Um ambiente agradável a gente vê pelo
cheiro
Por Luiz Renato Roble
12/06/2009
É normal alguém chegar em um lugar e
alertar o dono da casa dizendo: Ei, está
cheirando gás, não é bom ver o que é? O
proprietário, assim como as pessoas que
já estão no ambiente, sente dificuldade
em perceber o cheiro, porque este
começou e foi aumentando aos poucos e as
pessoas vão, gradativamente, se
acostumando com aquela situação.
Muitas vezes, ao entrarmos em lojas,
escritórios e empresas, deparamo-nos com
coisas que nos causam, de imediato um
incômodo muito grande. As pessoas que
trabalham ali, entretanto, nem se dão
conta disso. E não é porque não se
importam com o problema. É simplesmente
porque nem percebem a situação.
Certa vez, por exemplo, freqüentei um
consultório médico para fazer um
tratamento.
O ambiente era dominado por um lustre,
típico da década de 70, feito de vidro
vermelho. O lustre fazia com que a
incômoda e onipresente luz vermelha
imperasse em todo o espaço, alterando as
cores de tudo, deixando o ambiente
avermelhado e escuro, parecido com uma
câmara de revelação fotográfica. Se a
assistente do médico entrasse, de
repente, pela porta fazendo um caliente
strip-tease, a performance estaria
perfeitamente em harmonia com a
ambientação do consultório. O mais
interessante é que, ao contrário dos
clientes, o médico e a sua assistente,
que era a filha dele, já estavam
acostumados e não se incomodavam com o
tal lustre e nem com a radiação de luz
vermelha que ele produzia.
No ponto extremo dessa escuridão
abissal, existem ambientes que
apresentam iluminação com claridade
excessiva, como certas farmácias com
suas luzes brancas apocalípticas, que
espantam qualquer um. Quando se trata de
uma farmácia ou um açougue, o excesso de
luz branca é até perdoável. Mas o que
dizer quando esse tipo de iluminação é
utilizado para lojas que vendem
confecções ou móveis, que têm as cores
dos produtos expostos totalmente
alteradas?
Além da iluminação, outro ponto que
incomoda em certos ambientes é o
conforto, ou no caso, o desconforto
sonoro. Todos já estivemos em lojas cujo
volume da música ambiente é tão alto,
que para se fazer ouvir em seu interior,
é necessário gritar ou fazer mímica aos
vendedores. Nesse tipo de loja, onde o
que rege a contratação dos vendedores é
apenas a aparência visual deles, a
música é utilizada para atrair o público
para dentro da loja. A intenção é boa, o
problema é que o público, com todo
aquele barulho, não consegue permanecer
ali dentro.
Além do som, é preciso cuidar do próprio
ar que se respira. Lojas, escritórios,
bares e restaurantes que, para entrar, é
preciso cortar uma camada espessa de
fumaça de cigarro, são lugares altamente
afugentadores dos quais, não se sente
prazer de entrar ou permanecer no seu
interior, quem dirá de comprar alguma
coisa. Esta semana entrei em um
restaurante de frutos do mar, onde
avistei num canto, uma sala pequena e
escura, com uma placa em cima da porta:
“Reservado a não fumantes”. Engraçado,
não deveria ser o contrário?
Na verdade, quando se passa muito tempo
em um determinado lugar, não se sente as
coisas da mesma forma que alguém que
acabou de entrar ali, sente. Portanto,
pense bem se a iluminação da sua empresa
é funcional e atraente, se o som
ambiente contribui ou apenas incomoda
(caixas de som fanhas ou rádios mal
sintonizados, comprometem), se
determinadas resoluções são as mais
inteligentes e também, se o cheiro é
agradável.
Questione se não há odor de cigarro,
charuto, mofo, bolor, pó, umidade,
incenso ou outros mal cheiros. O ideal é
desenvolver e adotar um aroma agradável
e personalizado para marcar o ambiente.
Desta forma, as pessoas vão reconhecer
sua empresa pelo cheiro. Através da
visão, da audição e também, do olfato,
sua empresa estará, marcada
positivamente, ou não, na memória das
pessoas. A decisão é sua!
Luiz Renato Roble
criacao@datamaker.com.br
Designer e Diretor de Criação da
Datamaker Designers www.datamaker.com.br
Fonte: Datamaker