Sustentabilidade e
Responsabilidade Social são modismos? O que a Visão
Holística tem a ver?
Por: Christina Jacob
14/04/2013
A palavra holismo, do grego holos, significa todo,
inteiro, completo e é utilizada para designar o modo de
pensar ou considerar a realidade. Presume que nada pode
ser explicado pela mera disposição das partes e sim
pelas relações que elas mantêm entre si e com o todo. O
termo foi empregado pela primeira vez em 1926 por Jan
Christian Smuts no livro Holismo e Evolução. Fato
curioso é que o holismo passou a ganhar força a partir
da década de 80 como forma de explicar um novo paradigma
que deveria ser empregado para anular os distúrbios
causados pelo homem na natureza.
A visão holística surge no momento em que os alicerces
da ciência mecanicista, ou pensamento
cartesiano-newtoniano, foram abalados por
desconsiderarem as interações existentes e suas
consequências. Para muitos o mecanicismo seria o
responsável pelos desequilíbrios enfrentados no mundo
atual nos aspectos, social, econômico e ambiental.
Análogo à visão egocêntrica e altruística de mundo, em
olhar somente para si ou considerar o todo nas ações e
decisões que envolvem o meio. O que poderia provocar nas
pessoas consciência holística rumo a propósitos
evolucionários?
O espírito humano se encontra no meio termo evolutivo.
Assume a essencialidade de valores humanitários e se
prostra perante os desafios globais. Assim é desde o
início dos tempos. A dicotomia entre conscientização e
procrastinação. Considerando o início da civilização a
partir de registros escritos, seis mil anos não foram
suficientes para desenvolver um “jeito holístico” de ser
em nossa sociedade. Os eventos mundiais fizeram-me
refletir sobre nossos desafios atuais e futuros. Sobre
quais os impactos de nossas decisões presentes para as
próximas gerações. A evolução da raça humana baseia-se
mais em avanços tecnológicos do que em seu potencial
espiritual. Não cito a espiritualidade no contexto
religioso, como fomos doutrinados a percebê-la. Falo em
espiritualidade no sentido de valores, de
conscientização em relação às ações (ou falta delas) que
provocamos em nossa sociedade, em nosso meio. Nesse
sentido, considero a visão holística propulsora de
mudanças no curto prazo.
Dados recentes apontam que pelo menos 1 bilhão de
pessoas no mundo vivem com menos de um dólar dia. A
maior concentração de miseráveis ainda se dá em alguns
países subdesenvolvidos da Ásia e da África. Estudos,
porém, sinalizam que o número de pobres em países
desenvolvidos tem crescido de forma alarmante. A Europa
já soma 17% da população e os Estados Unidos, 15%. No
início de 2013 a ONU, ou Organização das Nações Unidas,
publicou um relatório alarmante. Atualmente mais de 1
bilhão da população não tem acesso a uma quantidade
mínima de água potável, segura para o consumo. Se nada
for feito para reverter esse quadro, inclusive em
relação ao padrão de consumo, até 2025 estima-se que
dois terços da população não tenha acesso à água
potável. Nesse mesmo ritmo, em 2050, somente um quarto
da população poderá dispor de água para satisfazer as
suas necessidades básicas. A ONU enfatiza que o efeito
crítico não está atrelado apenas à sede. Atualmente mais
de dois milhões de pessoas morrem anualmente em
decorrência de doenças como malária e diarreia por falta
de saneamento básico adequado.
Há problemas reais que ameaçam a população terrestre e
esse é um ponto de reflexão. Não sou ambientalista. Os
dados são públicos, podendo ser acessados por grande
parte da população. Não é preocupante o fato de que a
maioria não crê em teorias apocalípticas, por exemplo. É
preocupante o fato de a grande massa populacional deste
planeta achar que essas notícias são alarmistas, sem
dar-lhes a importância devida. Valeria uma boa
investigação. Em outro relatório de 2013 a ONU alerta
para o fato de que até 2030, o mundo precisará de pelo
menos 50% a mais de alimentos, 30% a mais de água e 45%
a mais de energia. Caso essas necessidades não sejam
supridas, três bilhões de pessoas a mais no planeta
serão levadas à pobreza, ou um terço da população
mundial da época. Considerando que anualmente são
perdidos mais de 5 milhões de hectares de florestas, a
meta é desafiante. Pode-se não atentar para a pobreza
alheia no presente, porém, em duas décadas essa
realidade pode pertencer a qualquer um. Segundo o
“Relatório Planeta Vivo” da Rede WWF, consumimos 50% a
mais do que a capacidade de renovação dos recursos
naturais do planeta. Nesse ritmo de consumo a WWF afirma
que até 2030 nem mesmo dois planetas Terra seriam
suficientes para suprir a demanda da população. Causa
espanto as pessoas e as empresas não atentarem para o
que ocorre no mundo ou fingirem que não acontece. Causa
espanto que a Sustentabilidade e a Responsabilidade
Social ainda sejam praticadas como ações puramente
institucionais, atreladas a campanhas de sensibilização
ao consumo, ainda que dessa forma caracterizado como
consciente. Sem um olhar holístico, não é o planeta que
sofrerá as consequências da escassez generalizada e sim
todos nós. E a pergunta: o que a humanidade fará nessa
direção?
Christina Jacob – Consultora Sênior em Planejamento
Estratégico e Marketing de CRM -
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