O Resumo do Silêncio
Por Jorge Antonio Monteiro de Lima
17/07/2010
-a crise da comunicação e a internet-
Josy: "putz"
Mané: "é"
Dodoi: "uau"
Josy: c q sabe
Mane: k k k k k
Josy: td bem
Dodoi: vx
E lá vão eles, assassinando a língua pátria em um diálogo monossilábico de MSN ou de um Chat qualquer. Um resumo de silêncio, um diálogo inteligível que de tão resumido, perdeu totalmente seu sentido. A crise de vida atual vem retirando das pessoas às questões mais básicas da sobrevivência. E para começar a crise, o bom e velho diálogo foi assassinado, mas antes a mordaça...
Uma crise de comunicação deixa hoje no ar uma carência constante, que tem início em uma relação que não existe, é virtual, resumida, rápida, estilo você tem o tempo todo, todo mundo, mas de verdade, a única companhia legítima é um microcomputador. A carência hoje vem se intensificando, enquanto um estado coletivo, um senso comum, um estado não natural de ser apadrinhado pela impessoalidade, frieza e apatia. Tudo começando pela tecnologia não digerida e mal aplicada à nossas vidas. As desculpas: entretenimento, diversão, um estado de bobeira e tédio, já que não estou fazendo nada mesmo, deixa ir lá um pouquinho.
Na crise de comunicação, não há como manifestar a afetividade genuína, especialmente porque no resumo do diálogo, tira-se a expressão idiomática, o conteúdo, a possibilidade de manifestação e espontaneidade. E isto torna-se um estado patológico comum na atualidade. O ser carente que procura saciar-se no deserto das teclas áridas.
A impessoalidade tornou-se parte da forma de expressão, e a economia das palavras sua marca registrada. Tudo vazio de sentido, de vida, de ser.
Tudo isto retrata a perda lingüística, deixando substantivos e adjetivos de lado. Agora a moda da língua é usar apenas os verbos e todos resumidos. Poupa tempo, os dedos, e permite ao cidadão grunhir com a matilha tranqüilamente.
Este resumo de silêncios que a vida impõe, torna o campo afetivo do individuo extremamente apático e incapaz de interações mais genuínas, porque trunca sua comunicação de forma evidente.
Torna hábito à dificuldade de expressão com valores coletivos introjetados como se positivos fossem. A mania que vira vício, que arruína a vida.
No princípio era o verbo e a este voltamos. Porém o ato da criação, neste caso é retrocesso, pouco tem de divino, porque o verbo que não se torna carne no campo telúrico permanece. Este é o estado primitivo que desenvolvemos, à volta as cavernas uga uga hitech!
Indivíduos isolados da vida, vivendo um limbo de solidão, mas cercados de muita gente!
Hábitos e costumes transformados em um nada, comuns a muitos.
E hoje em dia, uma das queixas mais freqüentes no mundo é justamente esta - falta de dialogo: do pai que reclama do filho; dos irmãos que não mais se falam; do namorado com a namorada; dos casais; dos líderes religiosos. Como no Chat resumos, grunhidos, vez por outra, um uivo.
Esta crise de comunicação que abala toda sociedade, agora também se faz presente no quotidiano do virtual, potencialmente agravada. Isto porque as bases dos relacionamentos interpessoais são geradas a partir de um diálogo, que vem deixando de existir. E se não posso me expressar? O que sobra? "Quem não comunica se estrumbica Terezinha Uh! uh!"
De certa forma o que se gera, é interessante para as instituições mais depravadas de nosso universo. Um indivíduo que mal se expressa, que não dá conta de emitir sua opinião, a não ser por um diálogo truncado, que vive em um mundo virtual, carente e vazio, este indivíduo torna-se facilmente massa de manobra para que se faça dele o que bem quiser. É uma marionete moderna, um alienado de si próprio. Mas é visto pela grande massa como um ser normal!
Geralmente, o que fixa um indivíduo tornar hábito tal comportamento são os ganhos secundários de todo este processo. Ele se ilude, passa a acreditar que tem muitos amigos, que tem um namorado distante, que está enturmado, que tem uma vida social com pessoas mais interessantes que as de carne e osso, crê que está abafando, resumindo: os agentes motivadores são os que ele justamente não tem em sua vida e ignora. Entra basicamente pela carência afetiva. E a impessoalidade de todo processo ao invés de nutrir o espírito, deixa-o mais carente, mais desejoso, mais vazio a cada dia.
O banguela com um lote de castanhas do Pará.
Jorge Antônio Monteiro de Lima é pesquisador em saúde mental, Psicólogo e musico Consultor de Recursos Humanos Consultoria para projetos de acessibilidade para pessoas com necessidades especiais email: contato@olhosalma.com.br - site:www.olhosalma.com.br
Por Jorge Antonio Monteiro de Lima
17/07/2010
-a crise da comunicação e a internet-
Josy: "putz"
Mané: "é"
Dodoi: "uau"
Josy: c q sabe
Mane: k k k k k
Josy: td bem
Dodoi: vx
E lá vão eles, assassinando a língua pátria em um diálogo monossilábico de MSN ou de um Chat qualquer. Um resumo de silêncio, um diálogo inteligível que de tão resumido, perdeu totalmente seu sentido. A crise de vida atual vem retirando das pessoas às questões mais básicas da sobrevivência. E para começar a crise, o bom e velho diálogo foi assassinado, mas antes a mordaça...
Uma crise de comunicação deixa hoje no ar uma carência constante, que tem início em uma relação que não existe, é virtual, resumida, rápida, estilo você tem o tempo todo, todo mundo, mas de verdade, a única companhia legítima é um microcomputador. A carência hoje vem se intensificando, enquanto um estado coletivo, um senso comum, um estado não natural de ser apadrinhado pela impessoalidade, frieza e apatia. Tudo começando pela tecnologia não digerida e mal aplicada à nossas vidas. As desculpas: entretenimento, diversão, um estado de bobeira e tédio, já que não estou fazendo nada mesmo, deixa ir lá um pouquinho.
Na crise de comunicação, não há como manifestar a afetividade genuína, especialmente porque no resumo do diálogo, tira-se a expressão idiomática, o conteúdo, a possibilidade de manifestação e espontaneidade. E isto torna-se um estado patológico comum na atualidade. O ser carente que procura saciar-se no deserto das teclas áridas.
A impessoalidade tornou-se parte da forma de expressão, e a economia das palavras sua marca registrada. Tudo vazio de sentido, de vida, de ser.
Tudo isto retrata a perda lingüística, deixando substantivos e adjetivos de lado. Agora a moda da língua é usar apenas os verbos e todos resumidos. Poupa tempo, os dedos, e permite ao cidadão grunhir com a matilha tranqüilamente.
Este resumo de silêncios que a vida impõe, torna o campo afetivo do individuo extremamente apático e incapaz de interações mais genuínas, porque trunca sua comunicação de forma evidente.
Torna hábito à dificuldade de expressão com valores coletivos introjetados como se positivos fossem. A mania que vira vício, que arruína a vida.
No princípio era o verbo e a este voltamos. Porém o ato da criação, neste caso é retrocesso, pouco tem de divino, porque o verbo que não se torna carne no campo telúrico permanece. Este é o estado primitivo que desenvolvemos, à volta as cavernas uga uga hitech!
Indivíduos isolados da vida, vivendo um limbo de solidão, mas cercados de muita gente!
Hábitos e costumes transformados em um nada, comuns a muitos.
E hoje em dia, uma das queixas mais freqüentes no mundo é justamente esta - falta de dialogo: do pai que reclama do filho; dos irmãos que não mais se falam; do namorado com a namorada; dos casais; dos líderes religiosos. Como no Chat resumos, grunhidos, vez por outra, um uivo.
Esta crise de comunicação que abala toda sociedade, agora também se faz presente no quotidiano do virtual, potencialmente agravada. Isto porque as bases dos relacionamentos interpessoais são geradas a partir de um diálogo, que vem deixando de existir. E se não posso me expressar? O que sobra? "Quem não comunica se estrumbica Terezinha Uh! uh!"
De certa forma o que se gera, é interessante para as instituições mais depravadas de nosso universo. Um indivíduo que mal se expressa, que não dá conta de emitir sua opinião, a não ser por um diálogo truncado, que vive em um mundo virtual, carente e vazio, este indivíduo torna-se facilmente massa de manobra para que se faça dele o que bem quiser. É uma marionete moderna, um alienado de si próprio. Mas é visto pela grande massa como um ser normal!
Geralmente, o que fixa um indivíduo tornar hábito tal comportamento são os ganhos secundários de todo este processo. Ele se ilude, passa a acreditar que tem muitos amigos, que tem um namorado distante, que está enturmado, que tem uma vida social com pessoas mais interessantes que as de carne e osso, crê que está abafando, resumindo: os agentes motivadores são os que ele justamente não tem em sua vida e ignora. Entra basicamente pela carência afetiva. E a impessoalidade de todo processo ao invés de nutrir o espírito, deixa-o mais carente, mais desejoso, mais vazio a cada dia.
O banguela com um lote de castanhas do Pará.
Jorge Antônio Monteiro de Lima é pesquisador em saúde mental, Psicólogo e musico Consultor de Recursos Humanos Consultoria para projetos de acessibilidade para pessoas com necessidades especiais email: contato@olhosalma.com.br - site:www.olhosalma.com.br