Empreendedorismo feminino em alta – um acaso ou tendência inteligente?
Por Werner Kugelmeier
18/10/2006

O perfil empreendedor da mulher é diferente daquele do homem? A mulher usa atributos essencialmente femininos, seja como empreendedora, na hora de abrir um negócio próprio, ou como intrapreneur, ao implantar um projeto na empresa? Em caso afirmativo, isso faz dela uma empreendedora melhor ou diferente do homem? Como isso afeta a gestão do negócio propriamente dito – fora ou dentro de uma empresa?
A mulher já tem o papel de dona-de-casa, esposa e mãe; cada uma destas funções, isoladamente ou em conjunto, não faz da mulher uma empreendedora nata? Quero crer que a busca do equilíbrio entre o tempo de dedicação à família e à vida profissional - o eterno dilema das mulheres - tem sido uma das principais razões que tornam a mulher naturalmente empreendedora.
Em se tratando de perfil do empreendedor, algumas características intrinsicamente femininas, como a capacidade para lidar com as pessoas e a dedicação ao negócio, contam pontos a favor. A mulher sabe entender com mais facilidade o que o cliente quer, enquanto que o homem é mais business, quer ver resultado e o lucro mais rápido.
No entanto, a pesquisa "Empreendedorismo no Brasil", divulgada em 2003 pelo GEM - Global Entrepreneurship Monitor, em parceria com o SEBRAE e o IBQP, organizada pela Babson College (EUA) e pela London Business School (Inglaterra) e realizada anualmente em 31 países, conclui que a proporção de mulheres empreendendo por necessidade é maior que a dos homens (39% homens e 42% mulheres).
A pesquisa mostrou que a atividade empreendedora feminina em países, como o Brasil, Índia e Argentina, é maior que em outros, como o Japão, Bélgica e Rússia. Uma das razões é que os países mais pobres têm uma presença muito mais forte do empreendedorismo por necessidade do que daquele por oportunidade, em que a pessoa planeja sua carreira e não age apenas por falta de opção. A informalidade gerada pelo alto desemprego é o grande peso nesse índice. O Brasil tem um índice altíssimo de empreendedorismo por necessidade em relação à média dos outros países da pesquisa. Em 2002, o país chegou a ocupar o primeiro lugar no ranking.
Ficou evidente que é preciso criar mais empreendimentos por oportunidade, já que, empiricamente, a possibilidade de sucesso nesse negócio é muito maior.
Segundo a pesquisa, empreendedorismo é "qualquer tentativa de criação de um novo negócio, como, por exemplo, uma atividade autônoma, uma nova empresa, ou a expansão de um empreendimento existente, por um indivíduo, grupos de indivíduos ou por empresas já estabelecidas". Na opinião de Marília Rocca, empreendedora nata, fundadora e diretora-geral do Instituto Empreender Endeavor, empreendedor é aquele que consegue fazer alguma coisa criativa com recursos limitados.
Na pesquisa acima consta que o Brasil tem cerca de 7 milhões de mulheres empreendedoras. A taxa de mulheres empreendedoras saltou de 29%, em 2000, para 46%, em 2003. Um sinal da mulher “guerreira”. Além de ser prejudicada em relação ao homem, ela enfrenta, como o homem, uma legislação hostil para os negócios de pequeno porte, com excesso de burocracia e de impostos.
E a mulher intrapreneur, aquela que atua como empreendedora dentro de uma organização? A presença de mulheres em cargos gerenciais ainda é bem inferior, mesmo que crescente, em relação à presença dos homens.
Existem diferenças entre o estilo de liderança feminino e masculino. Em geral, os homens tendem a desenvolver um estilo de comando e controle caracterizado pelo respeito à hierarquia. Eles tomam decisões de forma pessoal e pedem poucas opiniões;
dizem aos demais o que deve ser feito. As mulheres, ao contrário, têm um estilo mais aberto, sensato e voltado para a colaboração.

Quais as competências que as mulheres deveriam ter para aspirarem posições de liderança nas organizações? Uma motivação forte ajuda a não permitir que as circunstâncias adversas as perturbem e as afastem de seus objetivos. As mulheres devem focar naquilo que querem conseguir e lembrar que são capazes. È fundamental fazer parte da rede da organização, sustentar o alcance ou superação de metas e, assim, se fazerem lembradas para ocupar cargos que envolvam responsabilidades de gestão.

Existem áreas que parecem ser um reduto natural da mulher, como Gestão Humana, Marketing e Finanças. Na medida em que mostrarem resultados, o caminho para funções gerenciais se abrirá naturalmente.

A capacidade de improvisar, a tendência de confiar em sua intuição, a facilidade para estabelecer relações e a naturalidade para delegar poder são virtudes que, pela lógica, tendem a encurtar a distância para atingir cargos de alta direção. E mais; devido ao hábito de desempenhar, em paralelo, as funções domésticas, familiares e profissionais, as mulheres estão bem preparadas para processar vários assuntos ao mesmo tempo.

Portanto, em tempos complexos para os negócios, as mulheres empregam sua habilidade para realizar múltiplas tarefas. Porém, esse atributo só dá bons resultados se for aplicado em uma organização que valorize a contribuição das mulheres. É também fundamental incentivar a participação das mulheres jovens nos ambientes de negócios.

A cobertura jornalística sobre as mulheres que se destacam nas empresas está aumentando, representando um forte aliado para o “Empreendedorismo em alta – uma tendência inteligente”.

Werner Kugelmeier é Diretor da WK PRISMA - EDUCAÇÃO CORPORATIVA MODULAR, Empresa de Treinamentos Empresariais, de Campinas – SP, www.wkprisma.com.br, Autor do Livro “PRISMA – girando a pirâmide corporativa”, wkprisma@wkprisma.com.br - (19) 3296 4341/ 3256 8534