Qualidade de Vida e Produtividade
Por Diego Berro
20/07/2010


“Conquistamos a incrível marca de 130% em relação à capacidade nominal das máquinas. A produtividade da Colway inglesa é de 93%. O fabricante das máquinas, importadas da Itália, não acreditou e veio conferir pessoalmente a maior produtividade mundial no ramo” (Francisco Simeão, presidente da empresa BS Colway Pneus).
Ouvimos durante muito tempo se falar sobre o termo “absenteísmo” – ausência temporária no trabalho por motivo de doença, gerando baixa produtividade nas empresas. No entanto, o que hoje mais tem preocupado os gestores de pessoas é a síndrome do “presenteísmo”. Presenteísmo significa estar fisicamente presente no ambiente organizacional, porém, mental e emocionalmente ausente. Ou seja, você está ali, mas não consegue produzir como deveria.
Estas vítimas não faltam ao trabalho, mas apresentam sintomas como dores de cabeça, nas costas e musculares; irritação; alergias; cansaço; ansiedade; angústia; irritação; depressão; insônia; estresse; distúrbios gástricos etc. Com isto, há queda da produtividade e prejuízos para a empresa.
“Estatísticas revelam que 40% dos afastamentos nas empresas são motivados por pequenas doenças e mal-estar - como gripes, dores nas costas, entorses - que podem ser evitados por um bom condicionamento físico” (Francisco Simeão, presidente da BS Colway Pneus).
Um estudo realizado pelo Institute for Health and Productivity Studies, dos Estados Unidos, mostrou que as companhias brasileiras chegam a perder 42 bilhões de reais/ano, o equivalente a 3% do Produto Interno Bruto, devido à presença de funcionários doentes, apresentando falta de rendimento nas suas atividades. Muitas empresas preocupadas com sua qualidade e produtividade têm elaborado programas de qualidade de vida para a manutenção da saúde de seus funcionários. Porém, menos de 5% das empresas oferecem programas específicos de QV a seus colaboradores.
No ano passado tive a oportunidade de ministrar uma série de palestras na empresa BS Colway Pneus, em Piraquara, na Grande Curitiba, e conhecer seu programa de incentivo a uma melhor qualidade de vida. Considerada uma das melhores empresas do Brasil para se trabalhar, além da maior e mais moderna fábrica do mundo em seu segmento, a organização é exemplo não somente em ecologia e preservação ambiental, mas em qualidade de vida.
A empresa desenvolveu o programa PePe – Pacto Empresarial pelo Pleno Emprego. A carga horária de trabalho foi reduzida de 44h semanais para 36h, sem diminuir os salários dos colaboradores. Política esta que gerou um aumento de 22,2% no número de empregos da empresa. A corporação emprega hoje mais de mil pessoas.
Nenhum funcionário da BS Colway pode fumar no trabalho ou até mesmo em casa. Essa é a condição para sua contratação; e muitos deixam de fumar para se candidatar ao emprego oferecido. A empresa tem uma academia de ginástica no chão da fábrica, com personal trainers para orientar os colaboradores.
Participando com freqüência da academia, os funcionários recebem um prêmio de R$ 130 (e mais o equivalente a R$ 20 mensais, acumulados a cada seis meses) e mais R$ 50 para que utilizem bem o plano de saúde médico-odontológico, que prevê exames preventivos regulares. Além das visitas ao dentista em períodos nunca maiores que seis meses.
Por isso, na BS Colway as faltas ao trabalho são raras e os índices de algum tipo de lesão causada por esforço repetitivo ou má postura diminuíram de 18% para 5,5%. Alguém gostaria de trabalhar em uma empresa onde a carga horária é reduzida de oito para seis horas diárias e, além disso, ganhar quase R$ 200 a mais mensalmente só para fazer academia?
Hoje mais de 600 pessoas entregam seus currículos por mês na empresa e a satisfação dos colaboradores é notável. Quando estive lá, durante dois dias, ministrando junto com um amigo uma série de seis palestras, pude conhecer e conversar com vários funcionários e a alegria e prazer com que eles trabalhavam era incomum.
A organização ganha em todos os sentidos. Aumenta diretamente a produtividade e diminui a rotatividade dos colaboradores. Isso representa lucro para corporação, pois os gastos contratuais da rescisão de um funcionário, adicionados aos gastos para a seleção de um novo, seu processo de contratação e treinamento, quando somados representam uma grande perda de recursos.
Convido sua empresa a seguir o exemplo da BS Colway e investir na implantação de programas de qualidade de vida. Certamente os benefícios serão muito maiores que o investimento.
Benefícios de um programa de qualidade de vida:
* Para o colaborador:
- Melhora a saúde.
- Maior motivação.
- Melhora a resistência a doenças.
- Melhora o relacionamento interpessoal.
- Maior eficácia e concentração no trabalho.
- Administra e resiste melhor ao stress.
- Melhora a auto-estima.
- Maior controle emocional.
- Maior participação nos processos.
- Previne LER (Lesão por Esforço Repetitivo).
- Entre outros.
* Para a empresa:
- Diminui o absenteísmo/turnover.
- Diminui o número de acidentes.
- Diminui o custo com assistência médica.
- Melhora a imagem no mercado.
- Melhora o ambiente de trabalho.
- Trabalho e funcionários mais integrados.
- Maior produtividade.
- Retenção de talentos.
- Cultura saudável na empresa.
- Empresa com diferencial em qualidade de vida.
- Entre outros.

Diego Berro é palestrante de vendas. Co-autor dos livros: “Os 30 + em Motivação no Brasil” e “Ser Mais em Vendas”. Graduação em Gestão Empresarial pela Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas. Formação Profissional de Nível Tecnológico em RH e Marketing pela FGV-RJ. Máster Practitioner em Programação Neurolinguística. Ministra palestras, workshops e treinamentos de vendas, realizando convenções de vendas e treinamentos in-company em todo Brasil.
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