A Importância do design para a sustentabilidade - um olhar olímpico
Por Julianna Antunes
17/12/2010
Em artigo recente escrevi sobre o desafio de sustentabilidade para a
Rio-2016. Nele cito brevemente a questão do design tão propalado pelos
executivos de Londres. Não sou especialista no tema, mas ao conhecer o
Parque Olímpico e o head de design da ODA (Olympic Delivery Autorithy),
percebi e entendi a sua real importância para a sustentabilidade dos
Jogos.
Desde antes da construção do Parque Olímpico, a ODA já tinha definido o
destino das instalações após a realização dos Jogos. Chamaria isso de
gestão de legado, algo muito distante do que aconteceu no Pan Americano
de 2007, cujos responsáveis até hoje não sabem o que fazer com algumas
construções, consumindo dinheiro de manutenção ou, simplesmente,
largadas para depreciação.
Em Londres, para começar, temos o redesenho de um bairro pobre,
Stratford, até então bastante degradado. Regeneração é a palavra de
ordem dos Jogos de 2012. Depois tem o lema de construir algo que seja
possível de manter. Aí entra a questão das instalações temporárias, que
apesar de polêmicas, fazem sentido quando se pensa no futuro de longo
prazo e não num futuro que contemple apenas a realização das
competições.
Pergunto: O que é melhor, uma construção temporária ou um elefante
branco? Vale ressaltar que as estruturas das instalações temporárias
serão reutilizadas para outras construções esportivas na cidade. E que,
quando possível, o material de construção será reutilizado em outras
obras. Tem como dizer que não é sustentável?
O estádio olímpico, que terá capacidade para 80 mil pessoas, tem um
design onde 55 mil lugares são cadeiras desmontáveis, fazendo com que
ele possa ter o tamanho que quiser a partir de 25 mil lugares. Jerome
Frost me disse que há dois clubes interessados em gerir o estádio após
os jogos. Um, que quer uma capacidade para 40 mil pessoas e outro 60 mil
pessoas. E aí imaginemos se a estrutura fosse fixa; quem se candidataria
a um estádio para 80 mil pessoas?
Menina dos olhos da ODA, o VeloPark, onde acontecerá as competições de
ciclismo indoor, é a obra mais sustentável dos Jogos. Com um design que
facilita a ventilação natural, além de economizar no gasto energético, a
sua construção emitiu 34% menos de carbono, quando o acordo firmado era
de 15% de redução. E tudo isso se deveu a integração de arquitetos,
engenheiros, profissionais da obra e responsáveis pela gestão do
velódromo. Aí pergunto: seremos capazes de trabalhar com esse nível de
integração?
Trazendo essa realidade para o Rio de Janeiro, temos um baita desafio de
sustentabilidade nas novas construções e na reforma das antigas
instalações. O único irônico dessa nossa história é a palavra
revitalização. Não me falem de Porto, pois isso já seria revitalizado
com ou sem olimpíadas. A única área suburbana contemplada no nosso
projeto olímpico é Deodoro, que é militar, portanto bem estruturada e
segura. Maspergunto: efetivamente estaremos revitalizando? A Barra da
Tijuca?
Julianna Antunes é Jornalista, corredora de alto rendimento físico e
baixo rendimento financeiro, pós-graduada em responsabilidade social
empresarial e diretora da Agência de Sustentabilidade, consultoria
estratégica de elaboração e implementação de projetos de
sustentabilidade. E-mail para contato:
sustentabilidade@sustentabilidadecorporativa.com -
www.agenciadesustentabilidade.com.br - Blog:
www.sustentabilidadecorporativa.com - Twitter: @sustentabilizar
Artigo Licenciado sobre uma licença Creative Commons - Atribuição - Uso
Não-Comercial - Não a obras derivadas 3.0 Unported License