Entendendo a Governança Corporativa
Por Julianna Antunes
20/03/2011
É muito comum as empresas associarem a sustentabilidade à governança
corporativa. Nos últimos anos ela ganhou projeção e entrou de vez no
dicionário empresarial na medida em que escândalos contábeis viraram
quase uma rotina. Mas afinal, qual o seu significado e por que a
proximidade com a sustentabilidade?
Uma boa definição de governança corporativa é dada pelo IBGC (Instituto
Brasileiro de Governança Corporativa): “sistema pelo qual as
organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os
relacionamentos entre proprietários, conselho de administração,
diretoria e órgãos de controle.” Traduzindo de forma simplista: é o
conjunto de leis que regulamentam a forma de uma empresa ser
administrada, fundamentando os princípios da transparência. Seria como o
responsável por regras e procedimentos para a gestão das sociedades de
capital aberto.
Entendamos a importância da governança: lembram-se do escândalo da Enron
e da WorldCom, em 2001 ou 2002, se não me engano? O que aconteceu ali?
Empresas de capital aberto são obrigadas a tornarem público seus
relatórios financeiros. Executivos das empresas, com o objetivo de
mostrar uma saúde financeira que não tinham, durante algum tempo
divulgaram lucros fictícios para mostrarem perenidade nos negócios e
assim manterem suas ações valorizadas.
As fraudes foram descobertas, o mercado ficou abalado, uma crise de
confiança se instalou e vários culpados foram identificados, dentre
contadores, escritórios de advocacia, instituições financeiras, empresas
de auditoria e, é claro, os próprios executivos. Por conta do impacto
negativo, em 2002 o governo americano aprovou a lei Sarbanes-Oaxley,
exigindo ainda mais transparência na divulgação dos relatórios
financeiros e punindo severamente os que cometessem infrações.
Mas voltando para relação da sustentabilidade e da governança
corporativa. E quando uma empresa tem capital fechado? Como tratar da
transparência em empresas que não são obrigadas a divulgarem seus
balanços contábeis? Basta lembrarmos-nos do show de horror que são os
relatórios de sustentabilidade, cuja publicação é voluntária e não
auditada.
Não teria uma resposta pronta para dizer como uma empresa deve ser
transparente quando ela não tem obrigação de ser. Isso vai muito mais
dos valores corporativos do que um procedimento padrão. Mas de qualquer
forma, independente da natureza societária, transparência é princípio
básico de qualquer empresa que queira de dizer sustentável. Princípio
básico, não a sustentabilidade inteira.
Vale lembrar que adotar os princípios da governança não quer dizer muita
coisa para a sociedade como um todo, pois ela só trata de informações
financeiras. Transparência vai muito além de colocar no site um
relatório que pessoas leigas sequer entendem. Portanto, não se iludam
quando aparecer grandes empresas falando que sua política de
sustentabilidade é fazer uso de boas práticas de governança corporativa.
Balela e greenwashing. Punam essas empresas. Governança corporativa é
nada mais do que obrigação. E só.
Julianna Antunes é Jornalista, corredora de alto rendimento físico e
baixo rendimento financeiro, pós-graduada em responsabilidade social
empresarial e diretora da Agência de Sustentabilidade, consultoria
estratégica de elaboração e implementação de projetos de
sustentabilidade. E-mail para contato:
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