Inovação e sustentabilidade
Por Julianna Antunes
24/02/2011
A maioria das pessoas, muitas vezes, não tem noção do que significa
inovação. Principalmente quem não trabalha com planejamento estratégico
e/ou com pesquisa e desenvolvimento, é comum achar que inovação se
resume a um produto que está reinventando a roda e que tem um viés
tecnológico. Para o consumidor médio, e, pasmem, para muitos órgãos
brasileiros de fomento ao desenvolvimento, inovação é algo que tenha
tamanho, peso, espessura e use a tecnologia para a sua produção.
É claro que falar de iPod, tablets, de brocas de diamante para extrair
petróleo em águas ultra profundas, de máquinas que transformam lixo em
energia é o supra sumo da inovação, o filezinho. Mas inovação pode ser
algo mais sutil do que um produto caríssimo que consome anos de pesquisa
e dinheiro.
Uma nova configuração no layout de um escritório pode aumentar a
eficiência dos funcionários. Uma redefinição de escala de trabalho pode
gerar melhor aproveitamento de matéria prima. São coisas relativamente
simples, mas que precisam de pessoas qualificadas que pensem em soluções
funcionais.
Algumas empresas que estão na vanguarda da gestão, têm percebido a
sustentabilidade não somente como uma forma de ganho de imagem, não
somente como uma forma de manter perto e quieto os stakeholders, não
apenas como uma categoria de produtos a serem comercializados. Algumas
empresas têm percebido o potencial de inovação da sustentabilidade.
Não coloco nesse patamar uma empresa como a Coca-Cola ou a Ambev, que
tiveram visão de investirem agora, que ainda não é problema, em projetos
de água. Isso, para mim, é questão de sobrevivência. Falo de empresas
que são sustentáveis por enxergam a sustentabilidade como vantagem
competitiva.
A sustentabilidade na perspectiva da inovação anda muito junto com o
design, que anda coladinho com a engenharia, principalmente a de
produção. É comum a solução de um surgir da necessidade do outro. Por
exemplo, o BRS (bus rapid service) que entrou em operação no Rio esse
final de semana e é a base para a solução de mobilidade urbana em curto
prazo. Ali a gente vê redesenho de rotas, redistribuição dos pontos de
parada, educação da população usuária de transporte público, bem como, e
principalmente, educação dos motoristas.
Há ainda, outros casos que já citei no blog, como a utilização de
soluções poka yoka para inserção dos deficientes no mercado de trabalho,
a questão das embalagens, a forma como o design está sendo encarado nos
Jogos Olímpicos de Londres etc. O que eu quero dizer é que a
possibilidade de se trabalhar sustentabilidade e inovação é gigantesca.
E muito menos complexa do que as pessoas imaginam. Principalmente porque
o início da sustentabilidade é um caminho só: o da mudança de
comportamento e uma visão empresarial.
Julianna Antunes é Jornalista, corredora de alto rendimento físico e
baixo rendimento financeiro, pós-graduada em responsabilidade social
empresarial e diretora da Agência de Sustentabilidade, consultoria
estratégica de elaboração e implementação de projetos de
sustentabilidade. E-mail para contato:
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www.agenciadesustentabilidade.com.br - Blog:
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