O Ponto Cego da Rotina
Por Gisela Kassoy
08/09/2008

Você não viu errado não. Assim como a retina, a rotina também tem um ponto cego através do qual o ser humano não enxerga e nem percebe que não está enxergando... No caso da retina, não há grandes perdas, pois um olho vê pelo outro, mas no caso da rotina a coisa fica mais perigosa, porque...

- A rotina dificulta a percepção de oportunidades, aquelas situações inesperadas que podem ser vantajosas.

- Escravos da rotina não conseguem visualizar e muito menos implementar inovações.

- A rotina impede a percepção de erros. Um exemplo: se na sua sala há um quadro pendurado de forma meio torta, seu cérebro se acostuma com essa imagem e nem nota mais. Já uma visita vai perceber na hora.

- A rotina embota o pensamento. Quanto mais praticamos ações rotineiras e/ou repetimos as mesmas coisas, mais difícil fica para o cérebro pensar de forma diferente.

- A rotina desmotiva, é entediante, não gera desafios.

A rotina, além de ser inevitável em certas situações, tem lá suas vantagens: já pensou ter que recriar todo dia a forma como V. escova os dentes, o percurso para chegar ao trabalho e os procedimentos para acessar sua conta bancária pela internet?

Mas então, como manter a mente em exercício constante para garantir os benefícios de um cérebro alerta e criativo?

Dois caminhos devem ser seguidos:

Sair da Rotina

Fugindo da rotina encontramos idéias em outros universos que podemos adaptar à nossas necessidades. Costumo recomendar o Turismo Criativo, formas de estimular a visão a ver diferente.

Alguns workshops que realizo incluem visitas a lugares inéditos dos quais seus participantes voltam com novas percepções e idéias. Se V. quiser exercitar a mente com atos simples, sugiro:

- Visite lugares diferentes. Se estiver morto de cansaço, mude de programa de TV ou visite novos sites da Internet . Mantenha uma visão de antropólogo, não julgue nada, veja tudo como uma curiosidade.

- Faça atividades diferentes. Mude de hobbies, invente programas diferentes para seu lazer. Experimente ser aprendiz , errar e inventar.

- Converse com pessoas cujo cotidiano não tem nada a ver com o seu. A tecnologia nos permite conversar com quem quisermos em qualquer canto do mundo, mas nos afastou de vizinhos, familiares ou quaisquer pessoas que não sejam de nossa tribo. Mas é conversando com gente diferente que as pessoas abrem a mente para entender seus clientes ou outros interlocutores extremamente importantes.

Veja a Rotina Com Novos Olhos

Há inúmeros exercícios para ver o igual de forma diferente, costumo aplicá-los em workshops de geração de idéias. Seguem algumas dicas que são a base desses exercícios:

- Quando um ator automatiza sua fala, a emoção vai embora. Atores de teatro sempre mudam algum detalhe de sua fala ou movimento só para se manterem em estado de alerta. Faça o mesmo.

- Experimente olhar para algo rotineiro como se o estivesse vendo pela primeira vez. V. descobrirá detalhes incríveis.

- Fuja da frase “isso é igual a...”. Ao considerar que uma situação, uma idéia ou uma pessoa são iguais (ou parecidas) com uma situação, idéias ou pessoa já conhecidas, V. coloca tudo numa vala comum e perde as pequenas diferenças que fazem a diferença.

- Para um bebê ver seu pai andar pode parecer tão óbvio ou tão mágico quanto vê-lo voar. Com dois anos de idade, qualquer criança já sabe que seu pai não voa. Ou seja, as pessoas acreditam que sabem tudo o que não vai dar certo. Recomendo um pouco desse olhar de bebê. Pode ser que algumas coisas passem a dar certo...

Profissionais valorizados são os que aprendem com as diferenças, tem sede de informações, quebram paradigmas, criam e inovam. Apesar de e muito além da rotina.

Gisela Kassoy - Consultoria em Criatividade - www.giselakassoy.com.br