Trabalhar com Alegria Gera Resultados
Melhores
Por Inácia Soares
14/08/2009
Há alguns anos, se alguém dissesse que uma empresa deveria se preocupar em dar prazer aos funcionários seria chamado de maluco. O ambiente de trabalho sempre foi sério, sem espaço para brincadeiras. Aliás, os funcionários mais engraçados, que tentavam criar um clima simpático, eram mal vistos e, raramente, tinham oportunidade de crescer na empresa. É da cultura empresarial acreditar que as pessoas mais sisudas são mais concentradas e que, por isso, produzem mais.
Há mais de 300 anos a.C., o filósofo grego Aristóteles já dizia que “o prazer no trabalho aperfeiçoa a obra”. Levamos mais de dois milênios para colocar isso em prática. O maior prêmio brasileiro para a qualidade em gestão de pessoas, criado pela revista Exame, mal completou uma década. Está provado que equipe satisfeita é uma arma contra a concorrência, principalmente, em um mercado marcado pela forte competitividade onde a qualidade no atendimento aos clientes depende do bom humor de toda a equipe. Segundo o consultor mineiro William Caldas, “dentro de uma empresa, hoje: todo mundo vende, todo mundo atende e as empresas não têm saída, precisam investir nas pessoas e oferecer bem-estar a elas”.
Alguns gestores, por exemplo, já descobriram o que fazer com aqueles funcionários estressados, que estão vivendo uma fase ruim na família, com parente doente ou contas atrasadas, e oferecem a eles descanso em pleno horário de trabalho. Foi o que fez o empresário Thiago Silva, sócio-diretor da Previsa, serviços de contabilidade. Ele investiu R$ 52 mil para montar uma sala para relaxamento com almofadões e computadores para quem também quiser fazer trabalhos da faculdade. Além disso, montou um restaurante interno com direito a cardápio montado por nutricionista. “O funcionário também quer qualidade de vida. Se a empresa só suga, ele se cansa e vai embora”, explica o empresário. A auxiliar financeiro – Silvana Paes, fugiu para a sala de descanso em plena crise de choro causada por problemas pessoais, e por lá ficou mais de uma hora. “Sem esse recurso”, garante ela, “eu me trancaria no banheiro, até melhorar um pouquinho”.
Quando o negócio depende de criatividade, o clima organizacional interfere diretamente no resultado e é preciso estimular a equipe a todo instante. O designer Alisson Hissashi que o diga. Acostumado a trabalhar madrugada adentro para finalizar projetos especiais, é comum chegar de manhã no escritório e encontra-lo na sala de jogos da empresa. “O cérebro pára. Jogo um pouco de videogame e depois volto para o trabalho”. A permissão é oficial e vem do empresário Thiago Miqueri, sócio-diretor da Plan B, agência de comunicação. Segundo ele, o negócio precisa de pessoas talentosas e apaixonadas pelo desafio. Somente assim, os clientes são surpreendidos por idéias originais. A liberdade da equipe não se resume à sala de jogos. Chegar mais tarde, sair mais cedo ou nem ir trabalhar para resolver questões pessoais fazem parte da lista de benefícios. Para a coordenadora de atendimento da empresa – Ana Flávia Rezende, o que mais a encantou foi o clima entre colegas e chefia: “Ser tratada com carinho é sempre bom e é fácil conversar com os diretores”.Já para o analista e desenvolvedor Lucas de Almeida, o mais bacana é a informalidade no figurino: “É a possibilidade da gente poder vir com a roupa que quer”.
Segurar talentos com benefícios trabalhistas e um bom clima organizacional. Essa é a estratégia do empresário Felipe Maia que atua no setor de prestação de serviços em T.I com a empresa Sydle. (Tecnologia da Informação). O turn over diminuiu quase 80% depois que a empresa adotou alguns procedimentos na gestão de pessoas, como o horário flexível e a bolsa de estudos. “Antes, era normal os funcionários saírem da empresa após quatro meses. Hoje, boa parte da equipe está conosco há mais de três anos”, comemora Maia. Os custos do RH aumentaram cerca de 30%, mas retornaram em produtividade, garante o empresário. A revisora de textos Danielle Salomão confirma. Ela revela que nas outras empresas em que trabalhou, o acesso à diretoria era difícil. Hoje, ela conversa com todos sem ter que ficar na fila de espera. A integração dos novos funcionários é outra vantagem que ela enxerga. Todo novo funcionário escolhe um restaurante onde quer almoçar e tem a companhia de colegas de departamentos diferentes, escolhidos por sorteio. “Ainda temos a promoção Um Dia no Cinema, em que cinco funcionários são sorteados por mês e ganham ingressos”, diz Salomão. Mesmo trabalhando em outro departamento e tendo mais experiência em ambientes corporativos, Marcelo Freitas concorda com a colega. O clima na empresa é tão bom, que ele confessa que teria dificuldade de aceitar um novo emprego. “Só se o salário for muito mais alto mesmo. Aqui não fico engessado e tomo decisões mais rápido, e se chegamos tarde, ninguém nos olha de cara feia, pois sabem que aquele horário foi planejado”, ri o diretor de Negócios.
E você, também quer tentar tomar algumas atitudes novas na gestão da sua equipe? Você não precisa montar uma sala de jogos, mas se conseguir criar um clima alegre e respeitoso já poderá obter excelentes resultados. Não demore refletindo, pois enquanto você pensa, seus concorrentes podem estar fazendo como as empresas acima: agindo.
Inácia Soares, jornalista e apresentadora do programa Mesa de Negócios, o mais antigo da TV mineira, exibido na TV Horizonte, professora do MBA Pitágoras, palestrante e coautora dos livros “Emoção, conflito e poder nas organizações” (Editora Com Arte/2009) e “Do Porteiro ao presidente” (Editora Com Arte/2009).
inaciasoares@mesadenegocios.com.br
Por Inácia Soares
14/08/2009
Há alguns anos, se alguém dissesse que uma empresa deveria se preocupar em dar prazer aos funcionários seria chamado de maluco. O ambiente de trabalho sempre foi sério, sem espaço para brincadeiras. Aliás, os funcionários mais engraçados, que tentavam criar um clima simpático, eram mal vistos e, raramente, tinham oportunidade de crescer na empresa. É da cultura empresarial acreditar que as pessoas mais sisudas são mais concentradas e que, por isso, produzem mais.
Há mais de 300 anos a.C., o filósofo grego Aristóteles já dizia que “o prazer no trabalho aperfeiçoa a obra”. Levamos mais de dois milênios para colocar isso em prática. O maior prêmio brasileiro para a qualidade em gestão de pessoas, criado pela revista Exame, mal completou uma década. Está provado que equipe satisfeita é uma arma contra a concorrência, principalmente, em um mercado marcado pela forte competitividade onde a qualidade no atendimento aos clientes depende do bom humor de toda a equipe. Segundo o consultor mineiro William Caldas, “dentro de uma empresa, hoje: todo mundo vende, todo mundo atende e as empresas não têm saída, precisam investir nas pessoas e oferecer bem-estar a elas”.
Alguns gestores, por exemplo, já descobriram o que fazer com aqueles funcionários estressados, que estão vivendo uma fase ruim na família, com parente doente ou contas atrasadas, e oferecem a eles descanso em pleno horário de trabalho. Foi o que fez o empresário Thiago Silva, sócio-diretor da Previsa, serviços de contabilidade. Ele investiu R$ 52 mil para montar uma sala para relaxamento com almofadões e computadores para quem também quiser fazer trabalhos da faculdade. Além disso, montou um restaurante interno com direito a cardápio montado por nutricionista. “O funcionário também quer qualidade de vida. Se a empresa só suga, ele se cansa e vai embora”, explica o empresário. A auxiliar financeiro – Silvana Paes, fugiu para a sala de descanso em plena crise de choro causada por problemas pessoais, e por lá ficou mais de uma hora. “Sem esse recurso”, garante ela, “eu me trancaria no banheiro, até melhorar um pouquinho”.
Quando o negócio depende de criatividade, o clima organizacional interfere diretamente no resultado e é preciso estimular a equipe a todo instante. O designer Alisson Hissashi que o diga. Acostumado a trabalhar madrugada adentro para finalizar projetos especiais, é comum chegar de manhã no escritório e encontra-lo na sala de jogos da empresa. “O cérebro pára. Jogo um pouco de videogame e depois volto para o trabalho”. A permissão é oficial e vem do empresário Thiago Miqueri, sócio-diretor da Plan B, agência de comunicação. Segundo ele, o negócio precisa de pessoas talentosas e apaixonadas pelo desafio. Somente assim, os clientes são surpreendidos por idéias originais. A liberdade da equipe não se resume à sala de jogos. Chegar mais tarde, sair mais cedo ou nem ir trabalhar para resolver questões pessoais fazem parte da lista de benefícios. Para a coordenadora de atendimento da empresa – Ana Flávia Rezende, o que mais a encantou foi o clima entre colegas e chefia: “Ser tratada com carinho é sempre bom e é fácil conversar com os diretores”.Já para o analista e desenvolvedor Lucas de Almeida, o mais bacana é a informalidade no figurino: “É a possibilidade da gente poder vir com a roupa que quer”.
Segurar talentos com benefícios trabalhistas e um bom clima organizacional. Essa é a estratégia do empresário Felipe Maia que atua no setor de prestação de serviços em T.I com a empresa Sydle. (Tecnologia da Informação). O turn over diminuiu quase 80% depois que a empresa adotou alguns procedimentos na gestão de pessoas, como o horário flexível e a bolsa de estudos. “Antes, era normal os funcionários saírem da empresa após quatro meses. Hoje, boa parte da equipe está conosco há mais de três anos”, comemora Maia. Os custos do RH aumentaram cerca de 30%, mas retornaram em produtividade, garante o empresário. A revisora de textos Danielle Salomão confirma. Ela revela que nas outras empresas em que trabalhou, o acesso à diretoria era difícil. Hoje, ela conversa com todos sem ter que ficar na fila de espera. A integração dos novos funcionários é outra vantagem que ela enxerga. Todo novo funcionário escolhe um restaurante onde quer almoçar e tem a companhia de colegas de departamentos diferentes, escolhidos por sorteio. “Ainda temos a promoção Um Dia no Cinema, em que cinco funcionários são sorteados por mês e ganham ingressos”, diz Salomão. Mesmo trabalhando em outro departamento e tendo mais experiência em ambientes corporativos, Marcelo Freitas concorda com a colega. O clima na empresa é tão bom, que ele confessa que teria dificuldade de aceitar um novo emprego. “Só se o salário for muito mais alto mesmo. Aqui não fico engessado e tomo decisões mais rápido, e se chegamos tarde, ninguém nos olha de cara feia, pois sabem que aquele horário foi planejado”, ri o diretor de Negócios.
E você, também quer tentar tomar algumas atitudes novas na gestão da sua equipe? Você não precisa montar uma sala de jogos, mas se conseguir criar um clima alegre e respeitoso já poderá obter excelentes resultados. Não demore refletindo, pois enquanto você pensa, seus concorrentes podem estar fazendo como as empresas acima: agindo.
Inácia Soares, jornalista e apresentadora do programa Mesa de Negócios, o mais antigo da TV mineira, exibido na TV Horizonte, professora do MBA Pitágoras, palestrante e coautora dos livros “Emoção, conflito e poder nas organizações” (Editora Com Arte/2009) e “Do Porteiro ao presidente” (Editora Com Arte/2009).
inaciasoares@mesadenegocios.com.br