Os 9 Planos Topográficos do Mercado
Por Luís Sérgio Lico
02/01/2008
De uns dez anos para cá, pudemos notar
que com mais empenho, as forças
produtivas do mercado se organizam em
função de analisar suas próprias
relações. Este movimento de olhar a si
mesmo, que em epistemologia se chama
“dobra”, ganhou velocidade com as
importantes contribuições de pensadores
já “clássicos”, como Porter, Drucker e
muitos outros.
No entanto, não somente podemos viver a
falar de forças, nem de relações ou
modelos de clusters. O dinamismo e a
velocidade das transformações impõem um
ritmo alucinante e, logo mais - isto
que, para a maioria ainda é novidade -
receberá outro poderoso influxo de
moldes topográficos, dialógicos e
topológicos. A análise diagnóstica
entrará com força total em nossas vidas.
Sendo assim, eu tentarei detalhar o que
se pode esperar para estes movimentos,
que, apesar de serem mais conhecidos em
filosofia e matemática, começam a ganhar
espaço de reflexão nas áreas
corporativas. Convencionalmente, espaços
topológicos são estruturas que permitem
a formalização de conceitos tais como
convergência, conexidade e continuidade,
atuando como noção unificadora central.
Dialógico significa plural. Topográfico,
os desníveis e panoramas. Diagnosticar é
apontar.
Para tentar desvendar este novo
“segredo”, eu resumi o conteúdo em
planos de intersecção, com as perguntas
e objetivos principais. Claro que é um
resumo, pois este assunto não se esgota
num artigo. A noção de planos que se
entrecruzam deverá nortear o que
entendemos por relações com o mercado e
com as estratégias empresariais. Do
varejista ao conglomerado que domina
toda a cadeia produtiva, ninguém estará
isento de participar de uma revolução
das simulações e mapeamentos.
Por enquanto, devemos nos preparar para
a aplicação em nove planos convergentes.
São eles:
1- Geo Marketing:
Pergunta: Onde estão?
Ação: Infiltrar, Reconhecer e Combater
Objetivo: Identificar a Topografia e
Acidentes (Concorrentes/Público/BI)
2- Psico Marketing:
Pergunta: O que faz? (Você seguro? Você
feliz?)
Ação: Criar campo transcendental neutro
e aprazível (Compra e Comunicação)
Objetivo: Eliminar resistências internas
+ Formar Experiências para compra futura
3- Fisio Marketing:
Pergunta: O que tem lá? (que valha a
pena ir para conhecer?)
Ação: Vencer a inércia do consumidor e
eliminar zonas de conforto (ampliar raio
de ação)
Objetivo: Formar zonas intermediárias
e/ou clusters variados (novos “pólos”)
4- Cultural Marketing:
Pergunta: Como se fazem as coisas por
lá? (o que querem realmente e como são?)
Ação: Formar a aceitação e métodos para
reconhecê-la
Objetivo: Produção de novas demandas e
maior share
5- Lobby Marketing:
Pergunta: Qual o caminho mais curto?
(existem outros acessos?)
Ação: Evidência, pressão e antecipação
Objetivo: Influenciar escolhas,
decisões, espaços e ganhar concorrências
6- Trade Marketing:
Pergunta: O quanto podemos participar?
(que ações funcionam no PDV?)
Ação: Promoção Inteligente, Ostensiva e
Estratégica
Objetivo: Controle do PDV e do melhor
espaço no mercado (impacto + venda +
imagem)
7- Endo Marketing:
Pergunta: Como somos compreendidos?
(Isto ocorre? Quando ocorre? Em que
nível?)
Ação: Alinhamento Organizacional para um
perfeito comando de tropa
Objetivo: Contar com toda a cooperação
dos colaboradores (compreensão da
Missão)
8- RSE Marketing:
Pergunta: O que é Nossa
Responsabilidade? (Social, Trabalhista e
Ecológica?)
Ação: Neutralização de impactos e
sustentabilidade (não só ecológica, mas
todos os setores)
Objetivo: Amortecer e sanear quaisquer
aspectos negativos na organização
9- Philo Marketing:
Pergunta: Quais objetivos são legítimos
e sustentáveis?
Ação: Ética reformuladora e processos
sustentáveis
Objetivo: Comando racional do processo e
conscientização a longo prazo.
Como vêem, existem algumas novidades em
relação à visão de mercado, que não se
esgotam num simples planilhamento de
vendas ou previsões de retorno. Estas
simulações pressupõe ter-se em mente um
horizonte de realização de progresso.
Mas, um progresso que seja seguro e, à
cada ação implementada esteja,
automaticamente, banindo os
desequilíbrios.
Naturalmente não podemos viver de
taxinomias ou materialidades
processuais, no entanto são claras as
indicações de mudanças com base em
horizontes estratégicos sustentáveis.
Aliás, este conceito deve migrar do
entorno social e ecológico, diretamente
para sua empresa.
Não se trata de escolha ou tendência,
mas condição de necessidade. A próxima
esfera de eventos trará consigo uma
resposta à pergunta que ainda não
compreendemos: colonizaremos o sistema
solar ou voltaremos à Ilha de Páscoa?
Luís Sérgio Lico é Palestrante e
Conselheiro Organizacional. Mestre em
Filosofia e Especialista em Gestão do
Comportamento. Autor dos Livros: O
Profissional Invisível e Fator Humano.
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