A Criança Conectada
Por Arnaldo Rabelo
26/09/2008

As crianças de hoje já nasceram na era da internet. Para elas, ouvir mp3, enviar SMS, bater um papo no MSN e pesquisar no Google não são coisas novas ou tecnológicas – são o jeito que elas conhecem para interagir à distância, se divertindo e aprendendo.

Apesar disso, o uso da internet, celulares e outros meios interativos é uma oportunidade desprezada por várias empresas do setor de produtos infantis, que insistem em investir apenas na velha fórmula de comerciais de TV, anúncios em revistas, outdoors e materiais de ponto-de-venda. A internet muitas vezes é vista como um espaço para a publicação de um site simples, uma espécie de folheto eletrônico. O máximo que fazem é publicar alguns joguinhos.

Esta é uma visão muito pobre das possibilidades que a internet abre para as empresas. O seu bom uso exige uma mudança de visão. As empresas não precisam considerar que os únicos espaços na internet para elas são os “oficiais”: sites corporativos ou ambientes construídos por elas. Sua presença na internet também deve ser distribuída, participando de discussões em redes sociais, fornecendo e comentando notícias para blogueiros, tendo sites para celulares, publicando vídeos, músicas, conteúdos de entretenimento e educação.

Devem ser consideradas ações para cada público: mães, crianças de 4 a 7 anos (com atividades lúdicas e simples, que não exigem leitura) e crianças de 8 a 12 anos (com atividades mais elaboradas e que permitam a interação segura entre crianças). A adequação para meninos e meninas também é importante, pois suas preferências e interesses são muito diferentes.

A internet está se tornando o segundo principal meio de comunicação com a criança, logo após a TV e empatada com as revistas. Quem pensa que esse é um fenômeno de primeiro mundo e que não se aplica tanto ao Brasil, está enganado. O Brasil é o maior usuário de redes sociais online e é onde as pessoas passam mais tempo conectadas – comportamento acompanhado pelas crianças. A classe C já é grande usuária de computadores e internet, valorizando-os como meios de inclusão social.

O que tem chamado muito a atenção dos grandes grupos de mídia infantil são as redes sociais online. A rede Club Penguin, ambiente voltado a crianças de 6 a 14 anos onde cada usuário é representado por um pingüim, já se prepara para o lançamento em português. Outras redes de destaque são a Habbo (uma espécie de hotel virtual), Neopets (onde se pode criar um animal de estimação virtual) e a Webkinz (onde bichinhos de pelúcia ganham vida).

Cada vez mais, surgem mundos virtuais baseados em conteúdos de entretenimento, como filmes, livros ou músicas. Às empresas do setor que ainda não entraram nesse universo, resta aderir e usar a criatividade. Para as crianças, essas redes não são muito técnicas ou complexas, são pura diversão.

Arnaldo Rabelo é diretor da Rabelo & Associados, consultoria de marketing infantil e licenciamento. www.arnaldorabelo.com.br