Marketing e Redes de Empresas
por Daniel Portillo Serrano
20/07/2011
No Último Século, a área de Marketing passou por diversas mudanças em seu foco e ênfase de sua direção. Atualmente, se descreve a economia da atualidade como uma sociedade em rede. Redes de negócios, apesar de não ser um fato novo, apresentaram um crescimento muito rápido no seu número, forma e complexidade.
Empresas imbricadas em redes passam a ter vantagens no mercado que antes não dispunham.
A atuação do Marketing, portanto, está cada vez mais direcionada à competição entre as redes do que a concorrência entre empresas. Apesar da pouca literatura encontrada a respeito da Atuação e função do Marketing nas redes de empresas.
Essas duas áreas (Marketing e redes) em um nível genérico parecem se complementar. O Motivo é que a formação das redes contempla toda a cadeia produtiva, chegando até o consumidor final. Assim, uma das atuais funções do Marketing, a relação da empresa com o mercado, passa, também a ser atribuída às redes entre empresas. A relação entre ambos, no entanto não surge com freqüência na literatura sobre redes. Ernesto Giglio afirma em um de seus artigos que o consumidor não exerce um papel social reconhecido nas redes e não existem estudos sobre a gestão de sua participação, por exemplo, no desenvolvimento de novos produtos. A afirmação é feita baseada em uma análise de mais de 80 artigos sobre redes.
Sendo assim, surge um paradoxo entre Marketing e redes: se cada vez mais as redes entre empresas se agrupam para melhor atender o mercado, por que o Marketing não surge com mais freqüência na literatura sobre redes?
Alguns trabalhos definem o Marketing não mais como um departamento de uma organização, mas a visão do negócio pelos olhos do consumidor. Portanto, a manutenção do relacionamento com o mercado deve permanecer independente se a organização atua isoladamente ou imbricada em uma rede.
As redes passam a obter os benefícios de ações de Marketing, que anteriormente seriam inacessíveis, principalmente a pequenas empresas que não disporiam dos recursos necessários, trabalhando isoladamente.
O Relacionamento é tratado de forma muito semelhante entre as duas áreas: Marketing e redes. No texto de Morgan é Hunt (1994) são abordados dois fatores que determinam o sucesso (ou não) de um relacionamento em rede: o comprometimento e a confiança como itens centrais da rede, ao contrário da teoria de Thorelli que coloca o poder como conceito central. Para Morgan e Hunt (1994) há dois conjuntos de fatores interligados: as variáveis de entrada e saída, mantendo a Confiança e o comprometimento como elos de ligação.
Fonte: Adaptado de Morgan e Hunt (1994)
Quanto maiores os custos para algum ator deixar a rede e maiores benefícios do relacionamento, tanto maiores serão a aquiescência, a vontade de sair da rede e a cooperação entre as partes, devido ao comprometimento. Da mesma forma, quanto maior for o nível de comunicação e menor for o comportamento oportunista, tanto maior será o conflito funcional e menor as incertezas. A cooperação aumenta devido ao fortalecimento de qualquer um dos dois fatores centrais: comprometimento ou Confiança. Os valores agregados, também deverão influir positivamente nos dois itens.
A visão do Marketing de Relacionamento, no entanto, não se opõe à visão do Marketing como troca. Nesta última, existem diferenças entre as transações relacionais e as discretas. Enquanto as relacionais ultrapassam os limites do tempo, realizadas com o foco ao longo prazo, as discretas se caracterizam pelo momento, pouca interatividade e comunicação limitada. O quadro abaixo mostra as principais diferenças descritas por MacNeil:
Bases de
Comparação
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Transações
Discretas
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Transações
Relacionais
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Tempo de Troca
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Curta Duração
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Longa Duração
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Número de partes envolvidas
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Duas: Comprador e vendedor
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Normalmente mais de duas partes
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Fontes de Obrigações
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Crenças e costumes
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Promessas feitas além das crenças e costumes
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Satisfação do Cliente
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Limitada ao produto ofertado
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Baseada no produto e serviços agregados
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Expectativas para o Relacionamento
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Conflitos de Interesse e pouca unidade
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Conflitos contrabalançados pela confiança
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Relações Pessoais
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Mínimas
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Comunicação formal e informal
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Cooperação
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Inexistente
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Significativa
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Planejamento
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Enfoca a troca sem antecipação do futuro
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Enfoca o processo de troca com planejamento detalhado para o futuro
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Mensuração do Desempenho
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Pouca Atenção
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Atenção às medidas de todos os aspectos do desempenho
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Poder
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Lei do mais forte
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Interdependência aumenta a aplicação judiciosa na troca do poder
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Adaptado de Klein (2003)
Bibliografia
KLEIN, M. Identificação do nível de relacionamento entre a claro digital e seus clientes corporativos. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Rio Grande do Sul, RS, 2003
Daniel Portillo Serrano é Palestrante, Consultor e Professor. Bacharel em Comunicação Social com ênfase em Marketing Pela Universidade Anhembi Morumbi, e pós graduado em Administração de Empresas pelo Centro Universitário Ibero-Americano - Unibero, Mestre em Administração de Empresas pela Universidade Paulista - UNIP. É consultor de Marketing e Comportamento do Consumidor e editor dos sites Portal do Marketing e Portal da Psique . Tem atuado como principal executivo de Vendas e Marketing em diversas empresas do ramo Eletroeletrônico, Telecomunicações e Informática. É professor de Marketing, Administração, Estratégia, Comportamento do Consumidor e Planejamento em cursos universitários de graduação e pós-graduação. Contato: daniel@portaldomarketing.com.br .