Ao adiar compras não estarão os clientes
penalizando o ROI?
Por Miguel Cristovão
16/01/2009
Ou perguntando de outra forma: o que
estarão a perder os Clientes por adiarem
compras ? Haverá nisso um custo de
oportunidade perdida ? Esta é uma
preocupação que se pode enfatizar para
se começar a perceber quais as
prioridades do Cliente, seus problemas e
objetivos, e talvez depois, nós o
possamos ajudar. E isto, por seu turno,
ajudará os Clientes a sentirem-se mais
confortáveis. Pergunte-se diretamente ao
Clientes: “Se tivesse ordens para não
adiar compras, o que faria ? Como
poderia eu então ajudá-lo ? “
Uma vez que se tenha essa informação,
poderemos muito mais facilmente
estabelecer a “ponte” com o que é
importante para o Cliente. E, quanto
mais se demonstrar e quantificar o atual
ROI ou a atual poupança, mais facilmente
o Cliente verá o benefício da nossa
oferta e então sim, ele poderá estará
disposto a investir. Também ter presente
que a pessoa a quem estamos a vender
pode necessitar de "vender" isso a outra
pessoa, e que aí poderá estar parte da
razão para a hesitação. Se assim for,
temos de saber tudo o que for possível
sobre essa pessoa também envolvida no
processo de decisão e o que a motiva a
comprar.
O fato é: na atual situação econômica
muitas empresas “trancaram” as compras.
Apesar de todo o valor da proposta que
se possa fazer ou do ROI que trará, o
Cliente poderá estar financeiramente
asfixiado. Mesmo neste caso, há ainda
algumas coisas que se podem e devem
fazer:
a) Verificar se efetivamente o Cliente
tem problemas financeiros, ou se está a
utilizar isso como uma álibi para não
comprar ;
b) Verificar se efetivamente o Cliente
tem uma real necessidade do nosso
produto ou serviço;
c) Rever a nossa análise de valor e
confirmar o efetivo ROI;
d) Trabalhar com o Cliente de forma a
saber quem é o verdadeiro decisor. Pode
ser que o nosso contacto esteja
“momentaneamente de mãos atadas” mas que
haja alguém que tenha mais poder para
comprar.
Ou pode ter-se uma aproximação
diferente... Antes de tudo, temos de
saber se aquilo que vendemos é o que o
Cliente precisa. Se a resposta é sim,
temos de saber para que o nosso produto
ou serviço lhe servirá:
1. Para ganhar mais quota de mercado
2. Para incrementar eficiências na sua
operação
3. Para oferecer qualquer benefício ao
seu mercado
Apesar de tudo, há um conceito cada vez
mais enraizado de que "As empresas
ganham dinheiro nos bons tempos, mas que
as empresas ganham muito mais dinheiro
em tempos difíceis desde que estejam
dispostas a investir" e há uma diferença
ENORME entre cortes de custos e gestão
de custos. O problema é que alguns
gestores não só não entendem essa
diferença, como a confundem e a
baralham. Para ilustrar, conte-se a
história do “cafezinho”: quando há que
reduzir despesas, o primeiro a sofrer é
o café que a empresa até aí
disponibilizava gratuitamente aos
colaboradores. Ficam felizes os gestores
porque reduzem um custo mas
“esquecem-se” de contabilizar as perdas
de produtividade por quebra de motivação
dos colaboradores. Por isso, quando o
Cliente confunde cortes com gestão de
custos, pode ser boa idéia perguntar o
seguinte:
• Se os seus concorrentes também estão a
fazer cortes na promoção, será que não
faz sentido o Cliente aumentar o
investimento para “capturar” novos
clientes?
• Se os seus Concorrentes estão a cortar
nas despesas de deslocação da equipe de
vendas, será que não faz sentido a
equipe de vendas do nosso Cliente estar
mais presente no mercado ?
• Se os seus Concorrentes estão a
diminuir o investimento em ferramentas
que aumentam a eficiência, será que não
faz sentido o nosso Cliente investir
nisso e promover esse modo de
investimento ?
Acredito que esta é a altura DE FAZER UM
MOVIMENTO ! A experiência diz que a
probabilidade de sucesso para fechar
negócios é mais baixa em períodos
difíceis da economia. Mas é também
quando surgem os maiores desafios e
oportunidades para qualquer Equipe de
Vendas, desde que este esteja atualizada
em termos de fundamentos e técnicas.
Depois, é só acreditar na Lei de Darwin:
no final sobreviverão os mais aptos.
Miguel Cristovão é Pós-Graduado em
Gestão de Marketing e Mestrado em
Estratégia e Desenvolvimento
Empresarial. Experiência de quase 20
anos nas áreas de Marketing e Vendas,
com funções em empresas como 3M , Tudor,
ABB-Adtranz e Sixt. Atualmente na
Samsung Portugal, Mobile Divison, com a
Gestão de Grandes Contas. Membro ainda
da APPM - Associação Portuguesa dos
Profissionais de Marketing, do Clube da
Negociação e palestrante convidado de
Seminários do IIR - Instituto for
International Research.