A Internet não é apenas um espelho. É um Telescópio
Por Luiz Renato Roble
03/10/2003
Mesmo viajando pela mais bela, segura e moderna das estradas, as paisagens mais bonitas e agradáveis que poderemos ver, são aquelas que ainda não sofreram nenhuma intervenção da mão do Homem. Uma criança ao nascer é imaculada e pura e é natural que vá, gradativamente, absorvendo os conceitos e preconceitos dos adultos que a rodeiam, até que um belo dia, ela também se transforme num adulto, pronto para criar e educar uma outra criança. Nosso poder de criação e realização é imenso, porém, a dualidade do bem e do mal que habita nosso interior nos torna um pouco como Midas, seguindo pela vida, pelo mundo, transformando tudo e todos que tocamos, às vezes para melhor, outras nem tanto.
Esta maldade, mesmo que relativa e involuntária, pode ser tão poderosa que se transforma em um monstro desobediente, como o do Doutor Frankenstein, que apesar de bom, tornou-se mau, porque era assim que as pessoas o viam.
Santos Dumont e o avião, é um bom exemplo de criador e criatura. Ao desenvolver seu invento, mais pesado do que o ar, ele pensava, ingenuamente, que estava fazendo um bem à humanidade, encurtando distâncias, unindo as pessoas, realizando o sonho de Ícaro. Quando constatou que, infelizmente, sua criação era muito mais útil do que ele imaginava, pois se podia matar mais e melhor com ela, não suportou e acabou se matando.
A Internet nasceu entre o ambiente militar e o acadêmico, era inevitável, portanto, que ela seguisse seu caminho procurando espelhar fielmente o caráter humano. Assim como o avião de Santos Dumont, ela é uma mistura fina daquilo que convencionamos chamar de bom e de ruim. Como ferramenta de marketing e comunicação, a Internet está cada vez mais rápida, popular e poderosa. As imagens vistas no vídeo são capazes de transmitir muito mais informações sobre empresas, produtos, conceitos, marcas e pessoas, do que poderia imaginar nossa vã filosofia. Entretanto, é na comunicação escrita, formada por frases que, por sua vez, são constituídas por verbos, que podemos sentir as forças benéficas e maléficas de quem nela navega. Analisando os verbos conjugados em qualquer lista de discussão, podemos visualizar o lado cosmopolita, moderno e construtivo da Internet. Verbos como aceitar, acrescentar, agradecer, aproveitar, compartilhar, comunicar, conhecer, conseguir, construir, criar e desenvolver, fazem-nos acreditar no poder de realização e crescimento pessoal e profissional que a rede representa para o mundo atual.
Como nem tudo são flores, prestando mais atenção, deparamo-nos com verbos que fazem-nos sentir um pouco como Santos Dumont, descobrindo outras utilidades para sua criação. Verbos como conspirar, copiar, chorar, denunciar, descabelar, detestar, deturpar, disfarçar, exagerar, expulsar, gritar, importunar, incomodar, invadir, mascarar, prejudicar, processar, radicalizar, reclamar e rejeitar, revelam a Internet reduzida a um espelho que apenas reflete, virtualmente, a dureza da vida real. A simples transposição de nossas fraquezas acaba nos deixando tristes, impotentes e frustrados, porque em vez de estarmos deslumbrando, como num telescópio, um novo universo de possibilidades virtuais, estamos apenas espelhando um mundo que, como nós, é repleto de defeitos.
Assim como na vida off-line, estamos virtualmente brigando por tudo: religião, diferenças, igualdades, ódio, amor, orgulho, ciúmes, razão e principalmente, pelo poder. Vemos um grande interesse em levar tudo isto on-line. É preocupante ver tanta tecnologia, energia, dinheiro e tempo desperdiçados na Internet, apenas, reforçando defeitos e desvios, da mesma forma que vivemos em nosso cotidiano.
Através do design é possível construir a imagem positiva de empresas, produtos, conceitos, marcas e até de pessoas. Não de forma mentirosa, mas destacando conceitos modernos, corretos e verdadeiros daquilo que está sendo abordado ou apresentado. Criando websites que vendam o lado positivo da vida real e nos esforçando para deixar o lado sombrio de lado, comunicando-se de forma menos negativa, estaremos ajudando a construir, pelo menos na rede, um mundo mais pacífico, belo, rápido e eficiente. Sabemos que a perfeição não existe, muito menos aonde o Homem toca sua mão. Mas a verdade é que estamos perdendo uma grande oportunidade de idealizar e criar, pelo menos, neste admirável mundo novo da Web, algo que mesmo, a primeira vista, parecesse utópico e irreal, onde pudéssemos nos refugiar um pouco da nossa realidade crua e nua. Cada vez mais, as pessoas e empresas que agirem, assim, diferente do convencional, estarão cativando, conquistando e transformando meros visitantes em clientes fiéis.
Luiz Renato Roble criacao@datamaker.com.br
Designer e Diretor de Criação da Datamaker Designers www.datamaker.com.br
Fonte: Datamaker
Por Luiz Renato Roble
03/10/2003
Mesmo viajando pela mais bela, segura e moderna das estradas, as paisagens mais bonitas e agradáveis que poderemos ver, são aquelas que ainda não sofreram nenhuma intervenção da mão do Homem. Uma criança ao nascer é imaculada e pura e é natural que vá, gradativamente, absorvendo os conceitos e preconceitos dos adultos que a rodeiam, até que um belo dia, ela também se transforme num adulto, pronto para criar e educar uma outra criança. Nosso poder de criação e realização é imenso, porém, a dualidade do bem e do mal que habita nosso interior nos torna um pouco como Midas, seguindo pela vida, pelo mundo, transformando tudo e todos que tocamos, às vezes para melhor, outras nem tanto.
Esta maldade, mesmo que relativa e involuntária, pode ser tão poderosa que se transforma em um monstro desobediente, como o do Doutor Frankenstein, que apesar de bom, tornou-se mau, porque era assim que as pessoas o viam.
Santos Dumont e o avião, é um bom exemplo de criador e criatura. Ao desenvolver seu invento, mais pesado do que o ar, ele pensava, ingenuamente, que estava fazendo um bem à humanidade, encurtando distâncias, unindo as pessoas, realizando o sonho de Ícaro. Quando constatou que, infelizmente, sua criação era muito mais útil do que ele imaginava, pois se podia matar mais e melhor com ela, não suportou e acabou se matando.
A Internet nasceu entre o ambiente militar e o acadêmico, era inevitável, portanto, que ela seguisse seu caminho procurando espelhar fielmente o caráter humano. Assim como o avião de Santos Dumont, ela é uma mistura fina daquilo que convencionamos chamar de bom e de ruim. Como ferramenta de marketing e comunicação, a Internet está cada vez mais rápida, popular e poderosa. As imagens vistas no vídeo são capazes de transmitir muito mais informações sobre empresas, produtos, conceitos, marcas e pessoas, do que poderia imaginar nossa vã filosofia. Entretanto, é na comunicação escrita, formada por frases que, por sua vez, são constituídas por verbos, que podemos sentir as forças benéficas e maléficas de quem nela navega. Analisando os verbos conjugados em qualquer lista de discussão, podemos visualizar o lado cosmopolita, moderno e construtivo da Internet. Verbos como aceitar, acrescentar, agradecer, aproveitar, compartilhar, comunicar, conhecer, conseguir, construir, criar e desenvolver, fazem-nos acreditar no poder de realização e crescimento pessoal e profissional que a rede representa para o mundo atual.
Como nem tudo são flores, prestando mais atenção, deparamo-nos com verbos que fazem-nos sentir um pouco como Santos Dumont, descobrindo outras utilidades para sua criação. Verbos como conspirar, copiar, chorar, denunciar, descabelar, detestar, deturpar, disfarçar, exagerar, expulsar, gritar, importunar, incomodar, invadir, mascarar, prejudicar, processar, radicalizar, reclamar e rejeitar, revelam a Internet reduzida a um espelho que apenas reflete, virtualmente, a dureza da vida real. A simples transposição de nossas fraquezas acaba nos deixando tristes, impotentes e frustrados, porque em vez de estarmos deslumbrando, como num telescópio, um novo universo de possibilidades virtuais, estamos apenas espelhando um mundo que, como nós, é repleto de defeitos.
Assim como na vida off-line, estamos virtualmente brigando por tudo: religião, diferenças, igualdades, ódio, amor, orgulho, ciúmes, razão e principalmente, pelo poder. Vemos um grande interesse em levar tudo isto on-line. É preocupante ver tanta tecnologia, energia, dinheiro e tempo desperdiçados na Internet, apenas, reforçando defeitos e desvios, da mesma forma que vivemos em nosso cotidiano.
Através do design é possível construir a imagem positiva de empresas, produtos, conceitos, marcas e até de pessoas. Não de forma mentirosa, mas destacando conceitos modernos, corretos e verdadeiros daquilo que está sendo abordado ou apresentado. Criando websites que vendam o lado positivo da vida real e nos esforçando para deixar o lado sombrio de lado, comunicando-se de forma menos negativa, estaremos ajudando a construir, pelo menos na rede, um mundo mais pacífico, belo, rápido e eficiente. Sabemos que a perfeição não existe, muito menos aonde o Homem toca sua mão. Mas a verdade é que estamos perdendo uma grande oportunidade de idealizar e criar, pelo menos, neste admirável mundo novo da Web, algo que mesmo, a primeira vista, parecesse utópico e irreal, onde pudéssemos nos refugiar um pouco da nossa realidade crua e nua. Cada vez mais, as pessoas e empresas que agirem, assim, diferente do convencional, estarão cativando, conquistando e transformando meros visitantes em clientes fiéis.
Luiz Renato Roble criacao@datamaker.com.br
Designer e Diretor de Criação da Datamaker Designers www.datamaker.com.br
Fonte: Datamaker