As Questões Cruciais da Logística Reversa
Por Julianna Antunes
17/01/2011
Há pouco mais de seis meses escrevi sobre a logística reversa
(Traduzindo Jargões para a Sustentabilidade: A Logística Reversa),
explicando o seu conceito e, principalmente, a sua importância no mundo
atual. Hoje vou me aprofundar um pouco mais no tema, trazer números,
processos, a diferença (não apenas no trajeto) entre os dois tipos de
logística, etc.
Em outro texto expliquei a importância da logística reversa para um
problema que vem tirando o sono do setor público: lixo. Mas não é apenas
porque a população vem crescendo exponencialmente, ou por causa do
intenso fluxo migratório para as cidades. A chamada obsolescência
programada, onde descartamos produtos que ainda estão em perfeitas
condições de uso, é um dos agentes que fazem com que a logística reversa
seja tão necessária.
A logística reversa é dividida em três fases: planejamento estratégico,
tático e operacional. No planejamento estratégico, que contempla ações
de longo prazo, é onde se pensa na cadeia completa como um todo. Nesta
fase, as questões cruciais são: seleção de produtos usados, avaliação de
centro de coletas de materiais, instalações onde esses materiais serão
separados, otimização do transporte, estratégias de marketing,
instalações de produção, avaliação de compradores de mercadoria de
segunda mão.
Nesta fase, uma série de premissas que não são contemplados na logística
comum deve ser levada em consideração. Por exemplo, quando falamos de
centros de coleta, quais critérios devem ser seguidos? Sabendo que o
sucesso deste processo depende fundamentalmente da sociedade, e que ela
tem interesses que, muitas vezes, entram em conflito com os interesses
da empresa, o desafio é equilibrar a preocupação com o lucro (empresas)
e a conveniência (sociedade).
Na fase tática, que envolve planejamento de médio prazo, as questões
cruciais são definição de fornecedores, parceiros, clientes e a
sobreposição entre os planejamentos estratégico e operacional. Já no
planejamento operacional, a questão crucial é a recuperação de produtos
ou materiais. Aqui as decisões a serem tomadas têm a ver com o que vai
ser reaproveitado e contempla três processos: reciclagem, remanufatura e
separação. Sendo que a separação é o processo mais complexo, pois
envolve decisões do tipo como separar, o que separar, quanto separar,
planejamento de separação, sistemas de separação etc.
Como vocês podem perceber, logística reversa é um novo e amplo mercado a
ser explorado. Para se ter uma ideia, em 1998, estimou-se que nos EUA
ela já era responsável por 0.5% do PIB, o que significa em números de
hoje mais de 70 bilhões de dólares por ano. Um número bastante
expressivo e um grande mercado a ser explorado. Aqui no Brasil ainda não
há números nem tamanho do mercado, mas como é um movimento que cedo ou
tarde as empresas terão de se preocupar, quem chegar primeiro leva
vantagem.
Julianna Antunes é Jornalista, corredora de alto rendimento físico e
baixo rendimento financeiro, pós-graduada em responsabilidade social
empresarial e diretora da Agência de Sustentabilidade, consultoria
estratégica de elaboração e implementação de projetos de
sustentabilidade. E-mail para contato:
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