A Revolução Digital
Por Conrado Adolpho
10/11/2009

Nesta semana, precisamente no dia 9 de novembro, comemora-se os 20 anos da queda do muro de Berlim. E no ano de 2009, também se comemora os 200 anos da Revolução Francesa. O que tais acontecimentos têm a ver com o nosso assunto corriqueiro – marketing digital?

Os 200 anos que se passaram, vieram com uma crescente valorização do indivíduo como célula fundamental da sociedade, trazendo de forma contundente a visão de mundo segundo princípios iluministas, que nortearam a chamada Revolução Francesa, entre 5 de maio de 1789 e 9 de novembro de 1799.

A noção de que o indivíduo é a parte mais importante da sociedade e de que seus direitos são inalienáveis é uma idéia recente. A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi assinada pela ONU apenas em 1948. Ao longo desses 200 anos de transformações, o povo percebeu que poderia provocar mudanças, sem depender de nenhum poder papal ou real, e mudar o mundo.

Nada, porém, chegou tão longe na valorização do sujeito e do poder de mudar o mundo quanto a internet. A rede não só colocou o indivíduo no centro das atenções, como lhe deu o poder de produzir suas próprias ideias. Seus próprios ideais.

A palavra marketing, na sua definição mais abrangente e conceitual – estudo do mercado – é o estudo, na realidade, dos desejos e necessidades dos consumidores. Esse estudo, com o advento da internet, está tomando a forma de marketing um a um, o estudo do menor dos “micro-targets” – o próprio sujeito.

Falando assim, para você leitor, isso parece óbvio, porém, apenas a minoria das empresas pensa dessa maneira. A maior parte delas ainda acha que o poder papal das mídias de massa é mais importante, que elas são as protagonistas, quando na realidade, o protagonista tem sido o próprio consumidor – um por um.

Ainda que a expressão “marketing digital”, para a maior parte das empresas e agências, seja sinônimo de site, e acabe sendo reduzida a um simples conjunto de letras e números chamado HTML com um layout bonitinho, alguns players desse mercado já enxergaram o poder que há por detrás de uma eficiente campanha via ambiente interativo.

Desde as pesquisas sobre as palavras-chave mais digitadas pelos consumidores, até a mensuração dos resultados de cada campanha - seguindo a metodologia dos 8 Pês - o marketing digital permite que as empresas tenham um resultado muito maior e preciso com um investimento relativamente baixo, em comparação com investimento em TVs e rádios, por exemplo.

Trabalhar indivíduo por indivíduo permite que um poderoso programa de fidelização seja implantado e que cada consumidor tenha suas necessidades e desejos atendidos. Permite que a empresa invista muito menos em comunicação transformando o próprio consumidor em veículo.

Na mesma linha da crescente valorização do sujeito e da época de mudanças que se iniciou em 1789, a internet veio para coroar a era da informação centrada no indivíduo. Trouxe para cada computador e lar a possibilidade de interferir na sociedade e de mudar os rumos de acontecimentos com o poder da sua opinião.

As últimas eleições dos EUA mostraram que isso não é utopia, é a pura realidade. O povo mudando os rumos do país a partir de uma rede sub-reptícia, como uma revolução silenciosa e irreversível. A política tem muito a mudar e a aprender com o novo mundo digital.

A decisão da derrubada do muro de Berlim veio de uma reunião do Partido, porém, a resistência à ideia separatista nunca abandonou as mentes dos alemães e, certamente, foi decisiva para que líderes socialistas apoiassem a reunificação. É engraçado e curioso pensar no que teria acontecido – ou em quanto tempo – caso a internet já existisse. Certamente as revoluções teriam acontecido muito mais rápido. Certamente o Partidão não teria se calado por tanto tempo frente ao clamor de uma multidão.

Os 20 anos da derrubada do muro de Berlim e os 200 da Revolução Francesa mostram o que o ser humano conquistou nesses 200 anos para si mesmo e mostram, também, que, ainda tem muito a conquistar. A revolução digital está apenas começando a se mostrar como uma consequência natural do período de mudanças que o mundo vem tendo ao longo dos últimos dois séculos.

A sua empresa está preparada para essa revolução?

Conrado Adolpho é empresário, publicitário, escritor e palestrante. Sua formação vem de faculdades de excelência como ITA e Unicamp. Trabalha com tecnologia, Internet e marketing. É especialista em marketing on-line, presta consultoria e ministra palestras em marketing na Internet, e-business, estratégias de marketing on-line, otimização de sites para mecanismos de busca e outros assuntos ligados à Internet e marketing. É autor do Livro Google Marketing - O Guia Definitivo do Marketing Digital.