Varejo Brasileiro - Para onde vamos?
Por Sandra Turchi
08/01/2011
Com base no que foi apresentado na
NRF-2009 (National Retail Federation)
ficou claro não ser uma boa idéia os
varejistas ficarem fora do comércio
online, não apenas na questão de
integração de canais, muito bem
avaliada, mas também por que cada vez
mais se percebe uma tendência de
ampliação do consumo diretamente pela
WEB.
Em 2008 foram mais de 8 bilhões
comercializados via Internet no Brasil,
com um ticket médio acima de 300 reais,
o que é bastante alto, se comparado ao
do varejo em geral. Além disso, é
importantíssimo lembrar que a classe que
mais cresce no país, a classe média, é a
grande responsável pelo crescimento das
vendas de computadores nos últimos anos
e no acesso à Internet, ou seja, a
tendência é que com o passar do tempo
ela também aumente seu consumo online,
afinal, ela já responde por mais de 75%
do consumo interno no país.
Obviamente temos que relembrar também
que, somente no Brasil, pelas últimas
estimativas, mais de 50 milhões de
pessoas estão navegando (os números
mudam a cada dia), com um tempo gasto
nessa atividade que é um dos recordistas
mundiais. Isso é maior que a população
de muitos países!
Sendo assim, o que antes era uma
possibilidade, hoje é uma determinação.
Pode-se observar o interesse crescente,
inclusive nas pequenas e médias
empresas, que tem procurado cada vez
mais se inteirar do que é esse novo
mundo digital, para tentarem se inserir
nesse contexto de alguma forma. Pode-se
ainda destacar nesse sentido a
importância de instituições sem fins
lucrativos voltadas para a disseminação
de conhecimento e de serviços que sejam
facilmente aplicáveis por esses
empresários, como Sebrae, Associação
Comercial de SP e camara-e.net, tendo em
vista a falta de estrutura que
normalmente se observa nas PME´s.
No evento de NY também foi destaque a
satisfação dos consumidores adaptados a
realizar suas compras via WEB, que se
mostrou maior do que a observada dentre
os consumidores do varejo tradicional.
Isso é um ponto muito relevante, pois
como a tendência é de integração dos
meios ou de canalização para o
e_commerce temos que ficar muito
atentos, pois o cliente nesse ambiente
tem um poder muito maior. Vou
esclarecer. Em geral, imediatamente ao
final de cada compra, ele é estimulado a
dar sua opinião, através de pesquisas
online destinadas a captar sua percepção
logo após o consumo, sendo que os
resultados dessas pesquisas ficam
disponíveis para futuros consumidores
consultarem e decidirem se é ou não uma
boa idéia comprar nessa loja. Ou seja, o
“antigo boca-a-boca” agora ficou ainda
mais dinâmico, o que pode ser muito bom,
ou não, dependendo de como a empresa
estiver se posicionando nesse novo
modelo de negócios.
Em algumas redes varejistas ainda se
pode perceber que a equipe de vendas vê
as vendas pela Internet como um
concorrente, porém, se faz necessário
quebrar urgentemente esse paradigma, e
vê-la, sim, como uma grande aliada. Como
exemplo, cito o movimento que ocorreu no
mercado de vendas de automóveis, que
hoje em dia utiliza esse canal como
fonte para consulta a informações antes
da compra, visto que em torno de 80% dos
compradores visitam o site antes de ir a
uma concessionária e essa passa a ter um
papel de conclusão da venda, de uma
forma muita mais ágil e prática.
Afinal, não é isso que o consumidor
deseja? Informações disponíveis sobre os
produtos ou serviços, com acesso
simplificado e um processo de compra que
seja ágil e prático.
Sandra Turchi é graduada pela FEA-USP,
pós-graduada pela FGV-EAESP e MBA pela
Business School São Paulo com
especialização pela Toronto University e
em empreendedorismo pelo Babson College
em Boston.É superintendente de Marketing
da Associação Comercial de São Paulo
(ACSP) instituição que administra o SCPC
(Serviço Central de Proteção ao
Crédito). Site: www.sandraturchi.com.br
- Twitter:
http://twitter.com/SandraTurchi