Marketing Verde, a oportunidade para atender demandas da atual e futuras
gerações
Marilena Lino de Almeida Lavorato
26/04/2012
Marketing é uma função fundamental da empresa voltada para a
identificação das necessidades, carências e valores de um mercado-alvo,
visando a sua satisfação com rapidez, qualidade e eficiência.
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O destino da humanidade é o aprimoramento, e a vida em sociedade é um
grande exercício para o desenvolvimento contínuo da espécie humana
através da cidadania, do consumo, do trabalho, etc.
A atividade econômica mundial, baseada na produção de massa e no
consumismo (mercado globalizado) acaba definindo e impondo estilos e
comportamentos que interferem diretamente na qualidade de vida da
população. Esta situação se expressa através das tendências e
preferências de consumo. No caso dos grandes centros urbanos a questão
qualidade de vida (determinada por fatores sócioambientais) é
considerada uma demanda urgente.
Dentro deste cenário é que surgiu o chamado marketing verde, produtos e
serviços direcionados a um segmento específico que valoriza e consome
produtos ecologicamente corretos.
Só para lembrar: Marketing é uma função fundamental da empresa voltada
para a identificação das necessidades, carências e valores de um
mercado-alvo, visando a sua satisfação com rapidez, qualidade e
eficiência. As principais ofensivas do mercado são: oferta X procura,
descobertas tecnológicas, políticas protecionistas e alianças
estratégicas.
Considerando estas variáveis é que as estratégias são montadas para
vencer a acirrada guerra de mercado que as empresas travam entre si na
luta pela conquista e manutenção de clientes.
Nicho Verde:
Do escambo a globalização, a essência da troca (moeda por um bem ou
produto) é a mesma: necessidades baseadas em valores e cultura definindo
critérios de consumo e produção.
No caso do marketing verde, trata-se de um nicho (pequeno segmento da
sociedade) crescente do mercado. É considerado nicho porque é ainda
incipiente o que determina baixo volume de produção e consumo, e é
crescente, porque está dentro da necessidade urgente de melhores
indicativos de qualidade de vida.
A cultura da qualidade surgiu do mundo corporativo, mais especificamente
na fabricação de bens e serviços, e invadiu nossas casas para determinar
níveis de exigência de consumo.
Uma equação que não fecha:
O Nicho verde é um segmento específico do mercado que valoriza produtos
e serviços ecologicamente corretos por conhecer, compreender e não
aceitar as conseqüências das atividades extrativistas e não sustentáveis
que provocam o esgotamento de recursos naturais para as atuais e
próximas gerações.
Nós seres humanos consumimos recursos naturais vitais renováveis (Ar,
Água, Alimento) e não-renováveis (petróleo, minerais, etc.). Tudo que
consumimos vem da natureza, e no caso de bens e serviços na sua grande
maioria são oriundos de recursos naturais não renováveis.
Como o sistema atual de produção e consumo em massa, a velocidade para o
esgotamento é alta, o que significa um desequilíbrio na lei da oferta e
procura.
Não podemos esquecer que só podemos discutir qualidade de vida após
termos assegurado as condições básicas para a própria vida no planeta.
Tudo que colocar em risco a vida no planeta, não fará sentido algum para
a qualidade de vida, pois a situação óbvia para demanda de qualidade de
vida é a própria vida.
Vivemos uma equação que não se fecha: um planeta limitado fisicamente,
uma população crescente (6 bilhões), um estilo de vida extrativista
(recursos não-renováveis) e poluidor (descartável) determinando um
rápido esgotamento de tudo aquilo que nos proporciona vida (água, ar,
solo, fauna e flora) e qualidade de vida (petróleo, minerais, energia,
espaço, etc.). A possibilidade de extinção da vida vem nesta sequência:
Primeiro são as plantas, depois os animais e depois o próprio homem é
que sentirá os efeitos negativos da devastação e da poluição ambiental.
A humanidade está usando 20% a mais de recursos naturais do que o
planeta é capaz de repor. Com isso, está avançando sobre os estoques
naturais da Terra, comprometendo as gerações atuais e futuras segundo o
Relatório Planeta Vivo 2002, elaborado pelo WWF e lançado em 2002 em
Genebra. De acordo com o relatório, o planeta tem 11,4 bilhões de
hectares de terra e espaço marinho produtivos - ou 1,9 hectares de área
produtiva per capita. Mas a humanidade está usando o equivalente a 13,7
bilhões de hectares para produzir os grãos, peixes e crustáceos, carne e
derivados, água e energia que consome. Cada um dos 6 bilhões de
habitantes da Terra, portanto, usa uma área de 2,3 hectares. Essa área é
a Pegada Ecológica de cada um. O fator de maior peso na composição da
Pegada Ecológica hoje é a energia, sobretudo nos países mais
desenvolvidos.
No caso da metrópole Paulistana, o adensamento urbano (16 milhões de
pessoas concentradas) consumindo (3,2 trilhões de litros d’agua/dia) e
descartando (mais de 16 mil toneladas de lixo/dia), poluindo rios, solo
e ar de uma área física de 8.051 km2 distribuídos em 39 municípios.
Dá para imaginar o resultado desta equação a médio e longo prazo, e
assim definir critérios de consumo mais responsáveis e sustentáveis.
Tendência Verde:
Segundo pesquisa (*) realizada na Europa, os países que mais valorizam
produtos ecologicamente corretos são: Espanha (83%), Rússia (76%) e
Alemanha (73%).
O mercado verde ainda é jovem. Portanto apresenta características
diferenciadas em relação aos mercados maduros:
Mercado jovem: Baixa Concorrência, Alto investimento de penetração
(construção da cultura de consumo), Baixo volume de consumo, Faturamento
baixo
Mercado Maduro: Alta Concorrência, Investimentos de manutenção de
imagem, Alto volume de consumo, Faturamento Alto.
Nesta grande teia social definem-se: crescimentos econômicos,
oportunidades de mercado, produtos melhores, Consumidores mais
responsáveis.
A Fundamentação do MKTVerde:
Lei da Oferta e da Procura: Vivemos num modelo econômico que acelera o
esgotamento de recursos naturais vitais e não vitais:
Produção extrativista (matéria prima) X Recursos Naturais finitos
Produção Massa (alta produção de resíduos) X Recursos Naturais
Contaminados (poluição)
Consumo Massa (Alta Produção descarte) X Espaços reduzidos (volume de
lixo)
Leis Protecionistas: As leis são determinadas pela sociedade segundo
suas necessidades e valores. No caso do meio ambiente desde 1992 (ECO
92) o mundo está atento e interessado. Vários outros encontros, debates
e acordos mundiais tem se estabelecidos. Como exemplo temos o Protocolo
de Kyoto que determina índices de redução na emissão de CO2 na
atmosfera. Este posicionamento global de preservação ambiental se traduz
em incentivo à adoção de novos hábitos de produção e consumo. A
legislação, as políticas de importação, campanhas e procedimentos
incentivando e impondo a mudança de mentalidade (VALORES).
Inovações Tecnológicas: Por outro lado, acesso a tecnologias mais limpas
e a própria tecnologia de informação e difusão de conhecimentos agilizam
processos e mudanças de hábitos e atitudes. Hoje, já se reconhece a
receptividade da atual geração por uma nova ordem de consumo.
Novos Mercados:
O nicho verde trabalha com tendências atuais e futuras, com novos
hábitos de consumo, novos produtos e novos mercados.
Cada Geração avança 1 passo em comparação a anterior. Nos próximos 20
anos teremos decisões mais precisas, escolhas mais responsáveis.
Hoje já temos nas prateleiras opções de produtos ecológicos como o
alimento orgânico, produtos reciclados, carros menos poluidores,
equipamentos elétricos com menor consumo de energia, detergentes
biodegradáveis, serviços de coleta seletiva de lixo, etc.
O marketing verde é também um up grade da relação empresa X mercado na
medida que aprimora a relação da empresa X consumidor, empresa X
comunidade, empresa X meio ambiente.
A partir do momento que temos como pré-requisito a questão: custo X
benefício, fatores tangíveis como qualidade, preço, conveniência devem
estar resolvidos, e o diferencial ficar por conta do intangível: DESEJO
de pertencer a uma tribo, de consumir sem remorsos, de fazer parte de um
processo que melhora as condições de vida em sociedade (que volta para o
individuo), de responsabilidade social, de proteção ao meio ambiente,
enfim de aprimoramento da qualidade humana na prática compulsória do
consumo.
Consumo Responsável
Fazemos parte do ecossistema com uma participação muita pequena (somos
uma das espécies) porém, com grande poder de interferência positiva e/ou
negativa. A espécie humana se auto-proclamou a vida inteligente do
Planeta. E já que nosso destino é o aprimoramento, não podemos e nem
queremos deixar como marca registrada da interferência humana no
planeta, o lixo e a poluição.
E assim sendo, a partir de uma percepção maior do consumidor traduzido
em atitude crítica no momento da compra, em muito contribuirá para
acelerar investimentos em tecnologias limpas, produtos e posicionamentos
ecologicamente corretos e responsáveis, permitindo assim, os ajustes
necessários para a conquista e manutenção de melhores índices de
qualidade de vida, baseado na sustentabilidade dos sistemas natural e
econômico. VIVA O CONSUMO RESPONSÁVEL.
(*)Fontes : Ottman, Jacquelyn A. Marketing Verde- Makron Books (*)
Marilena Lino de Almeida Lavorato: Publicitária (PUCC), Pós graduada em
Gestão Ambiental (IETEC), em Marketing (ESPM), em Globalização e Cultura
(EPGSP-SP), em Gestão Estratégica de Negócios