O Perfil da Área de Sustentabilidade Corporativa
Por Julianna Antunes
14/10/2009
Antes de entrar no tema de hoje, gostaria de deixar claro que para mim
não há diferença entre responsabilidade social e sustentabilidade
corporativa. É apenas uma questão de nomenclatura. No Brasil ainda se
usa muito a responsabilidade social, mas na Europa e nos Estados Unidos
eles consideram a sustentabilidade como evolução do conceito. Por isso,
e por ser mais abrangente, prefiro o termo sustentabilidade. Na verdade,
se as empresas fizerem da forma correta, o que menos importará é o nome
que se dá para a área!
Voltando ao título, pergunto: como é o perfil do profissional de
sustentabilidade corporativa? Para se trabalhar na área basta
conhecimentos técnicos (ISO 14000, AA1000, balanço social etc) e
competências comportamentais demandadas pelas empresas, como
comprometimento, pensamento inovador, foco em resultados e afins? A
resposta é simples: NÃO.
O profissional de sustentabilidade corporativa deve ter como a maior das
competências, acima de qualquer conhecimento, a paixão pela causa. Não
adianta pregar na empresa conceitos como processos ecoeficientes ou
ações politicamente corretas, se na vida pessoal esse discurso não
significa nada. É preciso encarar com muita responsabilidade o fato de
ser um agente de transformação e um multiplicador de valores.
Do ponto de vista técnico, a área de sustentabilidade costuma ser
bastante enxuta. Duas, três pessoas em sua maioria (incluindo o
estagiário). Mas o ideal é que ela tenha perfil multidisciplinar,
misturando profissionais de engenharia, comunicação, administração e
ciências sociais. Se não for possível, os profissionais devem ao menos
ter experiência generalista adquirida no negócio. É também fundamental
interagir com todas as áreas, daí a importância do conceito estar bem
difundido na empresa.
Como a área de sustentabilidade, desde a sua implementação, atua como um
“suporte” aos processos, quanto mais projetizada ela for, melhor. Criar
uma metodologia ou fazer uso das melhores práticas de gerenciamento de
projetos é importante não apenas para assegurar a qualidade das
entregas, mas também para que o custo não vá além do previsto.
Alguns autores pregam que em uma empresa madura a sustentabilidade não
deve ser uma área específica ou ter pessoas trabalhando nisso o tempo
inteiro. Por estar atrelada ao planejamento estratégico, eles alegam
que, com a maturidade, o conceito já vai estar naturalmente presente na
forma de se conduzir os negócios.
Andrew Savitz, por exemplo, cita no livro “A empresa sustentável” a
criação de um comitê voluntário composto por profissionais de diversas
áreas. Algumas empresas já fazem isso, como a Light, do Rio de Janeiro.
No entanto, o comitê não atua sozinho, mas sim em paralelo ao Instituto
Light.
Olhando especificamente para o Brasil, o grande problema em ter a
sustentabilidade corporativa apenas como um conceito intrínseco, é que,
por enquanto, não passa de sonho distante. É uma etapa em que a grande
maioria das empresas ainda está engatinhando, apesar de muitas
propagarem o contrário. E isso se deve principalmente a duas causas: a
influência do preço na decisão de compra e a não exigência de postura
sustentável das empresas por parte da população.
Julianna Antunes é Jornalista, corredora de alto rendimento físico e
baixo rendimento financeiro, pós-graduada em responsabilidade social
empresarial e diretora da Agência de Sustentabilidade, consultoria
estratégica de elaboração e implementação de projetos de
sustentabilidade. E-mail para contato:
sustentabilidade@sustentabilidadecorporativa.com -
www.agenciadesustentabilidade.com.br - Blog:
www.sustentabilidadecorporativa.com - Twitter: @sustentabilizar
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