Entendendo a vantagem competitiva da sustentabilidade
Por Julianna Antunes
14/10/2009
Em qualquer área de negócio muito se fala da importância da vantagem
competitiva e no quanto ela traz rentabilidade para a empresa. Sabendo
que a globalização derrubou os muros e acirrou os mercados, estar um
passo à frente da concorrência pode significar, em muitos casos, a
própria sobrevida da organização. Mas qual o significado real disso
tudo? Por que a sustentabilidade corporativa é vista como vantagem
competitiva?
Na sustentabilidade, muitas ações ou atitudes que foram inovadoras do
passado, e depois de benchmarking viraram moda, hoje servem de base para
leis e regulamentações que tornam o mercado cada dia mais restritivo. Um
exemplo disso surgiu essa semana, quando o vice-governador do Rio de
Janeiro sancionou uma lei que proíbe o uso de sacolas de plástico nos
supermercados.
É claro que a lei não será aplicada de um dia para o outro e que todos
os estabelecimentos terão tempo para adaptação. Mas pensemos na
diferença entre quem já vem estimulando o uso das chamadas ecobags e em
quem não se atentou ou ignorou a tendência: custo de adaptação à lei,
busca de novos fornecedores (ou necessidade de adaptação dos atuais),
negociação por melhores preços... e por aí vai.
Outro exemplo é a regulação da EU ETS (European Union Emission Trade
Scheme), comissão que trata do comércio de emissão de carbono na Europa.
Sob a supervisão da EU ETS, empresas de diversos setores têm suas
emissões de carbono monitoradas e limitadas. Quando esse limite é
atingido, elas precisam comprar permissão para novas emissões.
Resumindo: poluir está cada vez mais caro. Empresas que se preocuparam
no passado com a ecoeficiência dos processos, hoje estão prontas para as
imposições do mercado e ainda podem lucrar com a comercialização de
créditos de carbono.
Já falei aqui sobre duas diretivas européias que entraram em vigor
recentemente, limitando o uso de determinadas substâncias na fabricação
de equipamentos elétricos/eletrônicos (RoHS) e responsabilizando o
fabricante pelo tratamento dos resíduos e descarte do produto (WEEE).
Além delas há a REACH (Registration, Evaluation, and Anthorization of
Chemicals), que trata do registro, avaliação e autorização de uso de
produtos químicos.
Se pararmos para pensar, apesar das diretivas dizerem respeito apenas ao
mercado europeu, elas impactam toda a cadeia produtiva, que nos dias de
hoje é global. E mesmo que o produto seja, por exemplo, 100% brasileiro,
terá de estar em conformidade com as diretivas caso queira ser
comercializado na Europa (mais informações sobre a conformidade, clique
aqui). Vale ressaltar também que já existe uma série de restrições do
tipo nos EUA, Japão, Austrália e até mesmo na China. A pergunta é:
quanto custa se adequar a essas diretivas agora? E quanto custou para
quem percebeu isso antes?
As empresas hoje, principalmente as que têm fábricas em países em
desenvolvimento, devem ter em mente que levar a operação para locais
onde a legislação é mais amena já não resolve mais o problema.
Restrições ambientais e sociais são tendência do mercado. Estar pronta
para elas é o mínimo que se espera para permanecer no jogo. Se antecipar
a elas é ter vantagem competitiva. E independente do estágio em que as
empresas se encontram, estar em conformidade com as regulamentações é
pré-requisito para todos que queiram competir num mundo que não comporta
mais os excessos cometidos no passado.
Julianna Antunes é Jornalista, corredora de alto rendimento físico e
baixo rendimento financeiro, pós-graduada em responsabilidade social
empresarial e diretora da Agência de Sustentabilidade, consultoria
estratégica de elaboração e implementação de projetos de
sustentabilidade. E-mail para contato:
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