Refletindo sobre o Marketing Sustentável
Por Julianna Antunes
14/07/2010
Se olharmos o marketing em sua forma clássica, não, ele não é um
processo sustentável. Um processo de negócio que tem por objetivo
estimular o consumo, independente das necessidades das pessoas, vai
contra um dos princípios mais básicos do desenvolvimento sustentável,
que é o consumo responsável. Em tempos de mundo politicamente correto, o
tema é uma boa reflexão sobre a postura das empresas, que, sustentáveis
ou não, querem vender, e da sociedade, sempre ávida por consumo. Já
escrevi aqui sobre o meu descontentamento com a postura do Banco Real,
que desde que virou Santander, tem deixado muito a desejar não apenas em
qualidade, mas em valores relacionados à sustentabilidade. Ética, para
ser mais precisa. E citei uma ação de marketing que ia totalmente contra
os princípios de uma comunicação sustentável. Para quem leu e quer
relembrar o caso, ou para quem não leu e quer saber do que se trata,
aqui está o link: http://migre.me/uXVG. Pois bem, marketing sustentável
não é exatamente o oposto de greenwashing. Greenwashing é uma manobra
para fazer com que a opinião pública veja a empresa como sustentável,
quando, na verdade, ela não é. Marketing sustentável também não é lançar
produtos sustentáveis. Lançar produtos sustentáveis significa que a
empresa encontrou mercado lucrativo dentro do tema, mas as ferramentas
utilizadas para gerenciamento da marca não serão, necessariamente,
sustentáveis. A grande diferença do marketing sustentável está na
comunicação transparente. Ou seja, algo muito distante da realidade da
publicidade ainda nos dias de hoje. Alguém já viu uma empresa anunciar
que mesmo com erros de engenharia ela colocará o produto no mercado até
que um número considerável de consumidores reclame (ou se acidente) e
ela convoque um recall? Ou então que mesmo pagando uma parcela que cabe
no seu bolso, o produto que você está comprando, no final das contas,
custará cinco vezes mais do que se comprado à vista? Uma das táticas
mais eficientes do marketing para criar e fidelizar consumidores desde
cedo é a comunicação com o público infanto-juvenil e as técnicas de
trade para essa faixa etária. De uns anos para cá o assunto vem sendo
muito debatido por órgãos, sociedade e governo. Não foi um movimento
capitaneado pela sustentabilidade, mas tem a ver principalmente porque
trata de um público ainda em formação dos seus valores. Para não
precisar me aprofundar muito no assunto, recomendo leitura de um post
bem interessante do blog da Sam Shiraishi: http://migre.me/N361. Outro
ponto importante para falar do marketing sustentável está nas campanhas
impressas. Poluição visual, geração de resíduos, impacto ambiental...
tudo isso deve ser levado em conta. Não adianta criar material de
divulgação com papel reciclado ou certificado se o destino final for
ruas, bueiros, postes e muros. Em tempos de eleição, a questão deve ser
analisada com calma. Se um candidato emporcalha a minha cidade e não
demonstra a menor preocupação com o meio ambiente, o que de bom ele pode
fazer caso seja eleito? E para finalizar um assunto extenso, que nem de
longe foi abordado plenamente, deixo uma pergunta para refletir. Não
adianta querermos colocar o marketing como o único vilão da história e
culpá-lo pela nossa postura. É claro que as empresas querem venda, mas a
decisão final é nossa. Por isso, quando forem a um shopping, a um
supermercado, uma loja, se questionem: estou comprando isso porque
realmente preciso ou é apenas por impulso?
Julianna Antunes é Jornalista, corredora de alto rendimento físico e
baixo rendimento financeiro, pós-graduada em responsabilidade social
empresarial e diretora da Agência de Sustentabilidade, consultoria
estratégica de elaboração e implementação de projetos de
sustentabilidade. E-mail para contato:
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