A Importância da Educação Ambiental para o Brasil e o Mundo.
Por Marilena Lino de Almeida Lavorato
14/10/2009
Durante o período da chamada Revolução industrial não havia preocupação
com a questão ambiental. Os recursos naturais eram abundantes, e a
poluição não era foco da atenção da sociedade industrial e intelectual
da época.
A partir da escassez dos recursos naturais, somado ao crescimento
desordenado da população mundial e intensidade dos impactos ambientais,
surge o conflito da sustentabilidade dos sistemas econômico e natural, e
faz do meio ambiente um tema literalmente estratégico e urgente. O homem
começa a entender a impossibilidade de transformar as regras da natureza
e a importância da reformulação de suas práticas ambientais.
Os limites:
A humanidade está usando 20% a mais de recursos naturais do que o
planeta é capaz de repor. Com isso, está avançando sobre os estoques
naturais da Terra, comprometendo as gerações atual e futuras segundo o
Relatório Planeta Vivo 2002, elaborado pelo WWF e lançado este ano em
Genebra.
De acordo com o relatório, o planeta tem 11,4 bilhões de hectares de
terra e espaço marinho produtivos - ou 1,9 hectares de área produtiva
per capita. Mas a humanidade está usando o equivalente a 13,7 bilhões de
hectares para produzir os grãos, peixes e crustáceos, carne e derivados,
água e energia que consome. Cada um dos 6 bilhões de habitantes da
Terra, portanto, usa uma área de 2,3
hectares. Essa área é a Pegada Ecológica de cada um. O fator de maior
peso na composição da Pegada Ecológica hoje é a energia, sobretudo nos
países mais desenvolvidos.
A Pegada Ecológica de 2,3 hectares é uma média. Mas há grandes
diferenças entre as nações mais e menos desenvolvidas, como mostra o
Relatório Planeta Vivo, que calculou a Pegada de 146 países com
população acima de um milhão de habitantes. Os dados mais recentes (de
1999) mostram que enquanto a Pegada média do consumidor da África e da
Ásia não chega 1,4 hectares por pessoa, a do consumidor da Europa
Ocidental é de cerca de 5,0 hectares e a dos norte-americanos de 9,6
hectares.
Embora a Pegada brasileira seja de 2,3 hectares – dentro da média
mundial, mas cerca de 20% acima da capacidade biológica produtiva do
planeta.
Quanto falamos em emissões de poluentes, as diferenças dos índices
emitidos pelos países desenvolvidos e em desenvolvimento também são
significativas: Um cidadão médio norte-americano, por exemplo, responde
pela emissão anual de 20 toneladas anuais de dióxido de carbono; um
britânico, por 9,2 toneladas; um chinês, por 2,5; um brasileiro, por
1,8; já um ganês ou um nicaragüense, só por 0,2; e um tanzaniano, por
0,1 tonelada anual. A China e o Leste da Ásia aumentaram em 100% o
consumo de combustíveis fósseis em apenas cinco anos (1990/95).
(Wolfgang Sachs, do Wuppertal Institute)
Nos países industrializados cresce cada vez mais o consumo de recursos
naturais provindos dos países em desenvolvimento - a ponto de aqueles
países já responderem por mais de 80% do consumo total no mundo. Segundo
Sachs, 30% dos recursos naturais consumidos na Alemanha vêm de outros
países; no Japão, 50%; nos países Baixos, 70%.
O desafio:
O grande desafio da humanidade é promover o desenvolvimento sustentável
de forma rápida e eficiente.
Este é o paradoxo: sabemos que o tempo está se esgotando, mas não agimos
para mudar completamente as coisas antes que seja demasiado tarde.
Diz-se que uma rã posta na água fervente saltará rapidamente para fora,
mas se a água for aquecida gradualmente, ela não se dará conta do
aumento da temperatura e tranqüilamente se deixará ferver até morrer.
Situação semelhante pode estar ocorrendo conosco em relação à gradual
destruição do ambiente natural. Hoje, grande parte da sociedade se
posiciona como mero espectador dos fatos, esquecendo-se de que somos
todos responsáveis pelo futuro que estamos modelando. Devemos exercer a
cidadania planetária, e rapidamente.
A luz no fim do túnel:
A conscientização ambiental de massa, só será possível com percepção e
entendimento do real valor do meio ambiente natural em nossas vidas. O
meio ambiente natural é o fundamento invisível das diferenças sócio
econômicas entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. O dia em que
cada brasileiro entender como esta questão afeta sua vida de forma
direta e irreversível, o meio ambiente não precisará mais de defensores.
A sociedade já terá entendido que preservar o meio ambiente é preservar
a própria pele, e fragilizar o meio ambiente, é fragilizar a economia, o
emprego, a saúde, e tudo mais. Esta falta de entendimento compromete a
adequada utilização de nossa maior vantagem competitiva frente ao mundo:
recursos hídricos, matriz energética limpa e renovável, biodiversidade,
a maior floresta do mundo, e tantas outras vantagens ambientais que nós
brasileiros temos e que atrai o olhar do mundo.
Mas, se nada for feito de forma rápida e efetiva, as próximas gerações
serão prejudicadas duplamente, pelos impactos ambientais e pela falta de
visão de nossa geração em não explorar adequadamente a vantagem
competitiva de nossos recursos naturais.
Sei, que somos a primeira geração a dispor de ferramentas para
compreender as mudanças causadas pelo homem no ambiente da Terra, mas
não gostaria de ser uma das últimas com a oportunidade de mudar o curso
da história ambiental do planeta.
Marilena Lino de Almeida Lavorato: Publicitária (PUCC), pós-graduada em
Marketing (ESPM), Sociologia e Política (EPGSP), Gestão Estratégica de
Negócios (FGV) e Gestão Ambiental (IETEC). Diretora MAIS Projetos
(gestão sócio-ambiental) e Coordenadora GMGA - Grupo Multidisciplinar
Gestão Ambiental que conta com o apoio da APARH (Associação Paulista de
Administração de Recursos Humanos) .
Email: marilena@maisprojetos.com.br- Site: www.maisprojetos.com.br