O Impacto das Embalagens na Sustentabilidade
Por Julianna Antunes
14/09/2010
Vocês já pararam para pensar no impacto das embalagens no meio ambiente
e o quanto isso significa na sustentabilidade de uma empresa? Muito
antes de falar no assunto, já questionava a postura do McDonald’s em
relação a isso. Meu ponto de vista era meramente financeiro. Perguntava
se não faria mais sentido em um país pobre diminuir a exuberância de uma
embalagem que vai para o lixo em troca de redução de preço. Pelo visto
eles até hoje acham que não.
Pesquisando sobre o assunto na internet, encontrei uma cartilha chamada
“Meio Ambiente e a Indústria de Embalagem”. O editorial me instigou ao
falar que a embalagem reflete a cultura e o estágio de desenvolvimento
de uma nação e que a sua utilização está diretamente atrelada ao nosso
estilo de vida. Minha conclusão: somos um país subdesenvolvido.
Hoje, cerca de um terço do lixo doméstico é composto por embalagens (que
equivalem a 20% do lixo total), sendo que 80% delas são, sequer,
reutilizadas. Sabendo que não são todas as cidades que possuem coleta
eficiente, que a maioria dos aterros opera no limite, que a presença de
lixões ainda é uma constante no país e que não utilizamos nem 10% do
potencial de mercado da reciclagem, diria que, Houston, we have a
problem.
Mais do que nossa culpa pela falta de educação, as empresas são, também,
grandes responsáveis. Para o marketing, a embalagem tem muito mais
função do que apenas preservar e proteger um produto. Atire a primeira
pedra quem nunca escolheu um livro por causa de sua capa. Acontece que
os tempos são outros e a exuberância e o exagero estão perdendo espaço
em um mundo onde os mercados são extremamente competitivos e redução de
custos é desafio constante para as empresas. Ah, é, a sustentabilidade.
Não estou falando aqui do uso de materiais sustentáveis e/ou
certificados nas embalagens, mas em fazer o que sempre foi feito de uma
forma um pouquinho diferente. Alguns meses atrás, quando escrevi sobre o
cartão de benefícios da Visa Vale, citei que virou senso comum a adoção
do cartão de benefícios ao invés do talão de ticket. É mais seguro, é
mais barato e é mais sustentável.
Pensemos na indústria. A Unilever. Não vem ao caso a razão pela qual ela
optou por investir em produtos concentrados, até porque bem antes de se
falar em sustentabilidade, ela já tinha reduzido o tamanho da caixa de
sabão. Ela e a concorrência, que fique claro. Que o motivo tenha sido
financeiro, mas vamos lá: redução da caixa do sabão em pó. Menos matéria
prima utilizada na embalagem, menos resíduos gerados na ponta inicial da
cadeia.
Não entrarei no ciclo de vida do papelão porque não conheço. Mas
provavelmente deve consumir menos água. Ok, menos matéria prima, menos
resíduos, menos água. Caixas menores cabem em maior número dentro do
caminhão, diminuindo a quantidade de viagens para distribuir o produto.
Menos viagens correspondem a menos combustível gasto e menos carbono
emitido. Chegando à casa do consumidor, este terá o produto de sempre e,
com o novo tamanho da embalagem descartará (de forma certa ou errada)
menos lixo. Enfim, seja pelo motivo que for, não seria esse o verdadeiro
conceito de sustentabilidade corporativa?
Julianna Antunes é Jornalista, corredora de alto rendimento físico e
baixo rendimento financeiro, pós-graduada em responsabilidade social
empresarial e diretora da Agência de Sustentabilidade, consultoria
estratégica de elaboração e implementação de projetos de
sustentabilidade. E-mail para contato:
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