Aprendendo com a política
Por Reginaldo Rodrigues
17/09/2010
Dia desses falei em uma palestra que
campanha eleitoral pra mim se compara a
uma Copa do Mundo, dado meu envolvimento
profissional e pessoal. No mesmo momento
ouvi alguém da plateia comentar: “Tem
gosto pra tudo”. Minha história com a
política, na prática começou em 1989,
quando, juntamente com alguns amigos
caminhamos ao lado do então candidato
Luiz Inácio Lula da Silva pelas ruas de
Divinópolis, cidade do interior de Minas
Gerais. Naquela época torcer e fazer
campanha pelo Partido dos Trabalhadores
era sinônimo de rebeldia e protesto, era
paixão pura. Desde então sempre estive
envolvido de alguma maneira nas
campanhas, hoje, porém, sem paixão.
Política pra mim é trabalho, ótima
possibilidade de negócios.
Sem nenhum idealismo, a minha
preocupação é trabalhar estrategicamente
para que meus clientes sejam vencedores
nos pleitos. Portanto, em qualquer
eleição, o melhor candidato, sem dúvida
é aquele que nos contrata, independente
de ideologia, partido ou convicções.
Como profissionais da política buscamos
as informações nas entrelinhas,
observamos todos os detalhes pelo viés
do Marketing. As cinco campanhas atuando
profissionalmente me proporcionaram o
privilégio de saber o que funciona e o
que não dá certo no período pré-eleições
na busca pelos votos.
O primeiro dia de campanha pelo rádio e
Tv já deu uma noção do que viria a
seguir neste ano de 2010. O programa de
rádio do candidato José Serra foi muito
bom, deu um show nos demais. Com textos
criativos e envolventes, interpretações
perfeitas dos comunicadores conseguiram
prender a atenção de quem ouvia. Em
contra partida na televisão acorreu o
inverso, a equipe de Dilma Roussef foi
mais eficaz, focando na sensibilidade
dos telespectadores. Ficará sob
responsabilidade de um dos dois a
liderança do país pelos próximos anos e
a escrita de mais páginas no Livro
Brasil. Deixando paixões partidárias de
lado, todos os presidentes tiveram
importante papel na escrita dessa
história recente.
O que o país vive hoje começou com
Fernando Collor, se lembram da abertura
de mercado? Itamar Franco, Fernando
Henrique, Lula e o Brasil crescendo e se
firmando no cenário mundial. É
hipocrisia e falácia qualquer um dos
líderes citados quererem assinar o
“Projeto Brasil”. Vez por outra vemos um
deles “batendo no peito” e dizendo eu
fiz. Em todas as administrações temos
que abrir parênteses para denúncias de
corrupções e fatos que evidenciaram as
mazelas sociais e desrespeito com o ser
humano e com o povo em várias esferas.
Todos os governos tiveram virtudes e
falhas.
Voltando à campanha, a candidata do
Partido Verde Marina Silva, terceira
colocada, não inovou e seu discurso foi
pautado no meio ambiente, como já era de
se esperar. Coube aos demais canditados
reclamarem do tempo destinado a eles na
mídia e criticar de maneira veemente as
políticas públicas brasileiras, como se
tivesse tudo errado. Regionalmente,
“tudo igual como era antes”, já dizia um
velho amigo. Com raras exceções, parece
programa de humor. Mesmo que pareça
paradoxal, já que o Marketing Político é
considerado frio, estratégico e
calculista, como ser humano gosto de
observar pessoas no meio e aprender com
elas. Citei em um dos meus textos,
sinceramente não me lembro qual, a
capacidade do vice presidente José
Alencar em lidar com o adverso, sua luta
pessoal é exemplo para todos os
brasileiros fiquei fã desse ser humano
ao vê-lo discursar emocionado em um
encontro em Belo Horizonte. Foi
fantástico e me acrescentou muito.
Gravando com Paulo Abi-Ackel, há alguns
dias observava o ex-ministro da justiça,
Ibraim Abi-Ackel, pai do nosso cliente,
enquanto conversava com ele. Outra aula.
Sua simplicidade, calma e humildade
contrastam com sua sabedoria política
conquistada pelos mais de 40 anos de
vida pública e pelos oito mandatos como
Deputado e cinco anos como Ministro da
Justiça. Doutor em Direito público,
ministro em uma das épocas mais
decisivas da história do Brasil, Ibraim
é verdadeira uma enciclopédia de
História e Direito. A sensatez das
observações chamou não só a minha
atenção, mas de todos que lá estavam.
E todas as vezes que tive contato com
ele foi a mesma coisa, ele tem prazer em
conversar com a gente e compartilhar o
conhecimento. Para “amarrar o texto”
como nós jornalistas dizemos, seria
importante se todos, sem exceção se
conscientizassem da grande
responsabilidade que é votar. É um dos
raros momentos que exercemos nossa
cidadania e temos a possibilidade de
“dizer não” a várias atitudes e
situações que não nos agradam nos nossos
representantes nos poderes públicos. É
oportunidade para aprender também,
muitos têm ótimos projetos.
Existem ótimos candidatos,
profissionais, bem intencionados,
entendedores de política e de leis, mas
a grande maioria dos que vemos na Tv ou
ouvimos pelo rádio, nem sabe o que diz.
Portanto não faça parte da turma que
fala que odeia campanha, período
eleitoral e programa político, do
contrário, estará contribuindo para o
cenário de corrupção, inércia e má
vontade que vemos vez ou outra pela
mídia.
Reginaldo Rodrigues é Graduado em
Comunicação Social com Pós em Gestão
Estratégica em Marketing - Palestrante e
Consultor - Blog:
reginaldorodrigues100.blogspot.com -
Twitter: twitter.com/reginaldorod -
Site: www.rcem.com.br