O Transtorno do
Pânico como Símbolo de Transformação
Por Cintia N.P. Jubé
27/03/2007
SUMÁRIO
Prefácio
Resumo
Sinonímia.
Origem do nome.
Introdução - Breve Histórico
Apresentação de Concepções
Justificativa
Transtorno do Pânico no Mundo
Transtorno Pânico no Brasil
Objetivos da monografia
Mitologia Deus Pã
Mito Pã correlacionado a teoria de
C.G.Jung e o Transtorno do Pânico
Aspectos gerais e globais do Transtorno
do Pânico
Etiologia (causa) do Transtorno do
Pânico
Critérios Diagnósticos do Transtorno do
Pânico
Diagnóstico Diferencial
Aspectos Psicológicos do Transtorno do
Pânico relacionados à Teoria de C.G.Jung
O Transtorno do Pânico como Símbolo de
Transformação (Linguagem Simbólica)
O Aspecto da Sombra não Integrada no
Transtorno d Pânico
Aspecto da Identificação com a Persona
no Transtorno do Pânico
O encontro com o Self e Processo de
Individuação no Transtorno Pânico
Aspecto: estrutural, dinâmico e
econômico do Transtorno do Pânico
Conclusão
Bibliografia
PREFÁCIO
Ninguém está imune a uma crise
existencial, que pode ser manifestada
através de uma ansiedade aguda ou
Transtorno do Pânico, ou algum outro
transtorno físico ou mental, e que
acabam por gerar um profundo sofrimento.
O Transtorno do Pânico, acontece
independente da classe social, cor e
crença. Simplesmente acontece, e isto
significa que já havia uma
pré-disposição interna, pois que já
estava sendo formada ao longo de uma
história particular de vida, esperando
apenas o momento certo de desencadear.
Porém, as pessoas, experimentadoras
desses conflitos, ao meu ver, são muito
sensíveis e especiais. E, tendem a
vivenciá-los em determinada fase de suas
vidas, na tentativa inconsciente de
resgatar e manifestar a sua verdadeira
essência.
Pessoalmente, tomo como a origem dos
conflitos, algum aspecto de caráter
afetivo que foi violentamente
negligenciado e que está em nossa
memória. Entretanto, não me atenho
desesperadamente em sua origem e nem me
atrevo a dar um nome, seja ele qual for,
pois, essa particularidade pertence
somente a cada um e possui um caráter
subjetivo e uma maneira individualizada
de sentir e manifestar.
Parto do ponto onde tudo começou, e que
de forma errônea, como muitos acreditam,
julgo não ter sido a primeira crise.
Mas, considero que o indivíduo, ao longo
de sua história pessoal, acaba
reprimindo sua verdadeira forma de ser,
pelas próprias circunstâncias da vida.
Todavia, a pessoa assume um outro eu,
sendo que o verdadeiro fica oculto e
latente. Com isso, a pessoa perde a
própria identidade, valores, para
manifestar em uma dinâmica de vida que
nem ela sabe qual é.
Chega um dia em que, talvez sob pressão
total e pessoal, o conflito, a crise,
deflagra. Portanto, esse já não é o
início do problema e sim o meio,
marcando uma diferença essencial entre
continuar a potencializar a mesma forma
de ser, ou partir para a mudança, que
nada mais é que a busca da forma natural
que ficou perdida no tempo.
E, finalmente, para que o objetivo seja
alcançado, é óbvio que é chegado o
grande momento de reencontrar a si
mesmo, manifestando-se livremente na
dinâmica da vida.
Embora haja diversas teorias sobre
causas, diagnósticos e prognósticos, o
ponto mais relevante, ao meu ver, neste
primeiro momento, e a ser considerado e
seguido, é aquele que proporcione o
entendimento do verdadeiro eu existente
em cada um. E, para isto, a teoria
analítica de Jung, é extremamente eficaz
no que concerne a liberdade de ir e vir
proporcionada aos indivíduos em questão,
sendo que eles possam ser e estarem
felizes, como verdadeiros donos de suas
vidas.
Entretanto, faz-se necessário ressaltar,
também, que, sendo esses conflitos, os
responsáveis por uma experiência de
intensa dor e angústia, apenas eles
podem levar a uma mudança, onde se possa
realmente desfrutar de uma vida mais
produtiva, harmoniosa e, creiam, mais
gratificante!
Portanto, esta produção não se encerra
por aqui, pois, se assim o fosse, seria
de minha parte o fechamento, o ponto
final para novas discussões e
descobertas. Sem dúvida, na tentativa de
expandir meus conhecimentos dentro da
teoria de Jung, e ampliá-los,
continuarei o percurso com grande senso
de responsabilidade quanto a valorização
do ser humano.
RESUMO
De repente, você sente o coração
disparar, sua respiração fica curta,
suas mãos gelam, seu corpo todo treme.
Você fica tonto e não consegue
identificar o que está acontecendo!
Então, você acha que está ficando louco
e que você não é você. O seu corpo é
tomado, momentaneamente, por terríveis
sensações. Por uma fração de segundos,
você acha que está morrendo. Aí, você
tenta fugir, sem saber para onde, você
tenta retornar a si mesmo e não
consegue. Por alguns momentos você fica
fragmentado, destruído, e aos poucos
toda essa sensação vai passando,
passando, até que você é totalmente
invadido pelo medo que passa a ditar
normas e regras, controlando totalmente
a sua vida.
Portanto, de acordo com minha
experiência pessoal e, através da
convivência por mais de cinco anos, com
diversas pessoas que vivenciam o
problema, é exatamente isso que sente um
portador de Transtorno do Pânico no
momento da crise, pois, esta é uma
patologia que apresenta várias
manifestações físicas e mentais,
afetando sobretudo, diversas áreas do
funcionamento psíquico.
Assim sendo, ocorre um desequilíbrio que
consiste em períodos de intensa
ansiedade e se caracteriza por ataques
repentinos, recorrentes e aparentemente
infundados, acompanhados de um conjunto
de sintomas físicos clássicos, tais como
taquicardia, despersonalização,
vertigem, falta de ar, parestesias,
dentre outros.
A principal característica do pânico, é
o grau de ansiedade, ocasionando
principalmente alterações na
afetividade, na percepção e no
pensamento. O que faz com que o
indivíduo vai limitando as suas
atividades profissionais e o seu contato
com o mundo externo em função das
crises.
Também, esse transtorno causa extrema
angústia frente ao novo e um profundo
temor de rejeição e abandono. É uma
situação dramática. O pior é que muitas
vezes o indivíduo nem mesmo conseguem
identificar o que os apavora tanto.
Mentalmente, o indivíduo fica a mercê de
todos os fantasmas do inconsciente e que
o atormentam com um terrível medo de
morrer ou de passar mal e não ser
ajudado.
Enfim, é este conflito entre o que se
deseja e o que se faz, que torna esta
patologia uma ameaça a saúde mental do
indivíduo.
1 - Sinonímia.
Desordem do Pânico, Doença Pânico,
Síndrome do Pânico, Distúrbio do Pânico,
Transtorno do Pânico, Transtorno de
Ansiedade.
2 - Origem do nome.
Transtorno do Pânico (TP) ou Transtorno
de Ansiedade (TA), são sinônimos de uma
doença cuja origem deriva da palavra
"Pânico" que é proveniente do grego
"Panikon" que tem como significado susto
ou pavor repetitivo.
3 - Introdução
Breve Histórico
Desde o século passado sabe-se da
existência de um transtorno, onde o
indivíduo manifestava ataques que se
caracterizavam por comportamentos de
gritos, agitação motora ou paralisia das
pernas e dos braços, cegueira, mudez ou
surdez. Esse fenômeno ocorria apenas em
mulheres. Em função deste quadro ser
essencialmente feminino, o entendimento
da época era de que a gênese deste
transtorno devia-se a movimentos por
todo o corpo proveniente do útero, que
havia se despregado de sua posição
normal. Por isso, esse quadro recebeu o
nome de histeria-hysterus / útero.
É também, em final do século XVIII que
Cullen defende que este transtorno era
uma doença do Sistema Nervoso Central.
Por isso, a origem do nome, neurose.
Contudo, por muito tempo a neurose foi
um diagnóstico dado quando não se
conseguia identificar a causa de tal
transtorno.
A partir dessa conceituação, Freud cria
e postula sua teoria, a Psicanálise.
Portanto, essa nova teoria surge a
partir das suas vivências tanto com o
social, como também, das suas
investigações experienciadas na área
clínica de saúde mental. Freud viveu em
uma época de grandes acontecimentos
históricos, como as duas guerras
mundiais, e participou de profundas
transformações na sociedade, pois foi
exatamente na atmosfera cultural de uma
Viena conservadora, final do século XIX,
que ele postula a existência de três
ordens distintas: Consciência -
Pré-Consciência - Inconsciente. Sendo
assim, as descobertas de Freud, chocam a
sociedade de uma Viena tão envolvida
pela repressão sexual, pois, em sua
teoria, é exatamente a sexualidade, o
ponto central de todo o funcionamento da
estrutura psíquica e que se forma a
partir de fases vivenciadas desde a
infância.
A ansiedade, portanto em seus
postulados, não foge as suas
descobertas, sendo também diretamente
relacionada a questão da sexualidade,
sobretudo quanto a uma quantidade de
energia acumulada a ser descarregada.
Mas, é principalmente, com os estudos
sobre a neurose, que Freud conceitua a
questão da angústia e tem a
possibilidade de diferenciar o normal do
patológico.
Entretanto, o conceito de angústia,
segue um percurso que vai se refinando
ao longo de seus estudos. e, também
sofrendo reformulações.
Inicialmente, o conceito de angústia é
extraído puramente do fenômeno
neurológico, onde ele define a angústia
como uma transformação da tensão sexual
acumulada, que não consegue sua descarga
por via psíquica.
Em 1804 o texto A Neurose de Angústia, a
ansiedade é relacionada à sexualidade e,
em particular, ao coitus interruptus.
Freud afirma que a origem da angústia
não é psíquica e sim física. Para isso,
ela relata sobre as vivências das
mulheres virgens, das pessoas
abstinentes, das mulheres e homens
adeptos à prática do coitus interruptus,
dos homens que forçam o desejo, dos que
sentem repulsa e todos estes casos têm
em comum a acumulação física de
excitação sexual, sem ter como
descarregar essa energia.
Assim, para Freud, a angústia surge a
partir da tensão sexual acumulada,
transformada em neurose de angústia, que
se coloca como uma transformação desta
perturbação.
Depois, em 1926, no texto Inibições,
sintomas e ansiedade, Freud formula
definitivamente o que é a angústia sob
um ponto de vista metapsicológico. Além
disso, em suas postulações o indivíduo
possui uma ordem psíquica distinta,
formada por uma estrutura Id / Ego
/Superego, sendo a função do Ego a de
mediador entre as forças opositoras do
Id e do Superego. Dessa maneira, o ego,
diante de um impulso do id que poderia
provocar um desprazer por ser
conflitante com a realidade externa ou
com as imposições do superego, impede o
processo interno em andamento. E é
exatamente esse impedimento que se forma
recalque e, conseqüentemente, da origem
a angústia. Desta forma, a angústia fica
ligada ao processo das repressões.
Na visão Psicanalítica a angústia não é
considerada apenas um deslocamento da
libido, mas também um processo de
recalque, entre o ego, as forças do
inconsciente, as instâncias do superego
e aquelas do princípio de realidade.
Dessa maneira, para Freud, o homem é um
ser dividido entre forças que atuam de
forma contrária. De um lado, temos as
poderosas forças do inconsciente que o
impelem à procura da satisfação do
desejo. Do outro, os limites impostos
pela realidade externa a partir do
superego. Portanto, Freud, relatou sobre
Síndrome do Pânico em sua obra - A
Neurastenia e a Neurose de Angústia -
por volta de 1895.
Entretanto, não é difícil perceber que a
neurose de angustia descrita por Freud é
muito semelhante ao que está descrito no
CID 10, sob o nome de Transtorno de
Pânico. Além disso, Freud, em suas
postulações teóricas tentava estabelecer
uma classificação nosológica dos
distúrbios de ansiedade. Assim sendo,
traça com nitidez o grupo das
psiconeuroses (Fobia ou histeria de
ansiedade, Histeria de conversão e
neurose obsessiva) e o denomina sob o
nome de psiconeuroses.
Entretanto, devido a sua formação
clínica e em função de suas
experiências, observou que havia um
segundo grupo que nomeia de neuroses
atuais. Nele inclui a neurastenia, a
neurose de angústia, lançando luz para
compreender sobre as neuroses atuais, e,
especialmente, o que hoje está
classificado como o chamado transtorno
de pânico que é caracterizado por crises
agudas e espontâneas de ansiedade, de
início súbito, sem qualquer causa
aparente e que é acompanhada de uma
série de sintomas somáticos.
A descrição feita por Freud permanece
atual, quase inalterada se comparada com
os critérios da atualidade:
irritabilidade geral; espera ansiosa;
surgimento abrupto de angústia, em forma
de crise não associada a qualquer idéia,
ou associada a idéia de morte ou loucura
eminente; vários ou alguns de uma lista
de sintomas que inclui entre outros:
palpitações, desconforto pré-cordial,
sudorese, tremores, vertigens,
diarréias, parestesias etc; pavor
noturno, acompanhado de angústia,
dispnéia e sudorese (crises noturnas de
angústia); 6vertigem ou tontura; fobias
(incluindo agorafobia); náuseas e mal
estar; parestesias; os sintomas podem se
manifestar de forma crônica, com menor
intensidade de angústia que nas formas
agudas. Todos esses sintomas atingem sua
intensidade máxima em segundos ou
minutos, regredindo normalmente em até
10 minutos. Geralmente os pacientes
descrevem um estado pós crise, onde
sentem fraqueza, principalmente nas
pernas e muita sonolência, sendo que
muitos podem dormir até horas após as
crises.
Portanto, correlacionando os estudos de
Freud com os estudos atuais, nota-se que
o Transtorno do Pânico (TP) que atinge
atualmente de 3% a 5% da população
mundial, na maioria pessoas jovens, na
faixa etária de 21 a 40 anos, sendo
observado um grau de incidência maior
nas mulheres, na proporção de 3 mulheres
para cada homem, sendo assim considerado
um problema sério de saúde, possui
sintomas muito semelhante já descritos
por ele.
4 - Apresentação de Concepções
Um dos motivos do crescimento do
Transtorno do Pânico, é a transformação
dos sintomas neuróticos ao longo do
tempo e da cultura. Pois, podemos
considerar os sintomas do Transtorno do
Pânico como sendo de natureza neurótica,
ou seja, são sintomas conseqüentes à
falência adaptativa da pessoa diante de
alguma situação estressora, crônica ou
aguda. Na realidade é uma crise de
ansiedade aguda, ou uma crise de
ansiedade neurótica, como se dizia
Freud.
Portanto, os sintomas neuróticos mudam
de acordo com valores culturais. A
cegueira psicogênica ou a paralisia
histérica, por exemplo, eram sintomas
neuróticos muito mais comuns no ambiente
cultural do início do século XIX em
função da grande repressão sexual
estabelecida como valor para a época,
enquanto hoje, prevalecem as
somatizações de ansiedade.
Além disso, a alta incidência atual do
Transtorno do Pânico deve-se também aos
hábitos e critérios de diagnóstico.
Pois, como hoje em dia a questão
emocional tem recebido um valor mais
relevante, principalmente por parte da
mídia, ocorrendo uma banalização do
diagnóstico diferencial, sendo uma das
conseqüências, a tendência do homem
contemporâneo de recorrer às substâncias
químicas para corresponder as exigências
de bem estar e felicidade eterna.
Finalmente, o aumento da ocorrência do
Transtorno Pânico, deve-se ao aumento
das exigências da vida cotidiana. Parece
que as necessidades de adaptação à vida
moderna têm sobrepujado a capacidade
adaptativa de muitas pessoas,
notadamente daquelas que participam
ativamente da vida comunitária, daquelas
mais atuantes, determinadas e
participativas. (Essas Concepções
apresentadas foram extraídas de Trechos
da Entrevista do Dr. Geraldo
Ballone/Médico Psiquiatra - Livro sobre
o TP ainda no prelo.)
5 - Justificativa
Para que se possa compreender o
Transtorno do Pânico, é importante
compreender a natureza e a evolução dos
fatores bio-psico-social,e espiritual ao
longo dos tempos e da cultura. O
diagnóstico do Transtorno do pânico
atualmente deve obedecer a uma série de
critérios relacionados nas
classificações internacionais, como é o
caso do CID.10 e do DSM.IV, que diz que
a pessoa deve obedecer aos seguintes
critérios, que se caracterizam por
ataques repentinos de ansiedade, tendo
como sintomas físicos, taquicardia (o
coração dispara), falta de ar,
palpitações (sensação de que o coração
falhou uma batida), dor no peito,
sensação de sufocamento (parece que tem
um caroço na garganta), tontura,
vertigem, formigamento pelo corpo, ondas
de calor ou de frio, sudorese, sensação
de desmaio, tremores ou abalos, medo de
morrer ou de enlouquecer, tensão
muscular e que podem incluir outros
sintomas, mas que o homem procura
desesperadamente se livrar.
Assim sendo, escolhi este tema para
compreender melhor o desafio da angústia
que se põe como necessidade para que o
homem contemporâneo consiga viver
atualmente com as exigências da vida
cotidiana. Entender também, como em uma
época em que a subjetividade é
substituída pela individualidade, o
homem sente-se um estranho para si
mesmo, alienado do seu núcleo mais
profundo.
Entender ainda como a modernidade, a
tecnologia, parece ter afastado
definitivamente o espaço para as
diferenças e as resistências, num modelo
de sociedade pasteurizado, onde cada um
existe na medida em que se identifica
com uma tribo, uma comunidade.
O homem contemporâneo é sobretudo
conduzido a viver em condições impostas
pela mídia e pelo próprio contexto
cultural em que vive. Assim sendo, o
homem contemporâneo parece não conseguir
mais entrar em contato com o seu desejo.
Pois com a era moderna, o homem,
bombardeado por transformações tão
rápidas e profundas, se encontram na
contingência de parecerem seguros,
tranqüilos, felizes e aptos a operarem
em seu dia a dia.
Assim sendo, as pessoas mais sensíveis
tentam inutilmente insistir neste padrão
de pensamento e comportamento, de forma
que a ansiedade se acumula,
desenvolvendo reações físicas e mentais,
que tão profundamente e
inconscientemente chegam a afetar o bem
estar, gerando uma profunda sensação de
angústia e pânico.
Afinal de contas, dessa geração
cartesiana, surgiu o contexto de
modernidade, onde o mundo se transforma
a cada fração de segundos, ainda, é
nesse mesmo modelo que se encontra a
mais avançada tecnologia, e
principalmente, os homens mais
qualificados e que estão em constante
movimento em prol da competitividade.
Contraditoriamente, é nesse mesmo
processo contínuo e dinâmico, que o
homem se depara com seus medos, suas
angústias e fragilidades. É, também, a
cima de tudo que ele tem a chance de se
conscientizar que algo está errado em
sua vida.
Cada vez mais, essa impotência em
prosseguir, essa paralisia emocional,
que aparentemente não é justificada,
evolui, modificando e arrasando por
completo o seu equilíbrio interno entre
corpo e mente, destruindo o psiquismo e
causando a morte moral.
Um viés de dor e desespero normalmente
acompanha os portadores de Ansiedade e
Pânico.
E assim, diante dessa condição de
desgaste e desesperança, o homem deixa
de experimentar a verdadeira razão de
ser.
Portanto, tudo isso atesta a urgência de
mudanças de hábitos, atitudes e valores
pessoais, que possa proporcionar a
superação de todos esses transtornos que
de alguma forma, impedem a nossa
manifestação.
Enfim, tem o intuito de melhor
compreender essa estrutura complexa da
neurose de angústia ou Transtorno do
Pânico e que são somatizados em forma de
sintomas e doenças, e que pode através
de todas essas manifestações, encontrar
um sentido e ao mesmo tempo, transformar
a personalidade, despotencializando os
conteúdos reprimidos e que não puderam
encontrar uma outra forma de alívio se
não através das crises.
5.1 - O Transtorno do Pânico no Mundo
Atualmente, segundo a Organização
Mundial de Saúde, o Transtorno do Pânico
já é um caso de epidemia mundial.
Atingindo cerca de 2% a 5% da população
mundial.
5.2 - O Transtorno do Pânico no Brasil
No Brasil, as pesquisas são
inconclusivas, porém , calcula-se que
por volta de 3% a 5% da população
brasileira atualmente está sofrendo com
o Transtorno do Pânico.
6 - Objetivos
O objetivo desta monografia é sobre um
tema que tem sido muito difundido pela
mídia: o Transtorno do Pânico, descrito
pela psiquiatria como uma "doença nova"
e contemporânea que atinge milhões de
pessoas neste início de milênio. Ele tem
como objetivo investigar o próprio
Transtorno de Pânico como símbolo de
transformação, posto que nessa patologia
ocorre um profundo sofrimento psíquico e
com situações vivenciais que exigem uma
participação emocional intensa, desde a
luta cotidiana para a sobrevivência
social até os conflitos de natureza mais
íntima de cada um.
Tem como objetivo também, conhecer o
caminho que a doença faz, posto que o
próprio Transtorno do Pânico é um
convite ao confronto com as forças
reprimidas do inconsciente.
Contudo, embora o foco de atenção do
portador de pânico esteja voltado apenas
para as crises em si, e que representa o
enfraquecimento do ego, e de uma
identidade enfraquecida, pois o que
ocorre é que o ego forte, saudável
deixou de atuar. Dessa maneira, esse
trabalho propõe principalmente, através
desse entendimento da patologia como
sinalizador de uma atuação destrutiva,
encontrar o caminho da unidade interna
para uma orientação voltada para a
verdadeira essência.
Enfim, é o Transtorno do Pânico que irá
fornecer as pistas para a solução do
problema.
7 - Mitologia
Deus Pã
Sinonímia - (Fauno, Silvano, Sátiro,
Shiva, Oxosse)
Símbolos - Bode, Lebre, Burro, Abelha
Na mitologia grega o deus Pã, era
adorado e chamado de o Grande Todo, deus
dos pastores e dos rebanhos. Segundo a
mitologia, Pã era filho de Hermes e da
ninfa Dríops.
Dizem que era muito feio ao nascer, pois
tinha o corpo recoberto de pêlos, metade
humano, metade bode, chifres na testa,
barba e cauda. Sua mãe em desespero e
medo fugiu para bem longe. Hermes o
levou para o Olimpo para o divertimento
dos deuses.
Pã freqüentava os pastos e os bosques da
Arcádia e era a personificação da
fertilidade e do espírito fálico e
selvagem da natureza indomada.
Entretanto, ocasionalmente era gentil
com os homens, cuidando dos rebanhos e
das colméias. Tomava parte nos festejos
das ninfas dos montes e auxiliava os
caçadores a encontrar suas presas.
Dizem que certa ocasião perseguiu a
casta ninfa Siringe até o rio Ládon. Ali
chegando, para fugir dos abraços de Pã,
a ninfa se transformou num feixe de
caniços. Como Pã não a encontrou, cortou
os caniços e inventou a flauta de sete
tubos, que desde então foi chamada pelo
nome da famosa virgem ou flauta de Pã.
Ele era um deus irreverente e que se
divertia assustando os caminhantes
solitários das florestas com gritos
assustadores.
Pã teve muitos amores, os mais
conhecidos com as ninfas Pítis e Eco,
que, por abandoná-lo, foram
transformadas, respectivamente, em
pinheiro e em uma voz condenada a
repetir as últimas palavras que ouvia.
Segundo a tradição, seu culto foi
introduzido na Itália por Evandro, filho
de Hermes, e em sua honra celebravam-se
as lupercais.
Em Roma, foi identificado ora com Fauno,
ora com Silvano.
A respeito de Pã, Plutarco relata um
episódio de enorme repercussão em Roma
ao tempo do imperador Tibério. O piloto
Tamo velejava pelo mar Egeu quando,
certa tarde, o vento cessou e sobreveio
longa calmaria. Uma voz misteriosa
chamou por ele três vezes. Aconselhado
pelos passageiros, Tamo indagou à voz o
que queria, ao que esta lhe ordenou que
navegasse até determinado local, onde
deveria gritar: "O grande Pã morreu!".
Tripulantes e passageiros persuadiram-no
a cumprir a ordem, mas quando Tamo
proclamou a morte de Pã ouviram-se
gemidos lancinantes de todos os lados. A
notícia se espalhou e Tibério reuniu
sábios para que decifrassem o enigma,
que não foi explicado. A narrativa de
Plutarco tem sido interpretada como o
anúncio do fim do mundo romano e do
advento da era cristã.
Assim sendo, a palavra Pânico, tem em
nossa língua o significado de medo, ou
pavor violento e repetitivo.
Em Atenas teria sido erguido na Acrópole
um templo ao deus Pã, ao lado da Ágora,
praça do mercado onde se reunia a
assembléia popular para discutir os
problemas da cidade, sendo daí derivado
o termo agorafobia, e que possui como
significado o medo de lugares abertos.
7.1 - Mito Pã Correlacionado a teoria de
C.G.Jung e o Transtorno do Pânico.
Podemos analisar essa patologia na
perspectiva do homem que é um ser que
traz em sua estrutura a predisposição de
seus antepassados, mitos e a sua própria
história pessoal.
Dessa maneira, para compreender a doença
e o caminho da cura, é de suma
importância refletir através do
referencial mitológico e sob a
perspectiva do mito do deus Pã, a
semelhança com as manifestações
existentes no Transtorno do Pânico.
Pois, este mito, nos remete a um nível
paralelo e psicológico que representa
toda força do conflito existente na
psique do portador de pânico. Nesse
caso, o conflito é permeado pelos
instintos compulsivos da natureza animal
e que foi relegado aos confins do
inconsciente, representando tudo aquilo
que tememos e que desprezamos em nós
mesmos e que, ao mesmo tempo, nos
escraviza por meio desses mesmos
temores.
Isto, sobre o enfoque da psicologia
analítica de C. G. Jung. significa a
manifestação da sombra, pois ela é a
parte de nós que não aceitamos e que
procuramos negar, e que reconhecemos
apenas nos outros. Mas, nós negamos a
sombra, porque não temos consciência
dela e, dessa maneira, insistimos em um
padrão de comportamento, que no caso
específico do pânico, faz com que as
crises agudas persistam de maneira cada
vez mais sofrida, limitante e
paralisante. Pois, a energia que se
gasta para reprimir essa força
instintual, é a força que perde da
personalidade e como conseqüência se
originam todas as possibilidades de
sofrimento geradas pelo instinto natural
que assume o controle provocando uma
intensa descarga de energia,
transformada em sintomas físicos e
mentais como o medo de morrer ou de
enlouquecer, a sensação de desmaio, a
vertigem, a taquicardia, a falta de ar,
as palpitações, a sensação de
sufocamento, o formigamento pelo corpo,
as ondas de calor ou de frio, a
sudorese, a tensão muscular e outros
sintomas que são somatizados, de acordo
com a subjetividade e o crescimento
individual de cada um, mas que estão
presentes na caracterização dessa
patologia.
Também, essa força que se gasta para
reprimir os desejos, desencadeia um
controle excessivo tanto sobre o si
mesmo irreal ou falso ego, quanto de
outras pessoas e objetos, pois o senso
de identidade estabelecido é a de um ego
superficial, voltado para a realidade
exterior, que proporciona a falta da
liberdade e provoca a destruição
vivencial.
Podemos também, traçar um paralelo de Pã
no que se refere à realidade
arquetípica, isto é, a situações que o
portador de pânico se depara frente a
patologia, e que são cristalizadas em
uma imagem de doente, dependente, e
sobretudo como forma bizarra de um
comportamento inaceitável no mundo de
hoje, o qual para ser forte e aceito o
indivíduo deve reprimir suas fraquezas e
desejos. Dessa maneira, quando a
manifestação de um comportamento mental
de aspecto repetitivo do arquétipo é
identificado, faz com que o indivíduo
utilize dessa máscara, que na verdade é
a de um falso ego, a que Jung denominou
de persona e que muitas vezes não
representa o verdadeiro eu,
transformando o panicoso em um indivíduo
inseguro, medroso e estigmatizado tanto
pela família quanto pela sociedade.
Entretanto, ao identificar-se desse modo
com a experiência tanto do pânico quanto
a de uma imago negativa imposta pelo
próprio arquétipo, ocorre um processo de
retro-alimentação da doença e uma
desconexão com a fonte interior geradora
de potência curativa. Haja vista, quando
se tem a primeira crise, o indivíduo
desencadeia uma situação antecipatória
do medo desenvolvendo uma ansiedade
permanente, o que o impede de entrar
definitivamente em um processo de
integração dos afetos e das verdadeiras
emoções, cronificando a patologia.
Podemos ver ainda, a figura de Pã
associada de certa forma ao poder, a
necessidade de exercer controle sobre o
si mesmo e sobre os outros, e isto nos
leva à uma reflexão análoga sobre
algumas características em comum nas
pessoas que sofrem de pânico, pois são
pessoas extremamente dinâmicas,
criativas, produtivas à nível
profissional, costumam assumir muitas
responsabilidades, são perfeccionistas,
são demasiadamente preocupadas mesmo com
fatos de pouca importância, não se
permitem errar, possuem alto grau de
expectativas, são competentes e
confiáveis, não se permitem deprimir,
tendem a ignorar as necessidades físicas
do corpo e costumam reprimir alguns ou
todos sentimentos, porém, cada um possui
uma historia de vida, que após as crises
poderá ou não sustentar essas
características.
Também, podemos traçar um outro paralelo
quanto à questão corporal, pois no
momento da crise o indivíduo tem a
sensação de não estar bem enraizado em
seu corpo, sendo que o verdadeiro perigo
é interno, de invasão do inconsciente,
pois há dificuldade em centrar a energia
no corpo, sendo esta depositada e
investida em forma de sintomas. Assim, a
pessoa pode passar boa parte do tempo
ansiosa, na expectativa de ter uma nova
crise. O corpo representa então, uma
ameaça para a própria pessoa. A imagem
mítica do Deus Pã pode nos iluminar na
compreensão do Pânico, principalmente
quanto a um corpo híbrido, metade
animal, metade homem. É inevitável a
associação desta imagem ao estado de uma
pessoa em crise de pânico. O grande
perigo ameaçador está na parte
inconsciente e animal não integrada à
consciência. Por isso, é que Pã
simboliza a natureza, o corpo, a
sexualidade, a agressividade, a energia
nervosa, inquietação, dentre outros
aspectos mais distantes da identidade
racional consciente.
Enfim, a história mitológica de Pã é de
alguma forma uma tomada de consciência,
é o poder ver através de outra
perspectiva, a possibilidade de buscar
uma solução, voltando para a esfera
central o caminho da cura e
conseqüentemente a libertação do ser.
Com isso, refletir de forma análoga
sobre o mito e o portador de pânico,
traz à luz a própria manifestação da
doença, que nada mais é do que a
representação do medo extremo em
reconhecer seus próprios desejos e a
urgência de uma integração. Portanto, a
cura representa, além do resgate da
consciência madura e integrada, a
reconstrução da integridade para uma
expressão vivencial plena.
8 - Aspectos Gerais e Globais do
Transtorno do Pânico
8.1 - Etiologia ( causa ) do Transtorno
do Pânico
Até o momento, não há qualquer teoria
conclusiva a cerca da origem do
Transtorno do Pânico, porém, são
consideradas possíveis hipóteses
básicas, sobretudo dentro de um enfoque
biológico, são elas:
Hiperatividade ou disfunção de sistemas
ligados aos neurotransmissores
(substâncias responsáveis pela
transmissão do estímulo nervoso entre as
células ) cerebrais relacionados com
vários elementos dos sistemas de alerta,
reação e defesa do Sistema Nervoso
Central. Ou seja, num estado normal, o
nosso organismo possui um sistema de
defesa e de alarme, que é um conjunto de
mecanismos físicos e mentais que é
disparado caso ocorra algum perigo.
Substâncias químicas são liberadas, os
neurotransmissores, dentre eles a
serotonina, norodrenalina, dopamina,
endorfina, etc, causando uma alteração
no organismo. As pupilas se dilatam, o
coração dispara para oxigenar os
músculos, a respiração fica rápida e o
sangue sai da superfície para o interior
dos grandes músculos. Esse é o nosso
sistema natural para sobrevivermos caso
haja algum perigo real. Pois bem, no
momento da crise, esse sistema de alarme
é disparado sem que haja qualquer perigo
externo, deixando de haver sintonia
entre o corpo e a mente, ocorrendo
vários sintomas pelo excesso de
adrenalina lançado ao sistema sanguífero
pelas glândulas supra-renais. O que
ocorre fisiologicamente é um
desequilíbrio na produção desses
neurotransmissores e que leva algumas
partes do cérebro a transmitir
informações e comandos incorretos.
Alteração ainda não bem determinada na
sensibilidade do SNC a mudanças bruscas
de pH e concentrações de CO2
intracerebral e/ou hipersensibilidade de
receptores pós-sinápticos ( zona distal
de contato entre duas células nervosas )
de 5 hidroxitriptamina envolvidos no
sistema cerebral aversivo.
Há também, outras teorias, uma delas
acredita que possa haver uma doença
entre os neurônios. Os
neurotransmissores saem do neurônio
emissor, atravessam a fenda sináptica e
são recebidos pelo neurônio receptor,
podendo haver recaptação pelo neurônio
de origem. O neurônio doente não
exerceria a sua função corretamente,
provocando uma reação descontrolada em
todo o organismo, originando-se as
crises.
fatores genéticos, pois segundo as
pesquisas há dados de que os familiares
de primeiro grau com Transtorno do
Pânico têm a probabilidade de risco de
quatro a oito vezes mais elevado que os
familiares do grupo de controle sem
pânico.
Esta vulnerabilidade se traduz numa
sensibilidade maior que produz a
atividade e descarga de noradrenalina em
distintas áreas do cérebro.
8.2 - Critérios Diagnósticos do
Transtorno do Pânico
Para que um indivíduo seja diagnosticado
como Portador do Transtorno do Pânico, é
necessário que se enquadre nos seguintes
critérios segundo o Manual de
Diagnóstico e Estatística de Doenças
Mentais ( DSM-IV ) da Associação
Psiquiátrica Americana, são eles:
- Ataques de pânico recorrentes e
inesperados.
Critérios para o Ataque de Pânico:
Um curto período de intenso medo ou
desconforto em que 4 ou mais dos
seguintes sintomas aparecem abruptamente
e alcançam o pico em cerca de 10
minutos.
sudorese-palpitações e taquicardia
(aceleração dos batimentos cardíacos)
tremores ou abalos
sensação de falta de ar ou de
sufocamento
sensação de asfixia
dor ou desconforto torácico
náusea ou desconforto abdominal
sensação de instabilidade, vertigem,
tontura ou desmaio
sensação de irrealidade (desrealização)
ou despersonalização (estar distante de
si mesmo)
medo de morrer
medo de perder o controle da situação ou
enlouquecer
parestesias (sensação de anestesia ou
formigamento)
calafrios ou ondas de calor
Pelo menos um dos ataques ter sido
seguido por 1 mês ou mais de uma ou mais
das seguintes condições:
medo persistente de ter novo ataque
preocupação acerca das implicações do
ataque ou suas conseqüências (isto é,
perda de controle, ter um ataque
cardíaco, ficar maluco)
uma significativa alteração do
comportamento relacionada aos ataques
O Ataque de Pânico não ser devido a
efeitos fisiológicos diretos de
substâncias (drogas ou medicamentos)
como: álcool, ioimbina, cocaína, crack,
cafeína, ecstasy ou de outra condição
médica geral (hipertireoidismo,
feocromocitoma, etc...)
Os ataques não devem ser conseqüência de
outra doença mental, como Fobia Social
(exposição a situações sociais que geram
medo), Fobia Específica (medo de avião,
de elevador, etc...), Transtorno
Obsessivo-Compulsivo, Pós-traumático
8.3 - Diagnóstico Diferencial
O diagnóstico do Transtorno do Pânico
ainda é de exclusão, pois deve-se
primeiramente ser descartadas algumas
doenças com sintomatologia semelhante,
são elas:
Doenças Orgânicas
hipertireoidismo e hipotireoidismo
hiperpatireoidismo
prolapso da válvula mitral
arritmias cardíacas
insuficiência coronária
crises epilépticas (principalmente as do
lobo temporal)
feocromocitoma
hipoglicemia
labirintite, lesões neurológicas
abstinência de álcool e/ou outras drogas
9 - Aspecto Psicológico do Transtorno do
Pânico Relacionado a teoria de C.G.Jung
Em sua teoria, Jung, postulou uma visão
de homem enquanto um ser
bio-psico-social-cultural e espiritual,
sendo o seu comportamento, o reflexo de
um inconsciente coletivo e de uma
relação e interação cultural e
histórica, tornando-o um ser mutante.
Assim sendo, quando o indivíduo não
consegue interagir com esse movimento
dinâmico, histórico, cultural e social,
ocorre constantes recalques e repetições
das experiências promovendo a formação
dos complexos.
Assim sendo, a formação de um complexo,
ativado negativamente, produz um
profundo desajustamento da pessoa com o
seu meio ambiente. Pois, ele contém uma
carga afetiva tão intensa, que o ego do
indivíduo não consegue absorver qualquer
experiência, gerando o sofrimento
psicológico. Além disso, é exatamente
nesse núcleo energético, que os
interesses homem/grupo se rompem, sendo
o indivíduo incapaz de identificar suas
necessidades e de satisfazê-las. O grupo
pode significar a família, amigos de
trabalho, grupo social ou qualquer
pessoa que tenha uma relação funcional
com o indivíduo. E, essas relações
interpessoais segundo Jung, são dotadas
desde os tempos mais remotos de uma
forma saudável de rituais de ação e
repetição arquetípicas, que passam de
geração a geração, pois reforça o valor
da sobrevivência e mantém os grupos na
conquista de objetivos. Mas, quando o
indivíduo entra em conflito com suas
necessidades, acaba modificando o padrão
natural e saudável dessas expressões
afetando profundamente o seu estado
psicológico.
Portanto, quanto ao estado psicológico
nos casos do Transtorno do Pânico,
podemos observar que seus efeitos são
absolutamente avassaladores e que a
resposta emocional é muito pior, pois o
indivíduo vive só identificado com a
sombra, rompendo a conexão interior,
seguindo uma orientação exclusivamente
destrutiva. Pois, o indivíduo, logo após
a primeira manifestação do Pânico, fica
profundamente vulnerável, sensível,
inseguro e registra conscientemente as
sensações corpóreas experimentadas
durante a crise, gerando um medo extremo
de ter novas crises, o que acarreta em
uma ansiedade antecipatória. Dessa
forma, os pensamentos, incluindo as
imagens que aparecem no momento que o
portador está tendo a crise do pânico,
é, sobretudo, a certeza absoluta de que
algo aterrorizante vai ocorrer
eminentemente. Assim, a pessoa fica
convencida de que algo terrível no plano
físico e mental está para acontecer e
que o resultado será catastrófico.
Acontece porém, que esses pensamentos
desagradáveis aparecem sem que haja
qualquer motivo aparente, posto que, são
involuntários e surpreendentes.
Além disso, psicologicamente , o
indivíduo experimentador dessa vivência
é aquele que está sempre voltado para a
crise passada e profundamente
atormentado ao que possa lhe acontecer,
pois a sua dificuldade é de centrar e
harmonizar no estado presente, sobretudo
no instante das crises que são
profundamente afetadas em função do
processo de hiperventilação, que é o
aumento da quantidade de ar que entra
nos alvéolos pulmonares, e que resulta
em hipocapnia, que é a baixa de tensão
de dióxido de carbono no sangue, uma vez
que a respiração está diretamente ligada
às emoções.
Assim sendo, o indivíduo no momento da
crise, fica completamente impedido de
qualquer raciocínio lógico. Diante de
todo esse quadro, psicologicamente, a
pessoa durante a manifestação aguda da
crise, manifesta um tipo de conduta, na
tentativa de reduzir o pânico, tentando
fugir da situação angustiante.
E, isto, devido a esse intenso fluxo de
energia, as emoção em direção à cabeça,
que desorganiza completamente a
auto-percepção da pessoa. Assim sendo, o
Pânico favorece uma avalanche de emoções
e estímulos, que estão além da
capacidade de integração da consciência,
do que está ocorrendo no momento da
crise e que são extremamente difíceis de
serem integradas pelo ego.
Diante dessa situação conflituosa, e em
função de seu desespero, seu desejo real
é o de promover uma mudança imediata
para tal estado que passam a ser
exclusivas de seu cotidiano.
9.1 - O Transtorno do Pânico como
Símbolo de Transformação (Linguagem
Simbólica)
A personalidade total ou psique, como é
chamada por Jung, consiste de vários
sistemas isolados, mas que atuam uns
sobre os outros. Dessa maneira, podemos
analisar essa patologia na perspectiva
do homem que é um ser que traz em sua
estrutura a predisposição de seus
antepassados, mitos e a sua própria
história pessoal que é adquirida através
de um complexo que costumamos chamar de
experiências fundamentais, sejam elas
positivas ou negativas, pois elas
representam a psique humana e toda a sua
profundidade.
Porém, parte dessas experiências, são
intimas e muitas vezes, o indivíduo não
consegue dizer, verbalizar seus
sentimentos e pensamentos. Em tais
condições, é através da linguagem
simbólica, que conectamos o homem em seu
todo e tentamos compreender como
funciona o lado subjetivo e abstrato da
mente.
Assim sendo, o símbolo representa um
importante instrumento de comunicação do
inconsciente, pois, traduz o que está
contido nas causas e significados das
ações que se escondem por detrás das
aparências.
Entretanto, embora haja padrões
simbólicos semelhantes na dinâmica da
psique humana, a simbologia também,
contém um traço essencial, posto que,
cada um de nós possui um universo único,
repleto de características pessoais.
Assim, o símbolo é uma expressão vital,
onde através de metáforas, desenhos,
sonhos, fantasias e delírios, o homem
revela o seu atual momento de vida,
tanto a nível emocional como
psicológico, incluindo aí o Transtorno
do Pânico.
Portanto, é através da simbologia que o
indivíduo externa as suas dificuldades
internas, como também é através da
interpretação dessa simbologia, que o
indivíduo tem a possibilidade de
reconhecer esses conflitos e, a partir
dessa conscientização, dar um novo
significado à sua vida. Podemos notar,
que o símbolo tem o poder de exprimir o
mundo percebido e vivido pelo homem em
função de todo o seu psiquismo e não
apenas da consciência. Dessa maneira, o
símbolo funciona como um comunicador
entre o inconsciente, a consciência e o
meio. Dessa comunicação, cria-se o
arquétipo que representa o conteúdo da
linguagem simbólica, vivida pelo
indivíduo. Embora cada arquétipo tenha
um caráter coletivo, é na dimensão da
individualidade que eles serão
constelados, representados e vividos.
Considerando portanto, o Transtorno do
Pânico, como símbolo de transformação
vivencial, devemos ressaltar sobretudo,
que a linguagem simbólica contida nas
crise propriamente dita, lança luz sobre
as formas recentes e atualizadas dos
indivíduos, como também, nos revela os
modos mais primitivos de sua expressão
vivencial. Segundo Jung, o conhecimento
dessa linguagem simbólica contida nas
expressões humanas é o caminho para o
indivíduo reestruturar o ego e retornar
ao seu equilíbrio. Por isso, a
necessidade de reconhecer além da
experiência do Pânico, também o sentido
dessa patologia, a fim de encontrar o
caminho da cura. Assim sendo, esta é a
característica da linguagem simbólica,
principalmente em estimular a
consciência a participar ativamente da
vida inconsciente, em prol do
desenvolvimento humano. Portanto,
através da própria patologia do Pânico,
o indivíduo, de forma devastadora, entra
em contato com algo que a consciência
não é capaz de reconhecer. Apenas
através do que é pressentido com o fluxo
incessante da tensão ( conflito),
lançando-o numa busca reconstrutora
daquilo que foi rompido e bloqueado.
Nesse sentido, é através da própria
experiência com o Transtorno do Pânico,
que encontramos fenômenos capazes de
mostrar o quanto o indivíduo se desviou
do seu caminho, sendo incapaz de
incorporar os conteúdos inconscientes ao
consciente.
Enfim, o Transtorno do Pânico como
símbolo de transformação, nos revela
tudo aquilo que se encontra incluído no
mundo psíquico do portador, não como
causa e efeito, mas acima de tudo como
um fenômeno de relações do homem consigo
mesmo e com seu meio, pois as crises
nada mais é do que um convite ao
confronto com as forças reprimidas do
inconsciente. E, isto, para que ocorra
uma modificação na estrutura psíquica do
portador, onde os conteúdos que foram
violentamente reprimidos, possam se
despontencializar e encontrar uma forma
de alívio integrado a consciência.
9.2 - O Aspecto da Sombra não Integrada
no Transtorno do Pânico
Nos casos de Transtorno de Pânico,
nota-se também, um importante sistema
que é a sombra, pois esta, sinaliza os
aspectos rejeitados e renegados, o qual
costumamos reprimir, sejam eles
características negativas ou positivas e
isto, será definido através de
experiência e história de vida. A sombra
está presente em todos nós. Ela é uma
instância psíquica necessária e tem a
função de manter o ego sempre alerta, a
fim de evitar excessos. Estes aspectos
sombrios que existem dentro de nós,
também possui uma dinâmica natural.
Entretanto, quando acontece uma falha
neste movimento, ocorre o complexo, que
acaba por se tornar carregado de
conteúdos rejeitados.
Dessa forma, tudo aquilo que o portador
do Transtorno do Pânico rejeita e nega
em si, acaba por se revelar e manifestar
em um profundo controle das emoções e do
comportamento, ocorrendo como
conseqüência a negação e a aceitação dos
próprios desejos e da essência
verdadeira.
E, como o indivíduo não consegue
integrar determinados aspectos ditos
sombrios, tentam destruir sua sombra,
perdendo as suas características
individuais, o que lhes acarreta
profundo sentimento de impotência e
inferioridade. Isto causa um desconforto
profundo, pois que se perdem de si
mesmo, ficam fragmentados e não permitem
em seguir um caminho mais harmonioso.
E, uma vez que não consegue essa
integração, o ego não tem outra saída a
não ser identificar-se com a sombra,
caracterizando a persona de doente,
deixando apenas o lado negativo atuar.
9.3 - Aspecto da Identificação com a
Persona no Transtorno do Pânico
Há ainda, uma instância psíquica de
valor extremamente relevante, pois, uma
vez ativada e identificada, exerce uma
função dupla nos casos de Pânico.
Trata-se da persona. Primeiramente, a
persona influência sobre maneira, sendo
um dos fatores envolvidos no desencadear
das crises e também, como conseqüência,
pois o indivíduo se volta a um ideal de
individualidade, que de real não tem
nada, pois é apenas uma aparência e que
não passa de uma máscara, um compromisso
entre o indivíduo e a sociedade, acerca
daquilo que alguém parece ser. Muitas
vezes a persona não representa o
verdadeiro eu, incluindo aí as vontades
e os desejos (desencadeando os
conflitos). Em função disso, e
negativamente, o indivíduo panicoso
identifica excessivamente com a persona,
privando-se a um processo de
interiorização. E, em segundo lugar, a
persona após contribuir para o
desencadeamento do Transtorno do Pânico,
influência sobremaneira na persistência
da doença, uma vez que o indivíduo em
função de crises repetitivas, passa
através de constantes experiências de
pânico, estruturar os seus pensamentos
de forma também irreal, sendo mais uma
vez atuante esta instância psíquica.
Assim, a medida em que o indivíduo vai
se identificando com a doença, começa a
agir de determinada maneira, e a
desempenhar um papel que não é o seu,
deixando o seu ego completamente
cindido.
9.4 - O encontro com o Self e o Processo
de Individuação no Transtorno Pânico
Entretanto, nesse processo dinâmico e de
permanente conflito, o pânico impede que
o indivíduo encontre a sua unidade, e, a
este processo, o ponto central da
personalidade, em torno do qual todos os
outros sistemas se organizam, Jung,
denominou de Self, pois ele é que
sustenta a união desses sistemas, e
fornece equilíbrio e estabilidade à
personalidade.
Assim sendo, tanto o Self quanto a
Individuação são processos que estão
intimamente ligados uma vez que,
significam experiência pessoal e
realização pessoal. Contudo, a patologia
do pânico impossibilita o indivíduo de
uma unificação, principalmente porque é
uma patologia que fragmenta o ego,
separando sobretudo a consciência de si
próprio.
Porém, o portador do Transtorno do
Pânico, a partir de um tratamento que
norteia uma análise profunda, pode
conscientizar de seu modo individual de
adoecer e compreender que possui um
potencial interno a ser descoberto e
realizado. Dessa forma, o processo de
individuação é todo direcionado para
busca do sentido e significado da vida.
Entretanto, esse processo é de ordem
subjetiva e individual, e permite um
investimento em si mesmo, nos objetivos
e projetos de encontrar a verdadeira
essência e auto-realização.
10 - Aspecto: estrutural, dinâmico e
econômico do Transtorno do Pânico
Sob o ponto de vista estrutural,
dinâmico e econômico, o Transtorno do
Pânico é uma patologia de ordem
psíquica, que ocorre quando há uma
desconexão do eu (ego) e este, deixa de
ser uma instância forte, se tornando
frágil e fragmentada. Assim sendo, esse
transtorno, está intimamente ligado à
estrutura da consciência e do ego, posto
que, nesse quadro, o ego deixa de
exercer sua função de mediador das
forças presentes na personalidade.
E, isto ocorre em função de experiências
recalcadas e repetitivas, que promove a
formação de um ciclo vicioso de extrema
carga afetiva e que o ego não consegue
absorver, desenvolvendo dessa maneira,
uma psique cindida.
Nesse processo de fragmentação egóica, o
indivíduo desconhece sua própria
identidade, apresentando sinais
evidentes de sofrimento tanto físico
quanto mental.
Assim, como conseqüência natural desse
rompimento da dinâmica psíquica, ocorre
um acúmulo de energia, que ao invés de
atingir o seu objetivo real e saudável,
é deslocado e desviado de percurso, de
forma que a sua ação é intensificada em
uma descarga violenta de manifestações
psicossomáticas como o Transtorno do
Pânico e que repercutem negativamente
sobre o estado orgânico e psíquico. E,
isto em função de um conflito entre três
pulsões, ou seja, aquilo que se quer,
aquilo que se pode e aquilo que se
consegue. Mediante esse processo, e, em
tal estado, é ativado diversos
mecanismos de defesa, fazendo com que o
indivíduo se torne muito racional, com
idéias fixas, rigidez interna e com
profunda dificuldade no campo afetivo.
Portanto, essa patologia, possui
implicações psíquicas, que por ativação
de um complexo, se constelam mais
freqüentemente em forma de sintomas
físicos e que são vivenciados com uma
carga emocional intensa. Assim, essa
força toma conta da consciência afetando
por completo a vida social e os
relacionamentos do indivíduo. Há ainda,
as implicações práticas que acarretam ao
indivíduo, medo intenso, fobias em
geral, explosão emocional, perda de
controle, apatia e acima de tudo um
profundo sentimento de perda de sentido
da vida.
Por isso mesmo, essa terrível
experiência do Pânico, desencadeia uma
profunda angústia que inunda o ego com
fluxos emocionais e energéticos tão
intensos, capazes de produzir um grande
abalo na estrutura da consciência.
Para compreender melhor a psicodinâmica
do Pânico, devemos levar em conta o
rompimento da harmonia interna, pois, a
fragilidade do ego anula por completo a
capacidade do indivíduo de assimilação
interna. E, a conseqüência dessa ruptura
é a inundação dos conteúdos que estão
inconscientes.
Entretanto, é a partir da observação
dessa dinâmica psíquica do Transtorno do
Pânico, principalmente o que tange o
desequilíbrio entre o corpo e a mente, é
que temos as pistas do que está
impedindo a dinâmica da energia vital.
Pois o Pânico, manifesta as feridas que
existem na alma. E o indivíduo só pode
descobrir o que é preciso para
restabelecer o equilíbrio, estando
atento aos movimentos desta ferida à
medida que ela se manifesta em sintomas
corporais, sentimentos, emoções, sonhos,
etc.
Conclusão
Esse trabalho de monografia sobre o
Transtorno do Pânico aconteceu
fundamentado na teoria de C. G. Jung ,
na ciência atual, na minha própria
experiência de vida que se fez como
símbolo de transformação, mas também, na
convivência e observação com diversos
portadores do Transtorno do Pânico, e,
finalmente, foi sobretudo, guiada pela
intuição no que diz respeito aos
infindáveis potenciais existentes em
cada ser.
Assim sendo, a análise conclusiva deste
estudo, baseia-se em uma patologia, que
se desenvolve e se manifesta através de
fases distintas, se iniciando ainda na
tenra infância
(formação do ego) e vai se desenvolvendo
ao longo dos anos, em função do próprio
estilo de vida e de personalidade
(-persona-).
Dessa maneira, o Transtorno do Pânico é
uma patologia de ordem psíquica, que
ocorre quando há uma desconexão do eu
(ego) e este, deixa de ser uma instância
forte, se tornando frágil e fragmentada,
e que está intimamente ligado à
estrutura da consciência e do ego, posto
que, nesse quadro, o ego deixa de
exercer sua função de mediador das
forças presentes na personalidade.
Assim, a psicodinâmica do Pânico e todos
os conteúdos inconscientes, rompem a
dinâmica psíquica harmoniosa, posto que,
se acumula excessivamente grande
quantidade de energia, que ao invés de
atingir o seu objetivo real, é deslocada
e descarregada violentamente em forma de
sintomas físicos e que são vivenciados
com uma carga emocional intensa.
Dessa forma, a primeira crise de
Transtorno do Pânico não é o início da
patologia e sim uma manifestação
explícita de um conflito existencial e
individual já existente. Sendo assim, a
fase de manifestação é extremamente
importante no que concerne ao caminho
que conduzirá a transformação.
Portanto, podemos concluir que o
Transtorno do Pânico é uma patologia de
causas multifatoriais (bio-psico-social
e espiritual), que tem em sua dinâmica,
características de base biológica(o
corpo é a base humana mais concreta,
pois é o foco dos sintomas físicos,
provenientes de um desequilíbrio químico
cerebral- neurotransmissores,
especialmente a noradrenalina), e que
concomitantemente compromete o nível de
percepção e interpretação do portador.
Há também, características de base
psicológica (foco central de ansiedade
antecipatória e despersonalização, que
compromete as emoções, pensamentos e
sobretudo retroalimenta o estado
constante de terror). Há ainda, as
características de base social e
espiritual (que comprometem sobremaneira
os relacionamentos, a manifestação da
criatividade e a integração total do
portador consigo próprio).
- Compreendendo as fases de manifestação
do Transtorno do Pânico.
1ª fase (Origem):
Se inicia ainda na tenra infância.
Origens multifatoriais (pré-disposição
genética, espiritual, psicológica e
individual (que se forma ao longo do
tempo, em função de algum registro
inconsciente de profundo sofrimento
emocional, vindo a desencadear em algum
momento da vida).Entretanto, não me
atenho a possível causa, pois, no
processo de superação, felizmente, cada
um chegará a ela.
TRANSTORNO DO PÂNICO: É uma crise de
ansiedade aguda, que ocorre de forma
repentina e inesperada, onde o indivíduo
experimenta terríveis sensações físicas
e psicológicas.
CONSEQÜÊNCIAS FÍSICAS: No momento da
crise, substâncias químicas são
liberadas, os neurotransmissores. Em
excesso e em desequilíbrio, a adrenalina
dentre outras, é lançada ao sistema
sanguífero pelas glândulas supra-renais,
causando um conjunto de sintomas
físicos, também, já citados
anteriormente.
CONSEQÜÊNCIAS PSICOLÓGICAS: Os efeitos
psicológicos causados pela crise, são
absolutamente avassaladores. O indivíduo
fica profundamente vulnerável, sensível,
inseguro e registra conscientemente as
sensações corpóreas experimentadas
durante a crise, gerando um medo extremo
de ter novas crises, o que acarreta em
uma ansiedade antecipatória.
2ª fase (PRIMEIRA CRISE):
(MEDO): O foco principal é o medo da
morte. (o medo pode gerar fobias,
obsessões e depressão, porém, não é
regra. O indivíduo pode vivenciar ou não
algum desses transtornos).
A) Fobias: As fobias acontecem em função
de um medo irracional que excede as
possibilidades de controle. Afim de que
novas crises não ocorram, a pessoa passa
a evitar em variados graus, objetos,
lugares ou situações, se tornando refém
do próprio medo.
B) Transtorno obsessivo: Depois da
primeira crise, o indivíduo fica com seu
foco de atenção completamente voltado
para as sensações do corpo, fazendo-o
perceber e vigiar constantemente sua
respiração, batimentos cardíacos, dentre
outros sintomas antes despercebidos. Há
ainda, um extremo sofrimento em função
dos pensamentos mórbidos em relação aos
outros e a si mesmo e que se tornam uma
obsessão. E, finalmente, há a
dependência excessiva de outras pessoas.
C) Depressão :Também, em graus variados,
algumas pessoas após as primeiras crises
de pânico, podem desenvolver depressão,
manifestando uma visão pessimista da
vida, profunda melancolia, sentimento de
perda, de vazio, baixa auto estima,
falta de interesse, dificuldades de
sono, disfunções alimentares, dentre
outros sintomas depressivos.
(NOVAS CRISES):
A) O que caracteriza o Transtorno do
pânico é a quantidade de sintomas
físicos e a freqüência das crises.
Porém, é necessário que se faça o
diagnóstico por um profissional
especialista na área, onde se descarte
outras doenças.
B) É importante esclarecer, que as
crises podem estar acompanhadas de
pânico ou não. A situação de pânico é
mais comum, durante as primeiras crises,
quando não há qualquer informação e
esclarecimento.
3ª fase (CRISES CRÔNICAS):
A) É muito comum às pessoas terem crises
durante muitos anos. As crises
cronificadas possuem um perfil
diferenciado das primeiras, no que tange
ao pânico, ao pavor, pois, normalmente,
com o passar do tempo, é comum elas
identificarem quando a crise irá
ocorrer, deixando descaracterizado o
acometimento repentino e inesperado das
crises. Essas pessoas são acometidas de
uma profunda falta de esperança e de
credibilidade perante as pessoas com
quem convivem. Normalmente, são
incompreendidas ou estigmatizadas.
B) Há também, as pessoas que fazem algum
tipo de tratamento e diminuem
consideravelmente a intensidade dos
ataques, mas, continuam a desencadear
crises. Há ainda, as pessoas que deixam
de ter crises por um determinado
período, as vezes até anos, mas que são
acometidas por recaídas.
(SINTOMAS ISOLADOS): Estado latente.
A) Os sintomas isolados, possuem um
caráter pessoal, sendo que cada
indivíduo, manifesta maior sensibilidade
a determinados órgãos,(órgão de choque:
ex: coração, problemas
gastrointestinais, etc). Quando muito
estressados, ansiosos ou sob pressão.
B) Finalmente, os sintomas isolados,
podem ser manifestados de forma
diferente, onde o indivíduo pode
experimentar sintomas variados, ora um,
ora outro.
Assim, o Transtorno do Pânico como
Símbolo de Transformação, nos remete a
compreensão da linguagem simbólica da
patologia em si como o caminho de cura.
Assim sendo, a cura do Transtorno do
Pânico ocorre quando o indivíduo
compreende o sentido de sua doença,
principalmente lança luz sobre o quanto
esse indivíduo se desviou de sua
essência verdadeira e, é óbvio que ela
além de conteúdos positivos, também é
permeada de conteúdos negativos.
Além disso, o fenômeno do Pânico
enquanto linguagem simbólica, não se
distancia muito de suas origens, da
realidade com a qual o indivíduo está
conectado, pois o símbolo nada mais é do
que o olhar da mente sobre o corpo.
É também, através dessa experiência com
a crise de pânico, que o indivíduo
perceberá as suas reais necessidades,
suas ações, suas cognições, emoções,
movimentos fisiológicos, e todos os
impulsos descarregados durante a crise,
com o intuito de incorporar todos os
conteúdos inconscientes ao consciente,
para que haja uma restauração do ego e o
retorno do equilíbrio.
Assim sendo, quando a crise de pânico
vem à tona, podemos perceber que a sua
representação mais emergencial é de que
alguma coisa necessita ser feito e que
uma nova iniciativa deve ser tomada a
fim de reconhecer a verdadeira função da
patologia.
E, o sucesso da superação da doença,
acontece principalmente, quando essa
experiência é encarada de forma positiva
em vez de negativa, onde o indivíduo ao
iniciar o processo de análise, aprende
com o significado da doença as relações
vivenciadas para a sua construção e
manifestação. Assim, o problema não mais
é a patologia em si, mas acima de tudo
sobre as mudanças de atitudes
necessárias em seu estilo de vida.
E, assim, por meio do sofrimento, o
Transtorno do Pânico adquire um
significado, onde através dessa
compreensão, o indivíduo assume um
controle e um poder de experienciar uma
ligação mais profunda com o propósito de
seu ser.
Enfim, estudei muito, por mais de 5
anos, para concluir que a base da
superação do Transtorno do Pânico que
tanto compromete a saúde mental, é o
amor e a afetividade, e que as crises
simbolizam nada mais que uma força
extraordinária, capaz de transformar e
de curar.
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Sob a Orientação do Professor: Jorge
Antônio Monteiro de Lima, na turma V -
2003/2004 - Aluna: Cintia N.P. Jubé -
Goiânia - 2004
VÁRIOS " Anais do II congresso
brasileiro de prevenção e tratamento dos
transtornos de ansiedade, depressão e
transtorno de pânico" -
www.olhosalma.com.br - Goiânia 2004
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