Como eu defino o meu mix de produtos e serviços?
21/07/2009
A seleção e disponibilidade de produtos numa loja ou num
estabelecimento comercial podem satisfazer e fidelizar, ou não, o
cliente. Tudo depende da seleção e combinação do mix de produtos que
fizer. Oferecer um grande número de produtos existentes no mercado a
uma determinada altura é uma tarefa complicada do ponto de vista da
logística e das finanças. Por isso, saber selecionar o melhor mix de
produtos é essencial. Esta combinação é um fator de concorrência que
também contribui para assegurar o êxito do negócio.
Conheça a classificação de produtos
O mix é composto por famílias, ou subfamílias de produtos. Estas
procuram responder a uma necessidade global e idêntica de vários
consumidores. Todavia, sua classificação baseia-se nas necessidades
do cliente.
Assim, temos produtos de conveniência/comodidade, que, em regra, são
produtos de compra freqüente, trazem pouco valor agregado e o preço
é geralmente baixo. Sendo produtos de necessidade básica, geram uma
procura contínua durante períodos de longa duração, e o consumidor
não perde muito tempo em escolher, ou compará-los. Ex: pão, açúcar,
sal, óleo.
Produtos de compra comparada são todos aqueles em que o consumidor
se demora comparando preços, qualidades, estilos, ou outras
características, antes de tomar a decisão de compra. São geralmente
mais caros e de compra menos freqüente. Ex: roupas,
eletrodomésticos, mobiliário, aparelhagens de som.
Produtos de especialidade são, geralmente, artigos de moda, de
marcas famosas, cuja eventual substituição é inaceitável pelo
cliente. São aqueles que possuem características únicas, ou
diferenciadas. Os consumidores conhecem e não os comparam.
Novidades são os artigos que produzem elevados níveis de vendas, de
forma intensiva e rápida, somente durante um curto período de tempo,
que normalmente corresponde ao lançamento.
Produtos de moda acompanham tendências influenciadas por formadores
de opinião, que podem ser um estilista, um veículo de mídia
(televisão: novela), uma marca, etc. Apesar da produção deste tipo
de produtos ser estendida ao longo do tempo, as suas vendas podem
modificar-se drasticamente de uma época para a outra.
Produtos sazonais são aqueles cujas vendas flutuam dramaticamente
durante o ano. Ex: gelados, bronzeadores, roupa sazonal, gás para
aquecimento.
Conheça as dimensões do mix
A seleção da variedade de produtos ocorre com a natureza do negócio,
com as suas limitações e com os seus objetivos. A dimensão do mix de
produtos é caracterizada por:
- amplitude ou extensão, pois mede o número de famílias de produtos
oferecidos pelo ponto de venda e, por conseqüência, o número de
necessidades satisfeitas;
- profundidade: mede o número de referências (variedade) oferecidas
pelo ponto de venda em cada família de produtos;
- coerência: corresponde à homogeneidade do mix, à correlação entre
as necessidades do consumidor e os produtos selecionados para
satisfazê-las. Também se diz que um mix é coerente quando todas as
suas famílias de produtos possuem sensivelmente a mesma
profundidade.
O mix pode assumir dimensões, a saber:
- Ampla e profunda, tendo uma grande variedade de
categorias/famílias de produtos e uma grande variedade de
referências por categoria/família. Este tipo de mix é característico
das grandes áreas de vendas (magazines ou hipermercados).
- Ampla e pouco profunda. O supermercado médio, ou pequeno, traduz o
exemplo perfeito para este tipo mix de produtos. Poderemos encontrar
diversas categorias de produtos, como detergentes, produtos
alimentícios, de escritório, etc., mas com pouca variedade em cada
família/subfamília.
- Estreita e profunda, que corresponde às lojas especializadas, ou
grandes superfícies especializadas numa só categoria de produtos,
como, por exemplo, produtos eletrônicos, brinquedos, etc., de muitas
referências ou marcas.
- Estreita e pouco profunda. Um tipo de mix característico das lojas
de conveniência.
Selecione o mix
A seleção dos produtos dependerá do posicionamento pretendido pela
loja. Ao selecionar o mix, o comerciante corre, muitas vezes, o
risco de satisfazer um setor da clientela em detrimento de outros.
Por isso, qualquer modificação é uma decisão importante da política
comercial da loja.
O mix da loja pode ser:
- Diversificado ou restrito: de acordo com o número de seções ou
famílias de produtos apresentados.
- Considerável ou escasso: em função do número de modelos numa
determinada família.
- Profundo ou superficial: conforme a escolha de referências, ou de
artigos, para cada necessidade a ser satisfeita.
A determinação do mix de produtos mais apropriado leva em conta os
custos de: provisão, financiamento, armazenagem, quebra e
depreciação.
A criação da política do mix pode ser:
- Concentrada: constituída por uma família de produtos apenas, muito
freqüentemente utilizada por lojas especialistas, ou
ultra-especialistas.
- Diferenciada: constituída por vários grupos de famílias de
produtos, originando uma loja genérica, de oferta diversificada, mas
sem grande profundidade.
A criação do plano de mix consiste em descrever detalhadamente os
tipos de produtos para a clientela, durante um determinado período
de tempo. Os seus elementos são os de conteúdo: com todos os
produtos apresentados e respectivos preços, divididos por famílias
de produtos. Os produtos básicos de atração poderão merecer uma
atenção particular, visto que influenciam a compra de outros e têm
geralmente bastante importância nas vendas globais.
A duração deverá definir se a disponibilidade de cada artigo será
anual, semestral, semanal ou diária, no caso de produtos rapidamente
perecíveis, como os de alimentação. Para as categorias de produtos
de procura constante, o plano inicial pode ser adaptado ou corrigido
através de revisões pontuais. Para as famílias de produtos sazonais,
pode-se elaborar planos especiais ou temporários.
Determine a dimensão correta
Como as estratégias de gestão das mercadorias estão intimamente
ligadas à seleção e dimensão do mix, há que se determinar a sua
dimensão correta. Para isso, deverá ser levada em consideração a
área de exposição de venda. Esta não é elástica, as suas medidas são
fixas. Logo, limitam o número de produtos que se pode apresentar. Um
aumento da largura do mix se fará sempre em detrimento da sua
profundidade, e vice-versa. Outros aspectos a serem considerados
são:
A rentabilidade, ou seja, quanto maior for o número de famílias e de
referências dentro de cada família, mais lenta será a rotação de
estoques e menor a rentabilidade gerada. Em teoria, para compensar
este inconveniente, o ponto de venda deveria aumentar os preços de
venda, mas como nem sempre é viável esta prática, procure o
equilíbrio através da maior seleção e preços menos competitivos, ou
de menor oferta e preços mais baixos.
A natureza dos produtos, isto é, lojas com áreas similares terão,
necessariamente, de possuir dimensões diferentes do mix. Por
exemplo, uma loja de eletrodomésticos terá menor dimensão de
produtos. Já uma loja de produtos alimentares, ou têxteis, terá um
mix com maior dimensão.
O comportamento da clientela, pois as características sociológicas e
o poder de compra da clientela afetam e condicionam as dimensões do
mix, particularmente a sua profundidade.
O modo de apresentação dos produtos em prateleiras, contendores,
gôndolas, ou outros móveis e suas respectivas dimensões também
variarão em número e capacidade, de acordo com a dimensão da loja e
do mix, de modo a que a apresentação dos produtos se faça sempre de
forma correta.
A gama, já que a relação entre o mix e a gama tem variado ao longo
dos anos. Nos anos 50 havia um esquema piramidal que opunha uma gama
alta e reduzida a uma gama baixa e extensa, na década de 70, existia
um esquema em forma de losango de extensão das gamas médias, e nos
anos 90 reduziu-se a gama média, estendendo-se as gamas altas e
baixas.
Fatores internos e inerentes à empresa, como dimensão da placa de
vendas, a política financeira, de estoques e a estratégia da marca.
Fatores externos à empresa, como tipos de produtos e ciclos de vida
dos mesmos. Para fazer coincidir a oferta da loja com a procura dos
clientes, e assim conseguir atingir o equilíbrio e a rentabilidade
da loja, o administrador deverá analisar os seguintes aspectos:
A procura de cada produto dentro de cada família ou subfamília.
Classifique cada referência segundo o seu volume de vendas. Se duas
referências são responsáveis por 80% das vendas e três por 95%,
eliminar uma quarta referência poderá ser a melhor opção,
substituindo-a por outra potencialmente mais interessante, ou
alargando o espaço das três restantes.
A influência de cada produto sobre a venda dos restantes, pois há
certos produtos que exercem influência positiva sobre a venda de
outros, os chamados produtos de atração. Mesmo que um produto seja
pouco rentável, a sua manutenção no mix pode ser fundamental para
favorecer a venda dos restantes.
Introdução de um novo produto no mix. A decisão de introduzir um
novo produto no mix é uma das mais complexas e difíceis decisões,
uma vez que a entrada em linha de um produto novo pode obrigar à
retirada de outro. Se pretender introduzir um novo produto, leve em
conta os seguintes critérios:
- a reputação comercial do fabricante;
- o seu preço de venda comparado com o dos concorrentes;
- a imagem de qualidade da marca comparada a dos concorrentes;
- a contribuição do produto para a margem bruta da família;
- o potencial de mercado do produto;
- o montante do investimento previsto para o seu lançamento;
- o valor acrescentado que esse produto propõe ao consumidor;
- a sua apreciação em termos táticos para fomentar a concorrência
horizontal entre fornecedores.
Conclusão
A valorização de todos esses critérios, a forma de atuar perante
eles poderão ser distintas, conforme o interesse que o produto novo
consiga suscitar. A eliminação de um produto pode ser provocada por
uma rentabilidade insuficiente, ou por mudanças na política
comercial da loja. Em quaisquer dos casos, é sempre aconselhável
utilizar os mesmos critérios seguidos para a introdução de qualquer
novo produto. Naturalmente, a aplicação de todos esses instrumentos
varia de empresa para empresa. A gestão das variáveis em causa
prende-se com o setor de atividade, os objetivos e orientações do
negócio, o mercado e, invariavelmente o bom senso do administrador.
Fonte: Site SEBRAE-SP