As Escolas do Marketing
por Daniel Portillo Serrano
20/07/2011
Apesar de o Marketing existir desde o início da humanidade, é a
partir do início do Século XX que passa a ser estudado como
Ciência. Essa é a proposição de “A Evolução do Pensamento de
Marketing: uma análise do corpo doutrinário acumulado no século
XX” de Claudia Maria Carvalho Miranda e Danielle Miranda Arruda
(2002), obra que será utilizada como base para este texto.
Para Sheth ET al (1988), o pensamento em Marketing pode ser
classificado em 12 escolas surgidas até a década de 70:
01. Escola Commodity
02. Escola Funcional
03. Escola Institucional
04. Escola Regional
05. Escola Funcionalista
06. Escola Administrativa
07. Escola Comportamento Do Consumidor
08. Escola Dinâmica Organizacional
09. Escola Macromarketing
10. Escola Sistêmica
11. Escola de Trocas Sociais
12. Escola Ativista
Três outras linhas de pensamento surgem a partir da década de
80: O Marketing de Relacionamento, O Cybermarketing e o
Marketing Experiencial. Para melhor entendimento da presença de
cada linha de pensamento no tempo, o diagrama abaixo mostra as
décadas de maior influência de cada escola, quais foram
abandonadas e quais ainda permanecem mantidas:
Década de maior influência
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1900
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10
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20
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30
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40
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50
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60
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70
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80
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90
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2000
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2010
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As
12 Escolas do Marketing
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Escola Commodity
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Escola Funcional
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Escola Institucional
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Escola Regional
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Escola Funcionalista
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Escola Administrativa
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Escola Comp. Do Consumidor
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Escola Dinâmica Organizacional
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Escola Macromarketing
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Escola Sistêmica
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Escola de Trocas Sociais
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Escola Ativista
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O
Marketing pós década de 70
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Marketing de Relacionamento
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Cybermarketing
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Marketing Experiencial
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A Escola Commodity, criada em 1900, primeira na linha de tempo
de Sheth, surge com foco nas vendas e transações. Quase ao mesmo
tempo, a Escola Funcional surgia voltada às atividades que
seriam necessárias para executar as transações descritas pela
Escola Commodity e nos métodos necessários para executar essas
transações.
A Escola Institucional surge em 1910 e prevalece até a década de
70. O Auge surge entre as décadas de 50 e 60. Inova o pensamento
das demais escolas acrescentando o foco nos intermediários e
suas funções, no processo de comercialização.
A Escola Regional, a exemplo da Institucional tem seu foco nas
transações entre fornecedores e compradores ou vendedores e
clientes. Acrescenta, no entanto, a regionalização como fator
chave de estudo. Para a Escola Regiuonal, surgida em 1930,
varejistas e atacadistas tem que ser estudados de acordo com a
região onde atuam.
Na mesma década toma força a Escola Funcionalista que tenta
explicar o Marketing como um sistema interdependente da dinâmica
de relacionamento.
A Escola Administrativa começa a tomar forma uma década depois,
em 1940 focando nas necessidades dos consumidores, no composto
de Marketing e na segmentação do mercado. É nesta época que
Theodore Levitt publica “Miopia
em Marketing”.
Surgida no começo da década de 50, com foco na análise dos dados
dos consumidores, como por exemplo, quem são, onde vivem e
quantos são, surge a Escola Comportamento do Consumidor
enfatizando os bens duráveis, produtos de consumo e produtos
finais.
A Escola Dinâmica Organizacional, que aparece no início dos anos
60, tem seu foco no bem estar do consumidor e nas necessidades
das pessoas nos canais de distribuição, incluindo lojas de
varejo, fabricantes, distribuidores e atacadistas.
A Escola Macromarketing é criada nos anos 60. Foca as
instituições sociais e suas atividades de Marketing. Já a Escola
Sistêmica, também do mesmo período passa a dar ênfase nas
respostas às mudanças do meio-ambiente.
A Escola de Trocas Sociais, terceira surgida na década de 60,
focaliza a perspectiva interativa com respeito às transações do
mercado e nas trocas entre vendedores e consumidores.
Na década de 70, a Escola Ativista, última na classificação de
Sheth, dá ênfase ao desequilíbrio da força entre vendedores e
consumidores, na satisfação do consumidor e no uso indevido do
Marketing por algumas empresas.
Nos anos 80 crescem as dúvidas quanto à aplicação do Marketing.
Autores afirmam que o sucesso do Marketing não acontece para
satisfazer as necessidades do consumidor, mas ocorre ao lhe
oferecer satisfação maior que os concorrentes.
Surge então o Marketing de Relacionamento, a primeira escola pós
década de 70, com a função de proporcionar a lealdade dos
consumidores através de um relacionamento duradouro, focando na
lealdade e retenção de clientes.
O Cybermarketing, emergindo na década de 90 passa a ser visto
como um instrumento facilitador com possibilidade de oferecer a
“personalização em massa”, permitindo um rápido processo nas
transações e interatividade com os consumidores. Já o Marketing
Experiencial ou Marketing dos Sentidos, surgido na mesma década,
foca não mais nas necessidades dos consumidores mas nas
sensações que os produtos proporcionam.
A Tabela abaixo resume cada escola com as principais
características e os seus principais pensadores.
Escola |
Pensadores |
Principal Foco |
Escola Commodity | Coperlando, Aspinwall, Holton |
Vendas de objetos e transações comerciais. |
Escola Funcional | Shaw, Weld, Ryan, Vanderblue, McGarry | Atividades necessárias para fazer as transações. |
Escola Institucional | Weld, Butler, Breyer, Alderson, McCammon, Balderston, Bucklin e Mallen | Comercialização de produtos através de intermediários. |
Escola Regional | Revzan e Grether | Estudo das transações considerando a regionalização. |
Escola Funcionalista | Alderson | Marketing como um sistema interdependente da dinâmica de relacionamento |
Escola Administrativa | Dean, Howard e Kelly & Lazer, Borden, Smith, McCarthy e Levitt | Necessidades dos consumidores, composto de Marketing e segmentação do mercado |
Escola Comp. Do Consumidor | Katona, Lazarsfeld e Festinger, Keith, Rogers | Bens duráveis, produtos de consumo e produtos finais |
Escola Dinâmica Organizacional | Ridgeway, Mallen, Stern, Robicheaux, El-Ansary, Cadotte, Reve, Achrol, Frazier, Gaski e Graham | Bem estar do consumidor e nas necessidades das pessoas nos canais de distribuição |
Escola Macromarketing | Holloway, Hancock, Burnett, Shawers, Fisk, Nickels, Boulding, Howard, Kotler. | Instituições sociais e suas atividades de Marketing |
Escola Sistêmica | Boulding, Forrester, Kuhn, Bertalanffy e Howard | Respostas às mudanças do meio-ambiente |
Escola de Trocas Sociais | MacInnes, Alderson e Martin, Kotler, Bagozzi, Houston e Gassenheimer | Perspectiva interativa com respeito às transações do mercado e nas trocas entre vendedores e consumidores |
Escola Ativista | Gardner, Armstrong, Kassarijan, Andreasen, Kotler | Desequilíbrio da força entre vendedores e consumidores, na satisfação do consumidor e no uso indevido do Marketing |
Marketing de Relacionamento | Jackson , Berry e Spekman & Johston | Lealdade e retenção de clientes |
Cybermarketing | Rowsom, Rosembloom, Poel &Leunis, Graham e McCune | Interatividade com consumidores e “personalização em massa”. |
Marketing Experiencial | Scmitt | Sentidos - sensações que os produtos proporcionam |
Bibliografia:
SHETH, J. D.; GARDNER, D. M.; GARRETT, D.E. Marketing Theory:
Evolution and Evaluation. New York: John Wiley and Sons, 1988.
MIRANDA, C. M. C., ARRUDA, D. M. A Evolução do Pensamento de
Marketing: uma análise do corpo doutrinário acumulado no século
XX. In: 26 ENANPAD, 2002 . Salvador, 2002.
Daniel Portillo Serrano é Palestrante, Consultor e Professor. Bacharel em Comunicação Social com ênfase em Marketing Pela Universidade Anhembi Morumbi, e pós graduado em Administração de Empresas pelo Centro Universitário Ibero-Americano - Unibero, Mestre em Administração de Empresas pela Universidade Paulista - UNIP. É consultor de Marketing e Comportamento do Consumidor e editor dos sites Portal do Marketing e Portal da Psique . Tem atuado como principal executivo de Vendas e Marketing em diversas empresas do ramo Eletroeletrônico, Telecomunicações e Informática. É professor de Marketing, Administração, Estratégia, Comportamento do Consumidor e Planejamento em cursos universitários de graduação e pós-graduação. Contato: daniel@portaldomarketing.com.br .