BS 8901 - A Norma Inglesa para Sustentabilidade nos Eventos
Por Julianna Antunes
14/07/2010
A sustentabilidade corporativa, apesar de estratégica, tem o seu lado
operacional e faz uso de diversas ferramentas de suporte. Já falei aqui
dos modelos de relatórios de sustentabilidade, da AA1000, que auxilia na
gestão dos stakeholders, da SA 8000, que é uma certificação que trata
das relações trabalhistas, falei do provável lançamento ainda esse ano
da ISO 26000, que contempla a responsabilidade social empresarial,
pretendo falar da ISO 14001, que é de meio ambiente...
Hoje vou falar de uma norma pouco conhecida no Brasil, mas muito
importante: a BS 8901, que trata da gestão da sustentabilidade nos
eventos. Ela é uma norma inglesa (BS – British Standard) que surgiu,
principalmente, para certificar os jogos olímpicos de Londres em 2012 (a
ISO já está preparando uma norma que trata do mesmo assunto – ISO 20121
– e espera lançá-la em dois anos).
A BS 8901 é bem abrangente e é dirigida a qualquer tipo de evento. Ela
possui três níveis de aplicabilidade: os "donos" dos eventos, os
organizadores de eventos e os fornecedores para eventos. É uma
certificação obtida através de auditoria externa, onde organizadores e
fornecedores têm seus sistemas de gestão avaliados para o planejamento,
a implementação e a revisão das atividades em conformidade com a norma
(seguindo, claramente, o ciclo PDCA).
A opção pela certificação da gestão traz duas vantagens imediatas: a
primeira é a melhora contínua, já que é a empresa, e não o evento, que
recebe a certificação. O outro, é que, justamente por causa disso, o
impacto no custo não é considerável, pois não é necessário auditoria
para cada evento. E entrando na operação, a única ação extra que um
evento sustentável gera é a neutralização de emissões de carbono. As
outras etapas do processo são muito mais consequência de uma postura
empresarial orientada para a sustentabilidade.
A BS 8901 aborda uma série de diretrizes que as empresas devem adotar,
como: aplicação dos 3 R's (ou 5, dependendo do ponto te vista) na
utilização de insumos, gestão de comunicação sustentável (tratando não
apenas do conteúdo transparente e honesto, mas também de como comunicar
gerando menos consumo de material gráfico, de políticas de distribuição
desse material etc), opção por brindes sustentáveis, envolvimento das
comunidades locais na preparação do evento...
Ela também cita questões de desenvolvimento local (falando de como o
evento pode gerar melhoria para a região), eficiência de recursos
naturais em toda cadeia produtiva, práticas de comércio justo, de
emprego justo, realização dos eventos em pontos que tenham bom acesso de
transporte público ou tenham estrutura para uso de transportes não
poluentes, redução de desperdício, minimização de impactos (e mitigação,
quando não for possível evitar) etc.
É importante falar que nem toda empresa tem ou terá interesse em obter
certificação da BS 8901. E isso não é problema algum, pois se não é o
core business ou uma empresa realiza um número baixo de eventos, a
certificação não se justifica. No entanto, a adoção desses critérios,
conforme eu falei antes, está muito mais atrelado à postura do que custo
em si. E não tem nada impedindo que, mesmo sem a certificação, as
empresas façam uso de práticas sustentáveis na realização dos seus
eventos. Fica a dica para a galera de RH, de comunicação, de marketing
e/ou relações públicas das empresas.
Julianna Antunes é Jornalista, corredora de alto rendimento físico e
baixo rendimento financeiro, pós-graduada em responsabilidade social
empresarial e diretora da Agência de Sustentabilidade, consultoria
estratégica de elaboração e implementação de projetos de
sustentabilidade. E-mail para contato:
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