sua equipe: Façam como
eu! A inspiração decorre de como a
liderança trabalha e, principalmente
como trabalha.
3 - É preciso criar desafios e metas e
sempre renová-los, quando são
alcançados. Ninguém pode motivar alguma
equipe, caso não lance mão de objetivos
renovados. Mas, atenção: as metas devem
ser inteligentes (smart), quer dizer:
específicas, mensuráveis, alcançáveis,
realistas e com prazo para entrega dos
resultados. Além do mais, devem
considerar se a equipe está ou não
preparada para atingi-las e, também se a
organização oferece as mínimas condições
para isto. Criar metas insustentáveis e
gritar com todos para atingi-las é o
cúmulo da ignorância.
4 – As experiências vividas dentro do
ambiente confinado de uma organização,
devem ter uma perspectiva de curto,
médio e longo prazo. Além do mais, devem
contribuir para que as relações
internas, o clima e os processos sejam
melhorados e que proporcionem ganhos a
todos (inclusive financeiros). Assim, o
líder deve cuidar para que suas
iniciativas sejam sustentáveis, ou seja,
que por sua excelência de padrões,
acabem entrando no Dna na empresa e
contem, desde o start up, com a adesão
dos colaboradores e da própria cultura
organizacional. Líderes inspiram,
sempre.
5 – O líder deve primar por uma gestão
transparente. Isto quer dizer, que as
pessoas devem saber o que se passa. Como
é que se vai conseguir adesão, se não se
sabe o que está acontecendo. Além de
trabalhar bem, de ser ético e justo,
diga a todos o que está fazendo e para
onde queremos ir com estes esforços,
tarefas e projetos. Isto elimina boatos
e desestimula a rádio-peão. Não esconda
o horizonte dos colaboradores com nuvens
negras e ameaçadoras, típicas dos
discursos menores, do tipo: ou fazemos
isto ou seremos obrigados a reduzir os
quadros ou seremos punidos pela direção.
Ninguém aguenta trabalhar sob o tacão de
ameaças veladas, estratégias de disfarce
e sugestões subliminares. Diga sempre a
verdade, com amor.
6 – Seja humano. Isto quer dizer que
você deve compartilhar suas idéias (e
até temores) com as pessoas de sua
equipe. Conte sua história, deixe que os
colaboradores sintam que você não é um
ogro insensível e que só fala a língua
das planilhas. Evidencie seu esforço
para todos e deixe bem claro o tipo de
comprometimento que espera e como pode
ser alcançado. Perdoe algumas falhas
menores, mas nunca releve sérios
defeitos de caráter. No trabalho, seja o
coach daqueles que precisam de
desenvolvimento e nunca se esconda atrás
de sua secretária. Seja gentil e
atencioso, o que significa, no mínimo
ser educado. Não cobre nada que você não
possa fazer por si mesmo.
7 – Cumpra sempre sua promessa. Se
conseguir manter sua palavra, terá o
respeito, comprometimento e a admiração
de todos. Não importa o que tenha dito,
cumpra! Mesmo se precisar por força das
circunstâncias voltar atrás, tente
resolver a situação de forma ética.
Deste modo, a melhor maneira é saber o
que fala para não ter que engolir suas
próprias palavras. Ninguém respeita o
falastrão, aquele que promete mundos e
fundos e não entrega nada, ou entrega
muito pouco. Pergunte a si mesmo: Você
manteria em sua equipe alguém assim? Use
a sabedoria dos antigos: Deixe que sua
reputação chegue nos lugares, antes que
você.
Naturalmente, estes são pequenos
indicadores de comportamentos adequados
para a liderança moderna, o que não
exclui toda a soma de competências
técnicas necessárias e desejáveis. O que
importa, nestes tempos de grandes
mudanças é fazer com que as atitudes
possam gerar situações enriquecedoras e
sinérgicas e não o contrário. Muitas
empresas ainda confundem entrega de
resultados com açoitamento e traduzem
gestão por objetivos por intimidação.
Não que, às vezes, possamos colocar um
pouco mais de pimenta no molho, mas nos
olhos dos outros nunca é refresco. Quem
é líder sabe até onde pode esticar a
corda, quem é apenas chefe, não. O líder
planeja tudo e assume responsabilidades,
o chefe joga a culpa dos fracassos na
equipe.
Por isso, ainda é necessário escrever
sobre a liderança, mesmo que seja para
oferecer uma perspectiva diferenciada,
sobre a banalidade do tema. Liderar é
fazer bem feito, mesmo quando não tiver
ninguém olhando. É conjugar três verbos
numa ontologia do presente: saber, fazer
e querer. O que falta, mesmo é
capacidade para estas funções. Eu diria,
humanidade, também. Se você é ou quer
ser líder, comece por praticar estas
pequenas leis. Se você for sincero em
sua busca, descobrirá outras, melhores e
maiores. E assim, poderá verdadeiramente
ser um exemplo inspirador para todos os
que estão à sua volta e, quem sabe para
as gerações que virão.
Luís Sérgio Lico é Palestrante e
Conselheiro Organizacional. Mestre em
Filosofia e Especialista em Gestão do
Comportamento. Autor dos Livros: O
Profissional Invisível e Fator Humano.
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