A GRI como Ferramenta de Planejamento Estratégico nas Empresas
Por Julianna Antunes
05/07/2011
Tenho um pé atrás em relação à GRI. Não apenas a ela, mas qualquer
relatório de sustentabilidade. Na verdade, tenho um pé atrás não ao
modelo proposto pela GRI, mas à forma como as empresas utilizam os
indicadores, transformando seus relatórios num suprassumo de bondade,
benfeitorias e perfeições. Nada mais que greenwash.
Ontem, por exemplo, meu querido amigo Tulio, colocou um link sobre o
relatório divulgado pelos organizadores do SWU. Convido vocês a lerem.
Quem foi ao evento, certamente vai achar piada de mau gosto. Quem não
foi, sugiro ler algumas críticas antes, para se informar do que
realmente foi esse festival. E esse festival foi tudo, menos
sustentável.
Mas entrando no que de bom o relatório GRI pode ser, sou da opinião de
que ele é uma baita ferramenta para planejamento estratégico sustentável
das empresas. Acredito, inclusive, que quando ele foi idealizado, o
objetivo teria sido exatamente esse. E a lógica é extremamente simples:
empresas não vão querer divulgar dados ruins, logo, elas vão procurar
melhorar.
Pensando dessa forma, a GRI é genial. São 79 indicadores que mais do que
o basicão da sustentabilidade (aspectos sociais, econômicos e
ambientais), demandam respostas relacionadas à presença de mercado,
concorrência, eficiência operacional, relacionamento com stakeholders,
clima organizacional, ética, transparência etc.
Mais do que um simples reporte, o relatório de sustentabilidade é a
última etapa de um macroprocesso de sustentabilidade. Depois de receber
feedback da publicação, ele (o relatório) dá o pontapé para uma nova
etapa, que é a de estabelecer e implementar ações de melhoria com base,
justamente, no que foi relatado. E aí fica clara uma das maneiras que as
empresas têm de usar a sustentabilidade como ferramenta estratégica,
indo além de projetinhos sociais/ambientais.
Utópico pensar na GRI dessa forma? Não creio, até porque já há
companhias (poucas, é verdade) que trabalham orientadas para isso. Mas
aí vem a pergunta: se a ferramenta é tão boa, por que a maioria continua
usando-a como simples instrumento de comunicação, marketing e
greenwashing?
Julianna Antunes é Jornalista, corredora de alto rendimento físico e
baixo rendimento financeiro, pós-graduada em responsabilidade social
empresarial e diretora da Agência de Sustentabilidade, consultoria
estratégica de elaboração e implementação de projetos de
sustentabilidade. E-mail para contato:
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