A Moda Além das Ecobags
Por Julianna Antunes
14/10/2009
Há um tempo já vinha pensando em escrever sobre o impacto da moda para a
sustentabilidade. Sim, é isso mesmo. Não quero falar do impacto da
sustentabilidade na moda, mas do contrário. Tenho plena consciência de
que esta é uma cadeia produtiva que faz o meio ambiente penar. O plantio
do algodão, por exemplo, é responsável por cerca de 30% de todos os
pesticidas utilizados em plantações no mundo inteiro. Além disso, de
acordo com o Environmental Protection Agency, a indústria têxtil é a
quarta que mais consome recursos naturais.
Mas o que quero falar tem a ver com a capacidade da moda de servir de
elo entre ações envolvendo a sustentabilidade e o consumidor. Em minha
opinião, o produto que melhor reflete a simbiose entre os conceitos é a
ecobag, criada inicialmente para diminuir o consumo de sacolas plásticas
nos supermercados e que, em pouco tempo, virou ícone fashion.
É inegável que, hoje, ser sustentável está na moda. Mas ser sustentável
é mais do que um visual ou um estilo. É mudar certos valores, repensar
outros e até adquirir alguns. É mudar o “o que”, o “como” e o “por
quanto tempo” consumir. É ter a consciência de que já estamos pagando um
preço muito alto por desmandos de gerações passadas e que se não
mudarmos agora, sabe-se lá o legado que deixaremos para as gerações
futuras.
Uma das grandes dificuldades que pessoas envolvidas com o
desenvolvimento sustentável encontram, é como fazer com que o cidadão
comum tenha consciência da necessidade de mudança. É aí que a moda entra
como grande aliada da sustentabilidade, já que ela é capaz de criar
tendências, hábitos e novos desejos, independente do sexo, da cor, da
religião ou da classe social.
É claro que sabemos que muitas vezes o marketing de marcas poderosas nos
instiga a um consumo nada responsável. Mas também não há como negar,
ainda bem, que a moda está engajada na causa, com diversas iniciativas
voltadas para a sustentabilidade. Como o e-fabrics, um projeto do
Instituto e, capitaneado por Oskar Metsavahat, que tem como objetivo
identificar, desde o processo produtivo, tecidos e materiais que
respeitem critérios de comércio justo e desenvolvimento sustentável.
Da nossa parte, consumidores, há muito que se fazer. São ações simples,
mas capazes de mudar o mundo. Comprou uma roupa nova? Doe uma antiga!
Cansou daquela calça jeans? Transforme-a em bermuda ou short. Não
resiste a uma liquidação? Deixe o cartão de crédito em casa uma vez por
semana. Faça isso e veja se o seu bolso, o meio ambiente e a sociedade
não agradecerão!
Julianna Antunes é Jornalista, corredora de alto rendimento físico e
baixo rendimento financeiro, pós-graduada em responsabilidade social
empresarial e diretora da Agência de Sustentabilidade, consultoria
estratégica de elaboração e implementação de projetos de
sustentabilidade. E-mail para contato:
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