O efeito cupim nas empresas
Por Irlei Wiesel
10/05/2008

As empresas mundiais estão diariamente tendo que se superar. Os desafios culturais, políticos e econômicos exigem um estado de alerta geral em todos os setores da empresa.

Esse estado de alerta é responsável pela sobrevivência e pelo crescimento das organizações.

É a estratégia do olhar, sentir e ouvir o mercado.

Maravilha! Acredito que esse é o caminho para diminuir riscos e sobressaltos. Contudo, nesse processo de alerta máximo, há um fator que me preocupa. Trata-se de um fator invisível, chamado DEPRESSÃO.

A depressão é uma doença muito séria. Ela tem o poder de anular todo e qualquer procedimento predeterminado pela empresa. Explico: imaginemos que as metas da empresa para 2008 estejam aprovadas e em andamento. Toda equipe mostra empenho e confiança na conquista de excelentes resultados. Tudo bem estruturado após intenso e cansativo planejamento. No entanto, na análise de todo processo, foi esquecido um plano B para o efeito CUPIM.

O efeito Cupim visa a sabotar as metas de qualquer empresa, pois ela se utiliza da fragilidade dos seus executores para impedir a efetivação do que fora planejado. Ele nada mais é do que um silencioso estrago na estrutura. Muitas vezes não é percebido de imediato. Assim, o dano causado não se percebe nos primeiros meses de implementação do plano de metas anual.

Afinal, ele se assemelha a um cupim. O cupim tem a capacidade de trabalhar dia e noite sem que os donos dos móveis, sequer imaginem que alguém tão insignificante e minúsculo seja capaz de um estrago tão intenso.

Assim é o cupim da depressão. Ela não opera somente no calar da noite. Ao contrário, ela toma conta de cada segundo da vida, fazendo pequenas fissuras no humor, na capacidade técnica, na criatividade, na motivação, no empenho, nos relacionamentos, na garra, enfim, em todas as estruturas humanas, onde metas e projetos feitos no papel não têm alcance. Reuniões com escalas de prioridades não alcançam o coração de quem redige os projetos. Também não alcança quem os executa. E muito menos não alcança o que a mente e o mercado desenham como a grande sacada de marketing para aquele ano.

Tudo porque o cupim abre fendas para o desânimo, a descrença e, finalmente, para o tanto faz.

Quando o tanto faz se instala na equipe, o estrago silencioso começa. Uma única pessoa infectada pelo efeito cupim é uma grande ameaça para o sucesso de todo um planejamento. Imagina a maioria da equipe!

A depressão é um fator pessoal ou coletivo. Não importa em que instância ela está atuando em uma empresa, o que importa é que o cupim da depressão é um ingrediente avassalador.

O que surpreende é que muitas organizações nem ao menos cogitam a possibilidade de que sua equipe esteja com essa enfermidade. Um único coração triste espalha facilmente cupins ávidos por trabalho em outros corações.

Para mantermos o coletivo afinado, estruturado e unido, todos os indivíduos devem estar visivelmente sadios. Não me refiro, nesse caso, a saúde física, mas sim a saúde psicológica. A depressão é um mecanismo desestabilizador e cumpre um papel de neutralizar a força e a energia das equipes e da organização como um todo. Então, cuidado! atenção, perigo!

O invisível deverá ser motivo de preocupação em uma organização.Como proceder para identificar em si mesmo e nos outros (colegas) sintomas da doença?

Bem, citarei alguns sintomas que podemos considerar como pistas e, diante da identificação e do quadro que se apresenta, é necessário procurar ajuda especializada. A depressão é uma doença marcada pelo cansaço, dores físicas, perda de energia, distúrbios de sono, mudança no apetite, dores nas costas, dores de cabeça, abdominais, fadiga e distúrbios gastro-intestinais, stresse, falta de concentração, desesperança, culpa excessiva, apatia, alterações na libido, além de outros.É bom salientarmos que a depressão atinge:

* 15% da população;
* 12% dos homens
* 20% das mulheres
* 17 milhões de brasileiros e ainda,

A doença não tratada tem como conseqüência a mortalidade por suicídio em 18%, além de contribuir para o surgimento de outras doenças como diabetes, por exemplo. (Fonte: Organização Mundial da Saúde)

Bem, com essas informações fica claro que a empresa, composta por seres humanos, pode ter sim, uma responsabilidade, com as pessoas que nela trabalham. Responsabilidade de acolher seus colaboradores com um olhar mais abrangente, mais humano. A depressão é uma doença que pode estar em qualquer setor, ou classe social, pois ela é resultado da ação do homem no universo.

A dinâmica do mundo nos joga, muitas vezes, em doenças invisíveis e que, dificilmente, aceitamos. Por esse motivo, solicito a quem tem o poder de ajudar que ofereça caminhos para que o mundo corporativo dê espaço para a cura. Os especialistas aguardam aqueles que aceitarem ajuda. Convido todas as organizações que já estão em estado de alerta para os conhecidos desafios culturais, políticos e econômicos que incluam, em sua lista de prioridades, o desafio emocional e psicológico dos seus colaboradores. Afinal, enquanto melhoramos os nossos sentimentos, melhoramos a nossa capacidade profissional.

Irlei Wiesel blog: http://irleiwiesel.blogspot.com