Empresas que sofrem do mal de Sísifo perdem dinheiro e não consolidam crescimento
Por Ivan Postigo
14/05/2008

Conta a mitologia grega que Sísifo, por ser considerado rebelde, foi condenado por toda eternidade a rolar uma grande pedra de mármore com suas mãos até o cume de uma montanha. Toda vez que ele estava quase alcançando o topo, a pedra rolava novamente montanha abaixo até o ponto de partida por meio de uma força irresistível.

Algumas empresas observando oportunidades no mercado passam a explorá-las, aumentam seu faturamento e a complexidades para sua gestão, conseqüentemente sentem necessidade de implementar um processo de revisão e reorganização empresarial.

Motivadas contratam pessoas, desenvolvem sistemas e novos métodos de trabalho, elevando a qualidade e a agilidade na obtenção de dados e no uso das informações, contudo acomodam-se.

Passado o período de vendas fáceis, a empresa perde faturamento e se ressentem do maior custo fixo da organização instituída, iniciando o processo de cortes e redução de custos.

As posições que têm os salários mais altos são facilmente indicadas para eliminação, concentrando–se as tarefas nas funcões menores e em pessoas menos preparadas.

Os trabalhos aguardados não são os que se faziam antes do processo de reorganização, mas sim os atuais e nos mesmos prazos.

A dificuldade em cumprir essas tarefas leva a uma maior desorganização, de forma que a empresa nao consegue manter o status atual do sistema e ainda prejudica o anterior.

Lembra a fábula da pessoa que vai morar em uma país estrangeiro e além de não aprender a nova língua esquece parte da sua.

Esse desarranjo leva à perda dados, desperdício de tempo e recursos, aumento de conflitos e da rotatividade dos recursos humanos.

Não existe meio termo para os sistemas informatizados, estes tem que ser alimentados de acordo com a regras estabelecidas.

Não impossibilidade, criam-se planilhas eletrônicas como uma alternativa mais simples, esquecendo-se que estas são pessoais. É pouco provável que uma tarefa executada por uma pessoa ao ser atribuída a outra mantenha a integridade da ferramenta.

Planilhas eletrônicas são excelentes ferramentas, mas como instrumento aberto permite alterações e ajustes, em 99% dos casos que tenho presenciado acontecem mudanças.

Quando não bem entendidas e aceitas são descartadas e novas planilhas são geradas com toque pessoal do usuário.

A empresa encolhe e se desorganiza, ficando despreparada para sustentar novos ensaios de crescimento.

Aparecendo uma nova oportunidade o processo reinicia, produtos são desenvolvidos, a produção é acelerada, o ambiente torna a exigir uma melhor organização e coordenação das atividades. Profissionais com maior experiência são contratados e recomeça o ciclo de trabalho para obtenção de um melhor padrão administrativo, com implantação de novos procedimentos e adequação sistêmica.

Reorganizações raramente são possíveis sem conflito, as pessoas mais vividas nesse ambiente poucos esforços fazem no sentido de ajudar os recém-chegados, agem de forma passiva, sabendo que estes a qualquer momento poderão deixar a empresa.

A quantidade de recursos para levar a pedra ao cume do monte e depois vê-la descer não é pequena, contudo é o preço a ser pago pela sina da não sustentação de resultados e da posição no mercado.

Ivan Postigo é Economista, Bacharel em contabilidade, pós-graduado em controladoria pela USP. Autor do livro: Por que não? Técnicas para estruturação de carreira na área de vendas e diretor da Postigo Consultoria de Gestão Empresarial - Fones (11) 4526 1197 / ( 11 ) 9645 4652
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