O Coaching levado a sério
Por: Christina Jacob
19/09/2012
A palavra coaching tem sido amplamente utilizada em
praticamente todas as áreas da vida e no mundo
corporativo tornou-se uma espécie de mantra para líderes
e executivos. Esse fenômeno provocou uma profusão de
cursos de formação em coaching do tipo “fast-food” e o
surgimento de profissionais que se aventuraram nessa tão
promissora carreira. Talvez esse artigo gere polêmicas.
Entretanto o seu objetivo fim é fomentar reflexões
sérias sobre a profissão coach. A essência do coaching é
promover transformações positivas e ser a ponte entre
objetivos mensuráveis e realizáveis e a sua
concretização. A questão fundamental, entretanto, é que
o profissional coach lida com seres humanos, lida com
questões sérias que podem definir novos rumos e
orientações na vida das pessoas. Nem é preciso dizer o
tamanho dessa responsabilidade e os impactos ocasionados
por distorções acarretadas por uma má condução em um
processo de coaching.
A formação de um coach, a meu ver, não se restringe a
uma certificação, por mais conceituada que seja a
academia certificadora. Um professional coach deve,
antes de mais nada, ser um estudioso, conhecedor e
pesquisador de temas que envolvem a psicologia humana e
das organizações. O coach deve conhecer muito bem a área
a qual se propõe atuar. Um coach com foco em lideranças
pressupõe-se, ou já experienciou, in loco, o mundo
corporativo ou é um experiente consultor de empresas e
conhece suas nuances em um nível de aprofundamento que
lhe permite tramitar entre os objetivos empresariais e
as expectativas de seus líderes de forma a estabelecer
uma ponte concreta entre ambos. Os efeitos do leader
coaching podem ser sentidos por toda a organização e não
somente pelos colaboradores mais próximos às lideranças,
potencializando a responsabilidade de um trabalho
assertivo.
A profissão de coach, ao contrário do que se imagina,
não se restringe às sessões realizadas com o coachee
(cliente). Cada encontro deve ser marcado por metas que
remetam aos resultados acordados no programa e requer do
coach uma profunda avaliação prévia e posterior dos
pontos a serem trabalhados e das técnicas a serem
adequadamente empregadas visando encurtar o caminho
entre a realidade atual e a futura. A maestria do
coaching se dá tanto pelo comprometimento do coachee,
quanto pela maturidade e domínio do coach, desde a fase
inicial do rapport. Rapport traduz-se pela essência de
uma comunicação bem sucedida e pela capacidade de
“entrar no mundo de alguém”, com permissividade e
empatia, visando promover autoconhecimento e reflexões
promissoras. O coaching parte do princípio de cada
indivíduo reúne em si próprio as respostas e
encaminhamentos para questões que lhe restringem o
sucesso de suas empreitadas. A arte do coaching é
perceber crenças limitantes e comportamentos restritivos
que afastam o coachee de seus objetivos. Por sua vez, a
grande missão do coach é identificar os obstáculos
existentes entre o coachee e as suas realizações,
promovendo a identificação e transformação interiores,
através das chamadas “perguntas poderosas” que devem ser
criteriosamente direcionadas ao cliente. No coaching, a
regra é fazer com que o cliente perceba seus pontos de
melhorias e potenciais, estes muitas vezes ofuscados por
crenças que devem ser cuidadosamente desconstruídas.
A falta de experiência ou de vivência do coach pode
resultar na falta de percepção dos pontos a serem
trabalhados no coachee, bem como na inocuidade do
próprio programa caso as perguntas formuladas não levem
o cliente ao autoconhecimento e reflexões positivamente
impactantes. Outro fator importantíssimo é a condução
das “conversas” em cada sessão. O coach é responsável
por conduzir o coachee, a todo o momento, para que cada
etapa restritiva seja vencida aproximando-o de suas
metas. É preciso ter muita sensibilidade e percepção
para perceber quando o coachee está aprisionado em
eventos passados, quando se instaura um processo
inconsciente de auto sabotagem ou mesmo quando a
descrença prevalece.
O coaching não enseja em si uma receita milagrosa de
sucesso e nem se equipara ao conceito de auto ajuda. Por
trás da aplicabilidade de suas técnicas, existem
pesquisas e estudos sérios que envolvem o comportamento
humano. Nessas mesmas técnicas, encontramos elementos da
psicologia e da PNL – Programação Neolinguística – e não
é incomum utilizar-se de conceitos espirituais atrelados
à visão de tridimensionalidade de todos os seres. A
superficialidade de um programa coaching, não reúne
elementos que propiciem um aprofundamento da dimensão
espiritual que nesse caso se traduz como valores
essenciais que remetem a uma existência equilibrada. Se
por um lado um cliente objetiva alavancar a carreira,
por outro é necessário tecer o mapa de todas as outras
áreas de sua vida que o remetem à plenitude,
proporcionando-lhe bem estar físico, mental e
espiritual. Não basta atingir o alvo, mas obter prazer
genuíno em fazê-lo. Cabe, nesse caso, uma profunda
avaliação das mudanças que serão provocadas e de
análises de perdas e ganhos que devem ser
conscientemente mensuradas pelo coachee. Ao coach
compete uma visão amplificada dessas questões,
conduzindo o processo amparado em todas as percepções
que normalmente transcendem o atual estado conhecido
pelo próprio cliente. E finalizo o meu pensamento,
compactuando com a máxima dos profissionais de coaching
de que para exercer a profissão é necessária uma boa
dose de amor, não no sentido puramente humanitário da
palavra, mas coerente com a psicologia humanista que
direciona o indivíduo a um estado de autorrealização
através do desenvolvimento de uma personalidade criativa
e saudável.
Christina Jacob – Consultora Sênior em Planejamento
Estratégico e Marketing de CRM -
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