A Geração Y e a sua relação com a Sustentabilidade
Por Julianna Antunes
14/10/2009
Sim, vou escrever este texto em primeira pessoa, pois, por mais que
tenha indícios em mim de geração X e algumas coisinhas dessa tal geração
Z, sou, de fato e de direito, membro da geração Y! X, Y, Z... afinal,
onde nós, jovens que há pouco entramos no mercado de trabalho, nos
encontramos nessa sopa de letrinhas? O que queremos, quais são os nossos
anseios, quais são os nossos valores? O que esperamos das empresas que
nos contratam?
Nós, geração Y, crescemos com a auto-estima lá em cima. Mas ao mesmo
tempo, crescemos com o peso e a responsabilidade por décadas e décadas
de excessos cometidos por nossos irmãos mais velhos (geração X), nossos
pais (baby boomers) e nossos avós (a geração deles tem nome?) Temos
plena consciência de que é responsabilidade nossa mudar a forma de
produzir, consumir e se relacionar. Caso contrário, não existirão
gerações A1, B1 ou C1 para contar a história.
Uma pesquisa conduzida pela MTV e pelo Instituto Akatu no ano passado
gerou um documento chamado Dossiê Universo Jovem 4. Dentre diversos
assuntos, falou-se de sustentabilidade corporativa, desenvolvimento
sustentável e consumo responsável. De acordo com o documento,
aquecimento global, poluição, escassez de água e desigualdade social são
alguns dos temas que mais preocupam os jovens brasileiros.
Comportamentos comuns até muito pouco tempo atrás, como lavar a calçada
com água potável ou queimar as folhas caídas no chão, já não fazem o
menor sentido para a nossa geração. Pelo contrário, nos incomoda.
Segundo o Dossiê, 66% já repreenderam ou chamaram a atenção de alguém
por jogar lixo na rua, gastar muita água, ou energia, além de 52% já
terem plantado ao menos uma árvore.
Não aprendemos os valores inerentes ao desenvolvimento sustentável em
casa, mas sim na escola, na mídia, na internet. Mesmo não sendo valores
que nossos pais nos ensinaram, eles se refletem tanto na nossa vida
pessoal, quanto na profissional e impactam ainda mais a forma como
lidamos com o mundo corporativo. Se já somos exigentes por natureza,
questões relacionadas ao desenvolvimento sustentável entram no “bolo”
para dificultar ainda mais a forma como as empresas se porta diante de
uma geração que põe em xeque teorias administrativas até então
intocáveis.
Empresas americanas de petróleo e gás, por exemplo, encontram
dificuldades em recrutar os melhores talentos por conta de a atual
geração ter uma imagem negativa dessa indústria. Segundo estudo da
Accenture, 75% dos alunos de MBA das principais escolas dos Estados
Unidos consideram receber salários de 10 a 20% inferiores para
trabalharem em empresas responsáveis.
No Brasil ainda não há pesquisa que forneça dados concretos sobre a
influência da sustentabilidade na escolha profissional do jovem, ainda
mais com o alto índice de desemprego para os recém saídos dos bancos
universitários. Mas mesmo com todos os percalços inerentes à nossa
economia, faço a pergunta para quem, assim como eu, é dessa geração que
vem tirando o sono dos RHs: você gostaria de trabalhar em uma empresa
que nada faz para mitigar o seu impacto no meio ambiente, que não
respeita o consumidor, ou as comunidades no entorno de suas instalações?
Você teria satisfação de trabalhar em uma empresa que não mantém uma boa
relação com os fornecedores ou não ouve o que os funcionários têm a
dizer? Eu não.
Este artigo foi escrito orginalmente para o blog Foco em Gerações, um
espaço para discutir a questão das diferentes gerações convivendo no
ambiente de trabalho. Para ler mais artigos acesse:
http://www.focoemgeracoes.com.br
Julianna Antunes é Jornalista, corredora de alto rendimento físico e
baixo rendimento financeiro, pós-graduada em responsabilidade social
empresarial e diretora da Agência de Sustentabilidade, consultoria
estratégica de elaboração e implementação de projetos de
sustentabilidade. E-mail para contato:
sustentabilidade@sustentabilidadecorporativa.com -
www.agenciadesustentabilidade.com.br - Blog:
www.sustentabilidadecorporativa.com - Twitter: @sustentabilizar
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