Construção Sustentável no Brasil - A Certificação AQUA
Por Julianna Antunes
24/10/2009
No final do ano passado escrevi um texto genérico que tratava da
sustentabilidade na construção civil. Apesar de ser uma área em que eu
não invista tanto tempo em adquirir conhecimento (provavelmente por me
interessar mais em sustentabilidade nas empresas do que em produtos),
sei perfeitamente a importância deste setor e seu impacto na economia. E
em vias de transformar o país, em especial a cidade do Rio de Janeiro,
em um canteiro de obras, o tema ganha ainda maior relevância.
Ao longo desse ano e dos seguintes me comprometo a escrever mais
especificamente sobre diversos tópicos, como retrofit, materiais
sustentáveis, certificações, dentre outros. O post de hoje, inclusive, é
sobre uma certificação. No meu não profundo conhecimento da área, sei de
três: a LEED, americana, a HQE, francesa, e a AQUA, brasileira (pessoal
de civil poderia me dizer se existe mais alguma?) É claro que a ISO
14001 também é aplicável, mas como ela é aplicável a qualquer setor, não
vem ao caso agora.
Puxando sardinha para o Made in Brazil, vou explicar pela ótica de uma
não engenheira o que vem a ser a certificação AQUA. Há pouco mais de
dois anos a Fundação Vanzolini, gerida por professores do departamento
de engenharia de produção da USP, lançou o primeiro selo de certificação
de construção sustentável que contemplasse as nossas necessidades.
Baseada na HQE, a AQUA, através de auditoria externa, assegura que um
empreendimento considere diversos critérios de sustentabilidade. A
diferença entre as certificações está fundamentalmente em aspectos
culturais que impactam a construção dos dois países, como o uso do ar
condicionado, por exemplo. A AQUA é concedida em todas as etapas do
processo, que são quatro:
Programa: fase onde o programa de necessidades é elaborado;
Concepção: fase de concepção arquitetônica e técnica, baseada nas
informações da fase anterior;
Realização: a construção do empreendimento;
Uso: depois que a obra estiver pronta.
A certificação é fundamentada em um referencial técnico definido por
dois padrões: sistema de gestão do empreendimento e qualidade ambiental
do edifício. Os critérios de desempenho abordados nesse referencial
tratam de 14 categorias divididas em quatro grupos:
Eco-construção: relação do edifício com o seu entorno, escolha de
produtos, sistemas e processos construtivos, canteiro de obras com baixo
impacto ambiental;
Eco-gestão: energia, água, resíduos, manutenção;
Conforto: conformo higrotérmico, acústica, visual e conformo olfativo;
Saúde: qualidade sanitária dos ambientes, do ar e da água.
Vale ainda dizer que, apesar de seu pouco tempo de existência, a
Fundação Vanzolini também já lançou a certificação AQUA para arenas e
complexos esportivos multiuso. Seguindo a mesma metodologia utilizada na
certificação de edifícios, ela possui uma visão bastante atrelada à
questão da acessibilidade e do fluxo de pessoas. E olhando para o futuro
dessas instalações pós-eventos, visa menor custo de manutenção e
limpeza.
Julianna Antunes é Jornalista, corredora de alto rendimento físico e
baixo rendimento financeiro, pós-graduada em responsabilidade social
empresarial e diretora da Agência de Sustentabilidade, consultoria
estratégica de elaboração e implementação de projetos de
sustentabilidade. E-mail para contato:
sustentabilidade@sustentabilidadecorporativa.com -
www.agenciadesustentabilidade.com.br - Blog:
www.sustentabilidadecorporativa.com - Twitter: @sustentabilizar
Artigo Licenciado sobre uma licença Creative Commons - Atribuição - Uso
Não-Comercial - Não a obras derivadas 3.0 Unported License