Qual O Verdadeiro Perfil do Profissional de Sustentabilidade?
Por Julianna Antunes
28/03/2011
Na semana passada saiu uma matéria no caderno Razão Social do Jornal O
Globo intitulada “Procura-se profissional com perfil sustentável”. Essa
matéria, junto com a criação da Associação Brasileira dos Profissionais
de Sustentabilidade despertou o interesse de muita gente e abriu o
debate para outros veículos tratarem mais profundamente sobre o assunto.
Em momento algum desde o anúncio da primeira reunião do ABRPROSUS eu
emiti opinião sobre o que achava da criação da associação. Mas vou
emitir agora. Acho extremamente temerário e, até, desnecessário.
Primeiro por uma simples questão: as empresas mal entendem o conceito de
sustentabilidade, que dirá quem é o profissional de sustentabilidade.
E segundo porque num futuro, espero que bem próximo, sustentabilidade
não terá necessidade de ser área, mas uma competência dentro dos outros
processos. Marketing sustentável, supply chain sustentável, finanças
sustentável, comunicação sustentável, RH sustentável, TI sustentável,
P&D sustentável... percebem a diferença?
Mas enquanto esse dia não chega, fica a pergunta do milhão: quem é o
profissional de sustentabilidade? É o engenheiro ambiental? É o analista
de SHE/SMS? É a assistente social/ psicóloga que trabalha nos projetos
corporativos nas comunidades? É o RP/jornalista/publicitário que faz o
relatório de sustentabilidade? É o gerente de marketing que lança
produtos sustentáveis? É o gestor do instituto que cuida do ISE? Para
mim nenhum desses é profissional de sustentabilidade. São apenas
profissionais com experiência técnica em assuntos relacionados à
responsabilidade social e responsabilidade ambiental.
Ainda na matéria do jornal O Globo, perdida lá no meio, a chave para
realmente começar a dar uma cara para o profissional de
sustentabilidade. Foi simplesmente perfeita a afirmação do professor
Ciro Torres, do IAG da PUC-Rio, de que o maior desafio é as empresas
conseguirem selecionar os líderes capazes de integrar os princípios da
sustentabilidade a todas as áreas da empresa. Ou seja, volta para o que
falei antes de marketing sustentável, supply chain sustentável etc etc
etc.
Uma coisa que essa matéria deixou subentendida e que não condiz com a
realidade do mercado da sustentabilidade, é que por mais que as empresas
falem lindamente sobre esses profissionais e a importância deles, da
forma como está hoje é uma área fechada, super difícil de entrar e
absurdamente enxuta. E vai continuar assim enquanto não superarem a
visão de responsabilidade social/custo necessário para a empresa. Ou
seja, todos os CEOs vão dizer que é um imperativo para o negócio, mas
contratação que é bom, nada.
Na verdade, mais do que aumentar a contratação de profissionais técnicos
em RSA ou RSE, quando as empresas realmente se derem conta de que
sustentabilidade é investimento e processos, todos os funcionários,
independente da área, terão de ser profissionais de sustentabilidade.
Julianna Antunes é Jornalista, corredora de alto rendimento físico e
baixo rendimento financeiro, pós-graduada em responsabilidade social
empresarial e diretora da Agência de Sustentabilidade, consultoria
estratégica de elaboração e implementação de projetos de
sustentabilidade. E-mail para contato:
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www.agenciadesustentabilidade.com.br - Blog:
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